
Todos os quatro medicamentos receitados pela médica da UPH estavam em falta na noite de terça-feira (28). Foto: Reprodução
Não bastasse a rotina das longas esperas, enfrentadas e relatadas pelos sorocabanos todos os dias, as unidades públicas de saúde de Sorocaba apresentam também a falta de medicamentos considerados básicos, como antibióticos, analgésicos e antitérmicos.
Esse foi o caso da cidadã Maria Teresa Ferreira, que na noite da última terça-feira (28) procurou a UPH (Unidade Pré-Hospitalar) Zona Norte, localizada no início da avenida Itavuvu, pois o seu filho Davi apresentava um quadro de febre alta. Depois de aguardarem por quatro horas, desde a chegada à unidade até a entrada no consultório, a médica diagnosticou infecção na garganta do adolescente.
Com a receita médica em mãos, que prescrevia quatro medicamentos, Maria Teresa se dirigiu até a farmácia da unidade, onde foi surpreendida com a informação de que nenhum dos remédios receitados estava disponível.
Os medicamentos prescritos, e que estavam em falta por volta das 22h, eram o antibiótico Azitromicina 500 mg, o antitérmico e analgésico Dipirona 500 mg, o anti-inflamatório Ibuprofeno 600 mg e o antialérgico Loratadina 10 mg.
“Do que adiantou uma espera de quatro horas, se no momento de começar o tratamento do meu filho não foi possível, pois os medicamentos receitados não existiam na unidade? O mais grave é que não estou falando de remédios de alto custo e sim de Dipirona, por exemplo, o mais básico dos básicos, e na verdade nenhuma das quatro medicações receitadas existia na unidade”, desabafa Maria Teresa, que reside na vila Santana e atua como consultora e palestrante.
Questionada pela reportagem do Portal Porque sobre qual foi a explicação que recebeu para a falta dos remédios, Maria Teresa relatou que o funcionário que lhe atendeu disse que foi um dia de grande demanda de pacientes, o que acabou resultando no esgotamento dos medicamentos.
“Mas como isso pode acontecer? A unidade de saúde não possui um estoque, a Secretaria da Saúde não tem em mãos as estatísticas da média de atendimentos diários e dos remédios mais receitados?”, questiona Maria Teresa, completando: “O que aconteceu comigo e meu filho não é um caso isolado, pois se às 22h não havia mais os medicamentos na farmácia da unidade, certamente os pacientes que passaram depois pelos médicos, e precisaram dos mesmos remédios, também não puderam ser medicados.”
O Porque também questionou a cidadã sobre o que faria para poder atender seu filho, depois de ficar sabendo que a UPH Zona Norte não tinha os medicamentos receitados. “Hoje (quarta-feira) vou com a receita até a UBS do meu bairro, esperando que não seja uma falta de remédios generalizada, mas tenho conhecimento de outros casos semelhantes, como o de uma amiga, que foi atendida na unidade de saúde do Jardim São Guilherme e o medicamento receitado também estava em falta. Ela me disse que nem voltou para pedir ao médico que substituísse por outro, pois o remédio receitado era ótimo para ela e já estava acostumada, e desta forma preferiu ir até a farmácia ao lado para fazer a compra.”
Nesse caso relatado, o medicamento receitado, e que se encontrava em falta no PA (Pronto Atendimento) São Guilherme, era o Decadron (anti-inflamatório e imunossupressor).
A consultora e palestrante fez um último desabafo: ”Sequer água havia para o público na UPH Zona Norte, os galões estavam vazios. Enquanto isso, a Câmara Municipal aprova a criação de mais uma secretaria e 70 novos cargos a pedido do prefeito Rodrigo Manga, que em vez de se preocupar com a cidade e a resolução dos seus inúmeros problemas, está gastando energia e dinheiro para garantir as bases para a sua reeleição.”
Procurada pela reportagem do Porque e questionada sobre os motivos, justificativas e possível solução para a falta de medicamentos na rede pública de saúde, a Secom (Secretaria de Comunicação) da Prefeitura de Sorocaba não retornou resposta até o fechamento desta matéria.
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