Pelo menos três ônibus com bolsonaristas partiram do acampamento golpista de Sorocaba com destino à mobilização antidemocrática em Brasília, onde, no domingo, dia 8, terroristas de várias partes do Brasil, inconformados com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais, invadiram e depredaram os prédios do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto, na Praça dos Três Poderes.
Em vídeo que circula nas redes sociais, gravado no acampamento diante da base do Exército no bairro Santa Rosália, no sábado, 7, um homem não identificado comunica a existência de 20 vagas em um ônibus que sairia no domingo, 8, com destino à Capital Federal, e convoca “caras machos” e “fortes” para “lutar pelo país”. Como? Ele explica: “Há certeza de ir para Brasília e fazer a confusão lá. A festa é amanhã, porra! Precisamos de vocês.” (veja o vídeo)
Imagens publicadas nas redes sociais documentaram a saída dos ônibus de empresas de fretamento da frente da base do Exército, onde os golpistas mantiveram, desde o dia 2 de novembro até a última segunda-feira, 9/1, um bem estruturado acampamento destinado a pedir uma intervenção das Forças Armadas, inclusive com interdições frequentes de uma ou duas pistas da avenida Senador Roberto Simonsen, sem serem incomodados pelas autoridades.
Um vídeo gravado com celular, na sexta-feira, 6, mostra o momento em que um ônibus da empresa Gugatur, de Itu – segundo a pessoa que fez a filmagem, outro ônibus com bolsonaristas rumo a Brasília acabara de descer a avenida — deixa o acampamento. O veículo faz o contorno em frente à base do Exército (veja o vídeo), enquanto as pessoas presentes acenam, desejam boa viagem e invocam a proteção de Jesus para que os golpistas vão e voltem “sãos e salvos, com a vitória garantida” (veja o vídeo).
Até a noite desta quarta-feira, o vídeo ainda estava publicado no perfil DanVitorPH do Twitter, que contém dezenas de posts destinados a defender os terroristas e propagar a tomada do poder pela força.
Outra foto, publicada em um perfil de Twitter que foi removido, mostra um ônibus da empresa Mult, de São Paulo, modelo Marcopolo, placas FGZ-0200, estacionado na avenida Senador Roberto Simonsen, em frente às barracas do acampamento. A foto foi publicada no dia 8 no perfil Áttila Huno, mas na noite desta quarta-feira, 11, ao clicar no link de Twitter distribuído pelas redes sociais, a mensagem automática era de que “esta página não existe”.
Até agora, só existe confirmação de um sorocabano preso em Brasília, durante os atos terroristas. Trata-se de Wellington Luiz Firmino, 32 anos, que gravou um vídeo do alto de uma das torres do Congresso, durante a invasão, e o publicou em suas redes sociais. O nome de Wellington, que postou fotos de sua participação no acampamento de Santa Rosália dias antes, é o único de um sorocabano, até onde se sabe, na lista de detidos, divulgada pelo governo do Distrito Federal.
Uma sorocabana de meia idade, que, segundo consta, é empresária bolsonarista e participou ativamente do acampamento de Santa Rosália, teve sua foto publicada numa das páginas criadas para denunciar os terroristas de Brasília, mas seu nome não consta na lista de presos.
É possível que novas prisões ocorram nos próximos dias, à medida que avancem as investigações instauradas para encontrar e responsabilizar os golpistas da Praça dos Três Poderes. As pessoas detidas em Brasília mantinham intenso contato com grupos de WhatsApp e Telegram, que poderão ser rastreados agora. Além disso, muitos dos que participaram do ataque terrorista incriminaram a si mesmos, postando vídeos e fotos nas redes sociais.
Como denunciar
O Ministério da Justiça e Segurança Pública criou o e-mail: denuncia@mj.gov.br, para receber denúncias sobre pessoas que participaram dos atos terroristas: “Qualquer denúncia ou pista será bem-vinda”, avisa.
Também foi criado um perfil colaborativo no instagram, que recebe e ajuda identificar os militantes golpistas fotografados ou filmados durante os atos terroristas (clique aqui para abrir).
Da mesma forma, a Agência Lupa, no perfil twitter.com/agencialupa, pede a colaboração dos seguidores para montar uma base de dados com postagens antidemocráticas feitas nos últimos dias, nas redes e apps de mensagens, a fim de mapear como foram organizados os atos de vandalismo em Brasília (clique aqui).
*Com informações de Maíra Fernandes e José Carlos Fineis