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Sorocaba monitora 88 áreas com risco de alagamentos, inundações ou deslizamentos

Plano Verão da Defesa Civil, que indica áreas de risco e ações a serem adotadas, não foi publicado pela prefeitura, ao contrário do que ocorria em gestões anteriores

Fabiana Blazeck Sorrilha (Portal Porque)

Áreas estão sujeitas a inundações, alagamentos e deslizamentos. Grande parte delas conta com população residente, mas falta de divulgação do Plano Verão impede população de saber detalhes. Foto: Divulgação

Assim como outras cidades brasileiras, Sorocaba permanece em alerta devido à grande quantidade de chuva registrada durante o mês de fevereiro e previsão de um março bem chuvoso também. Fevereiro foi atípico e chegou a ter quase o dobro da média histórica de chuva registrada para o mês na cidade, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgados pelo Portal Porque (leia aqui). Nesse período do ano, as áreas de risco são as que mais merecem atenção.

Em Sorocaba, existem 88 áreas que precisam ser monitoradas diuturnamente. Essas 88 áreas compreendem 168 locais (ruas) que podem sofrer alagamentos, inundações ou deslizamentos e afetar pessoas, animais domésticos e o cotidiano da cidade. A Defesa Civil divulgou recentemente que monitora todos os 88 pontos, os quais, em sua maioria, contam com população residente, seja de forma legal ou por ocupação.

Todos os anos, antecipando o período de chuva, os servidores municipais que compõem a Defesa Civil elaboram o Plano Verão, com instruções e normativas para evitar ou minimizar desastres naturais. Em gestões anteriores, o documento ficava disponível para consulta da população no site da Prefeitura. Porém, o Plano referente a 2022/2023 não está publicado no site. Quando divulgado, o Plano permitia que a população conhecesse toda a logística de atuação da Defesa Civil em casos de desastres naturais, além de informar os pontos vulneráveis da cidade.

Orientação sobre sinais de perigo

O período da Operação Plano Verão é sempre do 1º de dezembro ao dia 31 de março do ano subsequente, podendo ser prorrogado se as condições técnicas apontarem indícios de risco à população.

Para expor a importância de a comunidade conhecer e participar das ações previstas no Plano Verão, o Porque contou com o auxílio de um especialista na atuação da Defesa Civil que preferiu ter seu nome preservado. De acordo com o especialista, a Defesa Civil, em conjunto com assistentes sociais, tem papel essencial na abordagem das pessoas que moram em áreas de risco, tanto no auxílio emergencial em casos extremos, como também orientando as comunidades sobre como monitorar os locais onde estão e agir de forma rápida, em caso de necessidade.

Por exemplo, se uma pessoa mora próximo a uma encosta ou barranco, nós a orientamos a observar se a árvore que está naquele local está entortando ou se o poste de luz está pendendo para um lado. Se viu isso, chame a Defesa Civil e saia do imóvel imediatamente. Isso é um forte indicativo que o solo está solapado pelo excesso de água e instável, e que pode se desprender. Um desbarrancamento é muito perigoso e leva ao risco de fatalidade, de morte”, assevera.

Integrantes das comunidades locais contribuem diretamente com o trabalho da Defesa Civil por meio dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (Nudecs), que contam com voluntários cadastrados e treinados para colaborar com o poder público.

Áreas de risco ainda habitadas

Segundo o especialista ouvido pelo Porque, Sorocaba possui várias áreas de risco que estão habitadas ainda, como é o caso do Parque Vitória Régia II, próximo à ponte que faz a ligação entre o bairro e a Zona Industrial; também nas proximidades do Parque das Águas, onde ainda há famílias que sofrem com as enchentes do rio Sorocaba, e na Vila Rica, aos fundos da Avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes, exemplificou.

Vale destacar que nem todas as áreas de risco têm moradias atualmente e que algumas foram ocupadas, especialmente em áreas pertencentes ao poder público. “Há áreas de risco que foram ocupadas por famílias que não têm condições de ter uma moradia digna. Ninguém mora numa área que oferece perigo porque quer, mas sim por necessidade. Ali a pessoa cria seus filhos, faz a sua ligação irregular de energia e água e procura viver da melhor forma possível. Mas, no caso de um deslizamento de terra, por exemplo, sua vida corre sérios riscos”, reforça o especialista.

