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Sonho de criança: o que pensa do futuro quem vive na Comunidade Canta Sapo

Médica, mecânico de avião, bombeiro... Na dura realidade atual, crianças dizem o que pensam do futuro

Fabiana Blazeck Sorrilha (Portal Porque)
  • Yuri, Cauã e Davi se aventuram para capturar tartarugas. Foto: Renata Rocha
  • Otávio é falante e aproveita para mostrar a comunidade. Foto: Renata Rocha
  • Murilo faz pose com a bicicleta e ainda vai brilhar nos campos de futebol. Foto: Renata Rocha
  • Samuel se interessou pela câmera fotográfica e, depois, exibe seu cabritinho de estimação. Foto: Renata Rocha
  • Lorena ama jogar basquete, mas pensa em fazer Medicina e ajudar as pessoas. Foto: Renata Rocha

No Dia das Crianças, o Portal Porque foi ouvir o que querem os pequenos de uma das comunidades mais carentes de Sorocaba, a comunidade Canta Sapo. Médica, mecânico de avião, jogador de futebol, “brincar de bicicleta, de caçar de tartaruga”. Cada resposta, um sonho…

Mas a realidade atual é dura. Espremidas entre o córrego da Vila Barão e o Jardim Nova Esperança, as vielas da comunidade são a principal forma de lazer entre a garotada que, desde pequeninos, correm entre as construções inacabadas. Diversão é andar de bicicleta, soltar pipa, como antigamente, ou “caçar” as tartarugas que aparecem no córrego.

No dia da reportagem do Porque, a criançada começa a surgir. Ao verem a máquina fotográfica, elas ficam curiosas e, ao mesmo tempo, tímidas. Em poucos minutos, a Viela 2 está que é “só criança”. Uns mais atirados, outros menos.

Com o alvoroço, mais crianças e mães se juntam ali, para saber o que está acontecendo. Samuel Camargo, de 8 anos, se interessa pela câmera fotográfica e pede para fazer fotos. Depois, muda de foco e vai buscar dois cabritinhos, seus bichinhos de estimação. Perguntado sobre o que quer do futuro, desconversa e mostra os bichos.

Sua irmã, Tyffany, de 11 anos já é mais alta que a média das meninas da sua idade, chega tímida, mas fala com brilho nos olhos que “gosta jogar basquete no time da escola”. Mas conta que prefere “ser médica, para ajudar as pessoas pobres como ela, que não têm nem atendimento direito.”

Otávio, neto de Cristiane Tábata Lessa, se anima com a conversa e resume sua história: fará 6 anos e pretende ser bombeiro. “Pra que eu quero? Pra salvar as pessoas!”, diz o menino. Depois, muda de ideia e diz que será policial.

Aos 12 anos, Wesley dos Santos Souza ainda não sabe o que quer para o futuro e se apressa em dizer que está ainda no 6º ano da escola porque precisou ficar internado depois que, num acidente, bateu a cabeça e se ficou fora da escola. Ele diz que ainda “não quer nem pensar sobre a vida, que prefere andar de bicicleta pelo bairro.”

Os caçadores de tartarugas

Molhados e cheios de risadas, chegam quatro garotos. Questionados onde estavam, respondem: “caçando tartaruga no córrego.” O que fariam com as tartarugas? “Levar pra criar em casa”, responde o maior. Ele é o Cauã Guilherme Marques, de 14 anos, está no oitavo ano e tem o pai como exemplo. A afinidade é grande e ele fala que quer seguir os passos do pai, Cassiano, que é mecânico de avião. “Ele é minha inspiração, um cara legal”.

Murilo Henrique Ferreira Villas-Boas, de 11 anos, está no quinto ano da escola e, sem pensar, diz que quer ser jogador de futebol e que ama o Corinthians. Esbanjando charme para a câmera, diz que não quer ser galã de novela, nem modelo. Só jogar futebol mesmo. E caçar tartarugas…

Yuri Vinícius Ferreira Villas-Boas, de 9 anos, no terceiro ano escolar, diz que quer ser como o pai, pedreiro, mas fica em dúvida quando o amigo diz que prefere jogar futebol… Davi Ferreira Villas-Boas, de 7 anos, está no primeiro ano da escola e define que quer só ser trabalhador mesmo.

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