
Site Meu Remédio Sorocaba, hoje sem banner ou link na homepage da Prefeitura, indica estoque zero de Cetoprofeno em todas as UBSs. Foto: reprodução
Além dos relatos dos cidadãos que procuram as unidades de saúde de Sorocaba todos os dias, reclamando da falta de medicamentos que são receitados após as consultas e exames realizados, os próprios médicos integrantes da rede municipal estão apontando e confirmando o problema.
Nesta quinta-feira (30/03) a reportagem do Portal Porque teve acesso a relatos de médicos que prestam atendimento nas unidades de saúde da região do Éden, Zona Leste da cidade, expressados por meio de um grupo formado por esses profissionais no aplicativo de mensagens WhatsApp.
Ontem (29/03), o Porque relatou o caso de uma mãe que levou seu filho adolescente, com quadro de febre alta, à Unidade Pré-Hospitalar da Zona Norte, e depois de 4 horas de espera a médica que os atendeu prescreveu quatro medicamentos para inflamação de garganta. A farmácia do local, porém, não tinha nenhum dos remédios, inclusive Dipirona, considerado item básico para o tratamento de febre e dores (leia aqui).
As mensagens trocadas pelos médicos que atendem na rede municipal de Saúde de Sorocaba incluem relatos como “Não temos Diclofenaco IM e nem Cetoprofeno IM”; “Não temos Dipirona também”; “Ondansetrona também não tem”; “Estamos com baixo estoque de Dipirona, Dexametasona e Cetoprofeno EV, Diclofenaco IM e Cetoprofeno IM”, entre outras.
Essa amostragem comprova se não um total desabastecimento na rede municipal, ao menos a falta generalizada e o pequeno estoque de medicamentos essenciais para quadros de doenças que envolvem infecções, inflamações, dores e febre, e que se não forem administrados aos pacientes causarão o agravamento das patologias diagnosticadas.
Estoque zero em todas as unidades básicas
Um dos remédios em falta citado pelos médicos, o Cetoprofeno, é bastante receitado, visto que sua abrangência é ampla. O medicamento pertence à classe de anti-inflamatórios não-esteroides, ou seja, tem efeito analgésico e age diretamente na dor provocada pelo processo inflamatório.
Além disso, o Cetoprofeno é considerado um antitérmico, que controla a febre. É utilizado no tratamento de inflamações no ouvido, nariz e garganta, como otite, sinusite, faringite, laringite e amidalite, daí porque também é empregado em casos de gripe. Também atua no controle de sintomas das doenças reumatológicas, das lesões ortopédicas e do pós-operatório, sendo também prescrito por dentistas nos casos de periodontites, inflamação dentária e após extrações.
A reportagem do Portal Porque pesquisou a disponibilidade deste medicamento em todas as Unidades Básicas de Saúde do município e descobriu que o estoque é zero em todas elas. Ou seja, nenhum dos 33 postos de saúde distribuídos pelas diversas regiões e bairros do município tem sequer uma unidade desse remédio.
Essa pesquisa realizada pela reportagem do Porque foi possível graças a um canal disponibilizado pela própria Prefeitura de Sorocaba, em 2021, divulgado por meio de texto da Secretaria de Comunicação (Secom), publicado em 24 de setembro em seu site e distribuído aos órgãos de imprensa.
Esse serviço, intitulado pelo governo do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) de “Meu Remédio Sorocaba”, pode ser acessado clicando aqui. Ao entrar na página, os munícipes conseguem digitar o nome do medicamento e pesquisar onde há estoque e saber a quantidade, em tempo real, de cada UBS.
De acordo com o material de divulgação distribuído pela Secom na época, para o prefeito Rodrigo Manga, a iniciativa é importante para promover transparência à população, modernizar, cada vez mais, os sistemas públicos e auxiliar os munícipes em sua programação. “Agora, nossos sorocabanos poderão saber, em tempo real, quais medicamentos estão disponíveis nas UBSs. Isso é prova do avanço tecnológico e da melhora e modernização contínua no setor da Saúde em nossa cidade”, afirmou o prefeito na ocasião.
Entretanto, hoje, o site Meu Remédio Sorocaba está escondido no portal da Prefeitura, sem nenhum banner ou mesmo link para que a população possa saber onde tem e onde não tem remédio.