A única solução para evitar problemas causados pelos alagamentos, inundações ou deslizamentos é a retirada das famílias das áreas de risco. Após isso, o correto é o poder público providenciar a demolição dos imóveis e a implantação de parques e áreas verdes nesses locais, com o objetivo de criar áreas naturais de escoamento da chuva.

Não existe outra saída. Se a pessoa mora próximo a uma encosta, por exemplo, não adianta gastar uma fortuna construindo um muro de contenção. É muito mais fácil remover as pessoas, ceder uma área que elas tenham condições financeiras de arcar com, pelo menos, uma parte da sua nova residência e transferi-las para um local seguro. O que importa é a vida”, diz.

O especialista explica que um dos maiores entraves de retirar pessoas de uma área de risco são, primeiramente, questões financeiras relacionadas aos valores que elas receberão por uma desapropriação do seu imóvel, como é o caso das residências próximas ao Parque das Águas.

Nem sempre o valor que a Prefeitura quer pagar é aquele que os proprietários do imóvel julgam ser justo, e isso pode gerar impasses judiciais, adiando a desapropriação de forma indefinida.

Outro fator leva em consideração as famílias não terem condições de arcar com os custos de uma nova residência e, ainda, estarem muito apegadas àquele local onde moraram por anos, mesmo enfrentando as inundações.

Próximo ao Parque das Águas, por exemplo, são famílias que moram lá há 30 anos, que conhecem os vizinhos, e que não querem deixar para trás a sua história de vida, as amizades, e recomeçar num outro lugar. O lado emocional da desapropriação ou retirada dessas famílias também precisa ser levado em consideração”, reforça.

Bairros que possuem áreas de risco

Alagamentos são pontos de acúmulo momentâneo de água por deficiência no sistema de drenagem. Da lista de vias públicas que a Defesa Civil monitora, cem delas podem sofrer alagamentos.

Essas vias estão nos seguintes bairros: Abaeté, Assis, Astúrias, Barcelona, Brigadeiro Tobias, Campolim, Carvalho, Central Parque, Centro, Éden, Esmeralda, Faculdade, Guadalupe, Jardini, Maria do Carmo, Marli/Itapemirim, Matilde, Mineirão, Pelegrino II, Pinheiros, Vergueiro, Piratininga, Refúgio, Retiro São João, Santa Rosália, Santo André, São Bento II, São João, Simus e Vitória Régia II e III.

As inundações acontecem, na maioria das vezes, por transbordamento das águas de um curso d’água (lago, rio ou córrego), atingindo a planície ou área de várzea. Em alguns locais, alagamentos que não conseguem escoar podem se tornar uma inundação se a chuva for volumosa ou constante. Inundações causam mais prejuízos diretamente à comunidade, pois a água pode invadir casas e comércios, trazendo perdas materiais ou perigo à vida.

Na lista de locais que podem sofrer inundações estão cinco ruas do Jardim Abaeté, uma rua da Vila Assis, uma rua da Vila Astúrias, duas ruas do Barcelona, duas ruas em Brigadeiro Tobias, uma rua na Vila dos Dálmatas, uma rua no Parque Esmeralda, uma rua no Jardim Faculdade, uma rua no Genebra, uma rua no Itanguá, duas ruas no Jardim Matilde/Itapemirim, duas ruas no Mineirão, três ruas no Jardim Peregrino II, uma rua no Pinheiros, cinco ruas no Jardim Santo André, nove ruas no Parque São Bento II, seis ruas no Vitória Régia II e outras sete ruas no Vitória Régia III.

Sorocaba também pode sofrer deslizamentos, que ocorrem quando há o escorregamento da terra pela grande quantidade de chuva, que deixa o solo encharcado e fácil de se desprender.

Na lista de pontos de risco da Defesa Civil, há 51 locais mapeados, que estão nos seguintes bairros: Abatiá, Aeroporto, Astúrias, dos Morros, Barão, Baronesa, Barcelona, Brigadeiro Tobias, Central Parque, Dálmatas, Esmeralda, Europa, Haro, Hortência, Ipiranga, João Romão I e II, Marco Antonio, Nova Esperança, Refúgio, Sabiá, São João, Simus I e II, Trujillo e Zacarias.

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