
Para quem sai do Terminal São Paulo ou do Terminal Santo Antônio, a distância média para a nova rodoviária será de 17 quilômetros, um deslocamento de 43 minutos, sem trânsito. Foto: Canva
Com o argumento de que apresentava à população o projeto arquitetônico da nova rodoviária de Sorocaba, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) voltou a colocar em pauta, na semana passada, o terminal que ele pretende construir às margens do km 106 da Rodovia Raposo Tavares, a 16 quilômetros da atual. O local escolhido pelo atual governo, além de contrariar o que indica o Plano Diretor da cidade, é considerado distante e “fora de mão” por moradores.
Para quem sai do Terminal São Paulo ou do Terminal Santo Antônio, por exemplo, a distância média para a nova rodoviária será de 17 quilômetros e gastará 43 minutos de deslocamento, em horário de entrepico do trânsito. Ambos locais são pontos estratégicos para embarque de passageiros que seguem para São Paulo, justamente por oferecer a conexão entre transporte coletivo municipal e intermunicipal.
Para a fotógrafa Mariana Borghi, moradora do Jardim Faculdade, a Prefeitura está apresentando um projeto que mais parece um shopping do que uma rodoviária. Ela acredita que a estrutura atual poderia ser reformada para continuar sendo usada. “Precisamos de uma rodoviária que seja funcional. Estão tirando a rodoviária de uma região central e jogando na estrada, na divisa de outra cidade. Do terminal até lá são 17 quilômetros. Imagina a pessoa vinda de um bairro longe, cheia de malas, usando o sistema de transporte público precário que temos… Quanto tempo dará de viagem, duas horas? Não consigo enxergar um ponto positivo sequer nesse tal projeto arquitetônico, a não ser para os próprios políticos e envolvidos”, protesta.
A maioria das viagens realizadas hoje partindo de Sorocaba segue para o Leste, onde estão Salto, Itu e São Paulo. Com a rodoviária sendo instalada no lado oposto, ou seja, a Oeste, o deslocamento se tornará muito mais longo e demorado. “Acho o local escolhido para a nova rodoviária muito longe. Isso porque moro próximo a região central. Imagine para quem mora na Zona Norte”, opinou a professora Alessandra Albuquerque.
A contadora e professora do estado Suzana Vaz Rodrigues, moradora da Villa Amato, considera a ideia de instalar a rodoviária na saída oposta à maioria dos destinos oferecidos atualmente um “absurdo e descaso”. “Eu realmente desconheço uma cidade do tamanho de Sorocaba que tenha colocado um deslocamento dessa magnitude para seus cidadãos. Primeiro você faz uma viagem para chegar no terminal rodoviário? Eu realmente desconheço o porquê desse projeto não ter tido uma participação da população. Eles, no mínimo, deveriam ouvir quem realmente precisa.”, critica.
A empresa NTS Projetos e Gerenciamento foi contratada pela Urbes e receberá R$ 1,38 milhão para entregar os projetos da nova Rodoviária, que incluem levantamento cadastral e projetos básico, executivo e complementares. O contrato prevê que todos os projetos estejam concluídos e aprovados até março de 2023, para que seja dado início imediato ao processo licitatório para contratação da obra.
Nova rodoviária vai contra o Plano Diretor
O Plano Diretor de Sorocaba indica a instalação da nova rodoviária em um local onde haja a possibilidade de oferecer a intermodalidade para as pessoas, com objetivo de incentivar o uso do transporte coletivo como o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), por exemplo, que pode usar as linhas de trem que cortam a cidade, além de facilitar a conexão dos passageiros com as linhas municipais e intermunicipais de ônibus.
Entre os locais que se adequam ao que prevê o Plano Diretor como o mais adequado está o entroncamento da Rodovia Castelinho com a Rodovia Celso Charuri, que viabiliza a oferta de infraestrutura e equipamentos coletivos à sua população e aos agentes econômicos instalados e atuantes no município e democratiza o correto dimensionamento e a programação da expansão dos sistemas de equipamentos e serviços públicos, conforme prevê o planejamento de uma cidade em crescimento.