
Segundo o Ministério da Fazenda, cerca de 30 milhões de brasileiros podem se beneficiar do programa de renegociação de dívidas, lançado pelo Governo Federal. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Os sorocabanos estão devendo, juntos, mais de R$ 1,5 bilhão. A cidade tem 1.041.650 de dívidas registradas para um total de 256.303 pessoas inadimplentes. Os dados do Serasa, obtidos com exclusividade pelo Portal Porque, apontam, ainda, que o valor médio dos débitos na cidade é de R$ 5.999.
No Estado de São Paulo, o maior de volume das dívidas é com os bancos e cartões de crédito, somando 33,53% dos inadimplentes. Os débitos com gás, energia e água atingem 23,14%; as inadimplências com o varejo chegam a 7,49%; e as dívidas com telefonia representam 3,24%.
Para estas pessoas, uma esperança de quitar as dívidas e limpar o nome é o programa Desenrola Brasil, do governo federal, que começa a valer a partir desta segunda-feira (17). Segundo o Ministério da Fazenda, cerca de 30 milhões de brasileiros podem se beneficiar nesta etapa (veja mais abaixo).
Uma medida que J.T., auxiliar de compras, pretende usar. Ele explica que deve aproximadamente R$ 6 mil entre cartão de crédito e banco desde 2019. “Tive problemas financeiros, que me levaram a deixar de pagar os cartões de crédito, e para suprir alguns custos fixos, peguei o cheque especial de uma conta antiga”, relata.
Até o momento, J.T. ainda não conseguiu quitar a dívida. “Não sobra dinheiro”, revela ele, que pretende aproveitar o Desenrola Brasil para sair do aperto: “quero negociar com a primeira parcela do 13º salário e quero evitar um parcelamento extenso. Acredito que quatro ou cinco parcelas sejam suficiente”.
Enquanto esse momento não chega, J.T. faz planos para quando estiver com o nome limpo. “Eu tinha pretensão de mudar de casa, mas com o nome sujo é impossível. Nome limpe é pré-requisito para as imobiliárias. Quando conseguir pagar as dívidas, pretendo mudar para uma casa mais nova ou até mesmo financiar minha própria residência.”
A situação do motorista de Uber V.S. é parecida. O débito original era de cerca de R$ 5.5 mil e hoje, com os descontos, está em aproximadamente R$ 1.110. “Cheguei nessa dívida porque saí do meu emprego em 2018 e acabei deixando as contas acumularem”, explica ele.
A inadimplência da V.S. é com telefonia e cartão de crédito. “Ainda não tentei renegociar. O site do Serasa sempre me manda proposta, mas acho que por lá sai mais caro do que direito com a empresa.”
Ele revela também que não entendeu bem o funcionamento do Desenrola Brasil, mas que a meta é limpar o nome ainda este ano. “Queria ter financiado um apartamento, mas ainda não deu. Para o ano que vem, depois de limpar o nome, esse é o plano.”
Bola de neve
As dívidas da preparadora física M.A. são mais altas. Ela deve cerca de R$ 40 mil para dois bancos, valor que se acumulou depois de ser demitida. “Eu ganhava bem e hoje não recebo a metade do meu antigo salário. Então, ainda não consegui ter dinheiro para pagar tudo que devo.”
M.A. não tinha informações sobre o Desenrola Brasil, mas pretende conhecer a proposta. “Está bem difícil, parece que vai virando uma bola de neve, mas eu irei ver sim. Quanto antes terminar melhor”, diz ela.
Entre os planos da preparadora física para quando tiver com o nome limpo estão consertar o carro e ajeitar a casa. “Como não tenho crédito, devido ao nome sujo, eu não consigo consertar o que está quebrado, não consigo usar crédito para nada. Primeiro quero vencer as dívidas e depois fazer essas coisas que preciso.”
Desenrola Brasil
A Faixa 2 do programa Desenrola Brasil, que vale a partir desta segunda-feira (17), abrange a população com renda de dois salários mínimos – R$ 2.640 até R$ 20 mil por mês. As dívidas podem ser quitadas nos canais indicados pelos agentes financeiros e poderão ser parceladas, em, no mínimo, 12 prestações. Também é necessário ter sido incluído no cadastro de inadimplentes até 31 de dezembro de 2022.
Nesta fase do programa, também serão perdoadas dívidas bancárias de até R$ 100. Nesse caso, o nome da pessoa será retirado dos cadastros de devedores pelas instituições financeiras. Segundo o Ministério da Fazenda, com essa medida cerca de 1,5 milhão de pessoas deixarão de ter restrições e voltarão a poder ter acesso ao crédito.
Com informações da Agência Brasil