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Trincas e queda parcial de muro ameaçam a capela histórica de João de Camargo

Saae diz não ter verba para manutenção do córrego, reconstrução do muro e recuperação da estrutura; amigos fazem campanha de ajuda à igreja

Davi Deamatis (Portal Porque)
Capela Senhor do Bonfim - João de Camargo
  • Foto: Paula Mendes/cortesia
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  • Foto: cortesia

Em mais uma de suas habituais idas à Capela Senhor do Bonfim, a terapeuta Paula Mendes, devota de João de Camargo, se surpreendeu com as trincas nas paredes e com a queda parcial do muro dos fundos, à beira do córrego da Água Vermelha, na Avenida Barão de Tatuí, 1083, Jardim Paulistano.

O muro não resistiu às águas das chuvas intensas de fevereiro, março e abril, nem às erosões das margens do córrego. Além disso, rachaduras tomaram conta das paredes da igreja. Por isso, um grupo de amigos, sensibilizado com a situação, decidiu promover a Campanha Pizza Solidária. O objetivo é arrecadar fundos para fazer os reparos necessários na Capela.

Por sua vez, o Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), diante do pedido para cuidar do córrego e auxiliar na reconstrução do muro, disse não ter verba para a realização da obra. Já a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Sorocaba não deu resposta às perguntas que a ela foram encaminhadas pelo Portal Porque indagando a respeito das providências que poderão ser tomadas com relação a esse episódio.

Paula destaca a relevância da Capela, criada por Nhô João de Camargo, ex-escravo, líder religioso e milagreiro, a qual é patrimônio histórico tombado, desde 1995, pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Paisagístico de Sorocaba.

No Facebook

Por meio de sua página no Facebook, Paula lançou um apelo público com intenção de obter ajuda à igreja. Ela escreveu: “Independente da sua religião, sua crença, essa capela é sim um patrimônio de nossa cidade que, se não cuidarmos a tempo, ficará só na memória, infelizmente…”.

Ela ilustrou o apelo com fotos das trincas em paredes internas e externas. Isso doeu no coração devotado dela: “Eu venho aqui desde criança. Estou dando continuidade à veneração familiar por Nhô João, especialmente de minha avó e de minha mãe”.

Com esse sentimento e respeito pela Capela, Paula também incitou os poderes públicos: “Gostaria de pedir aos órgãos públicos responsáveis pelo patrimônio histórico e cultural de Sorocaba, que possam ter a consciência de cuidar da nossa Capela de João de Camargo”.

O presidente da diretoria de voluntários que dirigem a Capela, Adriano Ramos Molina, agradeceu a manifestação de Paula: “Recebemos com muito carinho todas as propostas e iniciativas de contribuição para a manutenção da Capela”.

Adriano diz ainda que “a Capela não cobra mensalidades, taxas e tampouco conta com qualquer ajuda do poder público. Todas as manutenções, despesas, contas e salários são mantidos exclusivamente com doações recebidas. É com esses recursos que cuidamos rotineiramente da estrutura da Capela e reparamos qualquer dano, a exemplo das rachaduras. Destacando que ela foi construída há mais de cem anos, de acordo com os recursos e conhecimentos de que Nhô João dispunha à época”.

Estrutura

O historiador Carlos Carvalho Cavalheiro registrou, em seu livro “João de Camargo, o Homem da Água Vermelha (PublisherEditora, 2020), que “aparentemente, a Capela começou a ser construída em 1906 […] em espaço privilegiado, contando com todo o recurso de que ele necessitava. Em especial, a presença de quantidade significativa de água (que deve ter sido usada na construção das paredes originais de taipa) e na possibilidade de uso desse recurso para a construção de uma vila”.

Cavalheiro lembra “que o muro dos fundos é a parte mais antiga da construção da Capela, o que requer maior atenção ainda. E as paredes devem ser emendadas, pois a construção, antiga, veio sendo reformada aos poucos, e provavelmente elas não tenham colunas entre um espaço e outro, como na engenharia de hoje. Por isso, são mais suscetíveis a rachaduras”.

Ajuda

Diante dessas necessidades, associados da Capela, integrantes da Loja Maçônica Fidelidade e Justiça, em parceria com a Pizzaria Quattro Fratelli, realizam a Campanha Pizza Solidária, que segue até 31 de maio, a fim de gerar recursos que possam contribuir com os reparos de que ela necessita.

O representante da Pizzaria, Bruno Noronha, disse que a meta é vender 500 pizzas até o fim da campanha, ao preço de R$ 65 cada uma. As informações podem ser feitas pelos telefones (15) 9985-8243 e 3359-2100. As entregas ocorrem todos os dias, das 18h às 23h.

A campanha tem o apoio de quatro empresas: Vilar Mercado Imobiliário, SIBB Refrigeradores e Ar-condicionado, Escritório São José Despachante Policial e 3 A – Andaimes e Máquinas para Construções.

Poderes Públicos

O presidente da Capela, Adriano, informa que recorreu ao Saae pedindo que a autarquia realize as obras que possam conter a erosão das margens do córrego e cuide da manutenção dele com o intuito de evitar futuros deslizamentos. Pediu ainda que auxilie na reconstrução do muro.

Adriano disse que o Saae alegou “não ter, no momento, verba prevista para essa obra”. O encontro com a diretoria da Capela com a autarquia foi intermediado pelo vereador Fernando Dini (MDB).

Por meio de sua assessoria, Dini comentou: “Nós estivemos em reunião com funcionários do Saae na própria Capela João de Camargo. O Saae afirmou que não faz mais o determinado tipo de manutenção e que para resolver a questão seria necessário canalizar. Como não houve uma previsão de solução, o vereador agora questiona o poder público sobre qual solução será tomada e quando para preservar o local no aspecto citado”.

Erosão preocupa desde fevereiro

O Porque mostrou, em 27 de abril, o drama da moradora Regina Proença, proprietária de um imóvel de 1.760 metros quadrados, na Rua Barão de Piratininga, travessa da Barão de Tatuí, altura do número 900, na margem do córrego.

Em consequência das chuvas, a erosão do córrego venceu a contenção de pedras na margem, que desmoronou. Com medo de que o deslizamento comprometa seu imóvel, Regina vem pedindo ao Saae, desde fevereiro, que refaça a contenção no córrego, mas até o momento não obteve sucesso.

 

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