
Nova política de preços substitui a PPI que definia reajustes da gasolina e do diesel com base em simulações sobre o custo de importação dos produtos. Foto: Fabiana Blazeck Sorrilha/Portal Porque
Sorocaba já começa a sentir o impacto positivo na redução dos preços dos combustíveis por conta da nova política de preços praticada pela Petrobrás anunciada oficialmente na terça-feira (16). Desde quarta-feira (17), alguns postos já praticam os novos valores para o etanol, a gasolina e o diesel. A diminuição dos valores do litro de combustível gira em torno de R$ 0,20. Já o botijão de gás de 13 quilos ainda não baixou, conforme apurado pelo Portal Porque, mas deve ter novos preços até o fim desta semana.
No Auto Posto Silva, na Avenida São Paulo, zona leste da cidade, o etanol baixou de R$ 3,89 para R$ 3,69 o litro, conforme informou o gerente Valdemar Felipe Rosa Júnior. O caminhão com o etanol abasteceu o posto na quarta e nesta quinta-feira (18) e o novo preço vindo da refinaria já estava em vigor.
A expectativa é que nesta sexta-feira (19), o caminhão com gasolina abasteça o posto e um novo valor para esse combustível seja repassado ao consumidor. A redução, segundo Valdemar, deve também ficar na casa dos R$ 0,20 o litro. Isso se repetirá com o diesel, conforme explicou o funcionário.
Na zona norte, o Posto Três Poderes, na Avenida Ipanema, ainda não adotou o desconto. De acordo com o frentista Renato da Silva, um caminhão com etanol havia deixado o posto havia alguns minutos e o novo valor passaria a ser praticado na sexta (19). Ele não soube informar de quanto seria a redução no litro do etanol. “O caminhão já chegou da distribuidora com um novo valor para o etanol, que é repassado aos clientes”, explicou. Por lá, o estoque de gasolina também estava no fim e havia expectativa da chegada de um novo caminhão até o término do expediente desta quinta.
No Posto Dez, localizado na Avenida General Carneiro, zona oeste, o novo preço dos combustíveis está sendo praticado desde quarta-feira (17), com redução de R$ 0,20 o litro. Os novos valores adotados no posto são: R$ 3,69 o litro do etanol, R$ 4,99 o litro da gasolina e R$ 5,59 o litro do diesel. Lá, o cliente que baixa o aplicativo da rede de postos tem um desconto a mais no abastecimento, que gira em torno de 5%.
Na zona sul, o Posto Serault, na Avenida Washington Luiz, estava recebendo novo estoque de gasolina na tarde desta quinta (18) e o desconto de R$ 0,25 por litro de combustível, seja gasolina mesmo ou etanol, já estava em prática desde o início da semana, conforme informou um frentista. O preço do litro de etanol está R$ 3,29 e o da gasolina R$ 4,49. O posto não trabalha com diesel.
Valores do gás de cozinha
Distribuidores de gás de cozinha estão na expectativa para praticar os novos valores pós-política de redução de preços do Governo Federal. Na distribuidora Eligás, situada na Avenida Percito de Sousa Queiroz, zona oeste, o botijão de 13 kg está R$ 118 e deve cair para R$ 110 nos próximos dias. No entanto, se for para entrega por motoboy, há um acréscimo de R$ 5 no valor final do botijão.
Já na distribuidora da Rua Epitácio Pessoa, zona leste, o preço do gás nesta quinta-feira era de R$125 e, com um desconto para clientes, saia a R$ 115. A distribuidora ainda não estava praticando a redução do valor no botijão, que deve acontecer a partir da próxima semana.
O que acham os cidadãos
“Ainda não senti impacto do menor preço no etanol, mas acredito que isso acontecerá nos próximos dias, com outros abastecimentos”, comentou Kleber Luís de Almeida, motorista por aplicativo que abastece seu veículo a cada dois ou três dias. Para ele, o melhor seria as empresas dos aplicativos reduzirem as taxas cobradas dos motoristas, que gira em torno de 60% das corridas feitas.
O motorista particular Marcelo Roberto da Silva também ainda não sentiu diferença no bolso na hora de abastecer seu carro. Nem percebeu um valor melhor ao abastecer o carro do seu chefe, mas vê com positividade a mudança que, segundo ele, pode impactar em preços menores também em outras coisas como, alimentação, por exemplo.
Com um modelo de motocicleta flex e abastecendo com gasolina a cada 15 dias, o conferente de supermercado Edmilson da Silva vê com bons olhos a medida do governo. “Rodo 20 quilômetros todos os dias e dou prioridade para abastecer a moto com gasolina. Para o trabalhador, qualquer desconto é muito bem-vindo”, acrescentou.
O que diz o sindicato de donos de postos
A Petrobrás anunciou que o preço da gasolina nas refinarias da estatal iria cair 12,6%, ou R$ 0,40 por litro. O preço do diesel seria reduzido em 12,8%, ou R$ 0,44 por litro. Já o preço do gás de cozinha cairia 21,3%, ou R$ 8,97 por botijão de 13 quilos. No entanto, o repasse para o consumidor depende de políticas comerciais de distribuidoras e postos. No caso da gasolina, parte do ganho será compensado pelo aumento do ICMS, no início de junho.
A nova política de preços de combustíveis substitui a PPI (paridade de importação), que definia reajustes da gasolina e do diesel com base em simulações sobre o custo de importação dos produtos. O novo modelo deixa de considerar o custo de importação e mira a busca por clientes e o custo de oportunidade de venda dos produtos, como já vinha sinalizando o presidente da estatal, Jean Paul Prates. A expectativa é que a mudança contribua para reduzir os preços no país.
Em entrevista à TV Cultura, o presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de São Paulo), José Alberto Gouveia, explicou que nem sempre é possível cumprir com o que foi determinado pela estatal. “Se a distribuidora repassar ao posto de combustível o total que a Petrobrás determinou, sim. Se elas repassam menos, o dono do posto terá problemas para cumprir com as reduções estabelecidas.”
Para o presidente da entidade, é interessante que a categoria acompanhe os preços praticados pelas distribuidoras e o preço dos postos, ao mesmo tempo. “Assim conseguimos saber quem é que fica com o quê, e que não deveria ter ficado”, assevera.
José também lembra que, na conta da redução dos preços praticados deve entrar também os impostos pagos pelos donos de postos.