
Vereador Fernando Dini quer saber por que Prefeitura não fiscalizou o cumprimento do contrato e ameaça até mesmo com uma CPI. Foto: Câmara de Sorocaba
A má qualidade da alimentação oferecida aos atletas de Sorocaba que disputaram os Jogos Abertos do Interior, competição encerrada sábado (15) e realizada em São Sebastião, litoral paulista, pode culminar na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o governo do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos).
Membros da delegação sorocabana que preferem não se identificar, pois temem represálias, afirmam que, por causa das refeições ruins, muitos passaram mal, com sintomas de vômitos e diarreias. Além disso, faltaram alimentos e os que existiam não eram acondicionados de forma adequada.
O serviço de alimentação foi contratado pela Secretaria de Esportes e Qualidade de Vida (Sequav) que, para o período de 3 a 15 de outubro, deveria pagar o valor de R$ 229.887,00. Na sessão legislativa desta quinta-feira (20), o vereador Fernando Dini (MDB) ameaçou: “A Prefeitura ainda não pagou [o contrato], mas se pagar nós vamos abrir uma CPI aqui [referindo-se à Câmara] para apurar as responsabilidades da Secretaria de Esportes”.
As denúncias chegaram à Sequav ainda durante os Jogos Abertos, mas nenhuma atitude foi tomada. Inclusive, há dois representantes da secretaria que deveriam zelar pelo bom andamento do contrato e intervir em caso de irregularidade. Por isso, Dini quer saber os motivos que levaram os servidores a não tomarem nenhuma atitude, mesmo diante de tanto descontentamento explicitamente declarado.
O vereador do MDB fez questão de pontuar, um a um, todos os itens que não foram cumpridos pela empresa contratada. Para se ter uma ideia do descaso, a banana, fruta muito utilizada pelos atletas, pois contém boa quantidade de carboidratos e fornece energia, era servida de vez em quando.
Entre os alimentos faltantes estão: ovos mexidos, pão de queijo, maçã, mamão, melão, creme de milho, couve refogada, abobrinha ao forno com queijo, polenta mole, fritas, bolinho de arroz, berinjela frita, mandioca frita, banana frita, macarrão com brócolis, macarrão alho e óleo, rondelli, nhoque, lasanha, canelone, brócolis, rúcula, agrião, escarola acelga, couve, grão de bico, lentilha e tabule, bem como as sobremesas gelatina, sagu, pêssego em caldas e sorvete.
Os atletas e membros da comissão técnica denunciam ainda que no refeitório não havia ilha de alimentação, balcão térmico e suqueira elétrica. A salada ficava exposta, sem refrigeração, das 11h às 14h, e a comida quente era deixada sobre recipientes com álcool.
Outro absurdo apontado pelos denunciantes e ressaltado na sessão desta quinta-feira (20) pelo vereador Dini é que as refeições – café da manhã, almoço, jantar e ceia – eram servidas com atraso. Assim, muitos atletas foram competir sem se alimentar. Há o caso de um jogador de vôlei que não teve condições de entrar em quadra, pois apresentava forte quadro de vômito.
Fernando Dini também atacou o secretário de Esportes, Pedro Souza. “Para quem não sabe, os Jogos Abertos são o evento mais importante do Estado para o esporte amador e o nosso secretário foi para a França. É lamentável”, afirma. “Férias é direito de todos os trabalhadores, mas não neste momento tão importante como os Jogos Abertos e em que é discutido o orçamento que cada secretaria terá no próximo ano.”
Às 16h56 desta quinta-feira (20), o PORQUE enviou questionamento à Secretaria de Comunicação de Sorocaba. O objetivo era ter um posicionamento da Sequav sobre o caso, mas não houve resposta. Por outro lado, ao Jornal Cruzeiro do Sul, todas as críticas foram refutadas. A Secretaria de Esportes garantiu que eram servidas quatro refeições balanceadas e em quantidade suficiente para fossem repetidas pelos atletas e integrantes da comissão técnica e que o cardápio trazia “todos os componentes nutricionais necessários, elaborado por uma nutricionista, com frutas disponíveis em todas as quatro refeições servidas ao longo do dia, bem como suco de frutas”.