Interdição com cones e faixas zebradas ocorre diariamente, no local onde entidades paravam veículos para distribuir alimentos. Foto: cortesia
Todos os dias, as duas vagas de carga e descarga existentes na Rua São Bento, no centro de Sorocaba, são bloqueadas por cones de sinalização. As vagas estão sinalizadas como carga e descarga e ficam bem em frente ao Banco Safra e à Farmácia São Paulo.
De acordo com comerciantes daquela região, os cones são colocados por agentes de trânsito da Urbes, sempre a partir das 17h30. As vagas permanecem fechadas até o início da manhã do dia seguinte, impedindo que os caminhões que levam produtos para o comércio local possam descarregar.
A medida adotada pela Urbes sem o conhecimento dos comerciantes vai contra a Resolução Municipal nº 06/2009, que permite as operações de carga e descarga diariamente entre 20h de um dia e 7h do dia seguinte, inclusive sábados, domingos e feriados.
De acordo com comerciantes ouvidos pelo Porque, a informação é de que a colocação de cones, com faixas zebradas, é para impedir que entidades que distribuem comida para pessoas em situação de rua parem veículos naquele trecho e forneçam sopas e lanches para elas.
Anteriormente havia várias pessoas que dormiam embaixo das marquises dos comércios. “Não é bom ter tanta gente na rua, que infelizmente deixa a frente das lojas e bancos sujos, mas negar alimento também é ruim. Eu acho que é uma medida desumana. Achei que a Prefeitura trabalhava por uma cidade mais humanizada”, ironizou um comerciário.
Se, por um lado, a Prefeitura evita a distribuição de alimentos às pessoas em situação de rua, por outro, ela divulga na mídia local que está agindo por meio de um projeto social chamado “Humanização”, para o acolhimento dessa população.
Um levantamento feito pela Secretaria de Cidadania da Prefeitura em 2020 identificou que 837 pessoas vivem nas ruas da cidade.
A Urbes foi questionada pelo Portal Porque sobre a medida e sobre a estimativa de pessoas vivendo nas ruas, por meio da Secretaria de Comunicação da Prefeitura, mas até a publicação da reportagem não retornou com a resposta, nem para informar se pretendia ou não se pronunciar.
