
Reunião entre Urbes, consórcio Mobility, pais de pessoas com deficiência e usuários do transporte ocorreu na quinta-feira, 16. Foto: Fernanda Ikedo
“Faz anos que inscrevi minha filha para conseguir vaga no transporte especial. Disseram que está na lista de espera. Moro no Altos do Ipanema e estou esperando até agora.” Essa foi uma das declarações ouvidas por representantes da Urbes — incluindo o presidente da entidade, Sérgio Barreto — e do Consórcio Mobility, responsável pelo transporte especial em Sorocaba, em reunião com pessoas com deficiência e seus familiares, na última quinta-feira (16).
A reunião ocorreu a pedido da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Sorocaba), pelo projeto Territórios de Potências: Diálogos em Movimento, que ocorre uma vez ao mês. De acordo com um dos coordenadores do projeto, Lucas Souza Leme, que é psicólogo na Apae, os encontros do Diálogos, que são abertos, têm acontecido desde 2021, nos Cras (Centro de Referência de Assistência Social) das comunidades para debater direitos, vivências e demandas das pessoas com deficiência.
“Como o transporte especial é uma demanda muito latente e que atravessa o cotidiano da Apae, resolvemos fazer esse encontro aqui”, explica Leme, destacando que 80% dos usuários do transporte especial são da Apae.
Com outras pessoas que atuam na entidade, nas áreas da saúde, educação e assistência social, Leme recebe reclamações constantes dos problemas do transporte especial. Ausência do ônibus no horário combinado, atrasos de mais de 40 minutos, rampa de acesso do ônibus danificada e fila de espera para conseguir vaga são problemas recorrentes.
Durante o encontro, familiares e pessoas com deficiência relataram situações que, muitas vezes, impedem a efetiva participação dessas pessoas na Apae.
O presidente do Conselho Municipal de Direitos da Pessoa com Deficiência de Sorocaba, Luis Lima, defendeu que o serviço de porta a porta realizado pelo transporte especial em Sorocaba é referência para algumas outras cidades, “porém não podemos nos acomodar porque quando se fala de pessoa com deficiência existem muitas especificidades e não dá para ter embasamento no mercado”.
O presidente da Urbes, Sérgio Barreto, afirmou que o roteiro dos ônibus atualmente é feito a mão, e que está sendo elaborado, por uma empresa contratada pela Urbes, um aplicativo de roteirização, que está entrando em fase de teste. “Isso deve facilitar e trazer melhorias no sistema”, disse. Esse roteirizador foi financiado por emenda parlamentar de vereadores da Câmara de Sorocaba.
Após a informatização das rotas, os usuários deverão receber um link no celular para acompanhar o tempo de chegada do ônibus ou da van. “Isso vai facilitar para que não haja tantos atrasos”, destaca Marcio Viais, um dos integrantes do Comitê de Gestão do Consórcio Mobility, responsável pela empresa Nogueira e Nogueira.
Ao Portal Porque, ele afirmou que o consórcio Mobility executa a escala que recebe da Urbes e que esse aplicativo de roteirização deve ajudar. “Paralelamente a isso, a empresa está com sistema de tecnologia para que o usuário identifique a rota em que ele está cadastrado e consiga saber o tempo do veículo chegar até ele.”
Desmentindo o prefeito
Já foram diversas reuniões realizadas por familiares e pessoas com deficiência na Urbes. Inclusive, um grupo foi até o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) para desmentir a live (transmissão ao vivo) feita por ele em rede social quando disse que tinha zerado a fila do transporte especial (leia aqui).
A própria Urbes contestou a informação divulgada pelo prefeito na época (leia aqui).