
Dinho foi morto aos 33 anos, desarmado, depois de ter a moto roubada e ser confundido com ladrão por uma equipe da PM. Foto: reprodução Facebook/Dinho Vive
A União de Negros pela Igualdade de Sorocaba (Unegro) protocolará, na manhã desta segunda-feira (03), um documento pedindo a anulação do resultado do júri popular que absolveu o policial Romulo Corrêa do crime de assassinato do radialista Milton Expedito do Nascimento, o Dinho.
De acordo com o presidente da entidade, Jorge Henrique Sant’Ana, há equívocos na fala do promotor Marcos Fábio de Campos Pinheiro. Também nesta segunda, às 18h40, haverá um ato em frente à Prefeitura Municipal de Sorocaba, com a mesma pauta de reivindicação.
Conforme o presidente da Unegro — entidade na qual Dinho militava –, as falas do promotor incitaram o júri popular a absolver o assassino, considerando que, em seu discurso, Pinheiro teria informado inverdades para os jurados, como o fato de a moto de Dinho ter sido encontrada na rua em que reside o seu colega de trabalho ou mesmo que o irmão da vítima estaria preso por infrações.
De acordo com a Unegro, a moto foi encontrada em outro endereço e o irmão da vítima se encontra em liberdade.
No dia da audiência, terça-feira (28), amigos e familiares de Dinho reforçaram que essas afirmações eram caluniosas.
Para a entidade, as inverdades ditas durante o julgamento contribuíram para que o júri votasse a favor da absolvição do réu, que matou o radialista desarmado. Apesar de Dinho não estar armado, o júri acatou a tese da defesa do policial militar, de legítima defesa.
A reportagem do Portal Porque, que estava presente na sessão, confirma essas falas do promotor. Ainda na defesa do advogado do réu, esse fato foi fortemente usado e contestado por amigos e familiares da vítima que estavam na plateia.
O próprio promotor, ao afirmar que a moto foi encontrada na mesma rua em que residia um amigo de Dinho que trabalhava com ele na rádio, errou o nome do amigo da vítima diversas vezes, mudando de Thiago para Matheus, o que confundia tanto o júri quanto a plateia.
A intenção da Unegro com a ação é pedir ao Ministério Público que reveja essa decisão, considerando que o próprio promotor que levou o caso a júri popular, no fim da decisão, mudou de ideia argumentando um fato também subjetivo: de acordo com ele, o áudio da ligação de Dinho para o serviço de comunicação da Polícia Militar (Copom), quando da denúncia do roubo da moto, deixava nítida uma fala da atendente que avisaria, aos policiais em serviço naquele momento, que passaria os dados da moto e não das pessoas que haviam roubado.
No entendimento do promotor, como o serviço especializado de polícia não havia garantido que passaria as características dos ladrões, não haveria possibilidade de culpar o policial de ter matado um homem negro, quando as características repassadas à inteligência do órgão eram de crime cometido por dois homens brancos.