Duas jornalistas de emissoras de televisão de Sorocaba sofreram agressões durante a cobertura da motociata com comício do candidato à reeleição à presidência da República Jair Bolsonaro (PL), na última terça-feira, 13. O episódio de violência veio a público nesta quinta-feira, 15, por meio de uma nota de repúdio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), junto à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
De acordo com relatos apurados por dirigentes da Regional Sorocaba do SJSP, bolsonaristas desferiram socos, empurrões e atiraram chinelo na direção das duas profissionais, que preferiram não ter a identidade revelada. A violência foi classificada pelo sindicato como “mais um episódio que se soma às inúmeras agressões sofridas por jornalistas, especialmente mulheres, impulsionadas pelo discurso de ódio promovido pelo atual presidente e desferidas por seus simpatizantes”. (leia a íntegra aqui).
Não é a primeira vez que jornalistas mulheres são alvo de ataques durante a cobertura das visitas de Bolsonaro a Sorocaba. Em junho de 2021, o candidato à reeleição gritou com uma repórter da CNN Brasil durante a inauguração do Centro de Tecnologia 4.0, no Parque Tecnológico da cidade. À época, ele foi questionado sobre o atraso da compra de vacinas e o contrato suspeito com a Covaxin, e respondeu que a imprensa faz “perguntas idiotas” e “ridículas”. Ainda, pediu para a jornalista “voltar ao jardim de infância”.
Dois meses após o episódio, o jornalista Reinaldo Galhardo foi agredido em um ato a favor do atual presidente e pelo voto impresso, no Paço Municipal de Sorocaba. Na ocasião, o dono do site Station News foi empurrado e insultado por manifestantes e, ao decidir gravar as agressões, um homem deu um tapa em sua mão e quebrou seu celular. Sensibilizado com a situação, o Instituto Gestão Cidadã (Igeci), mantenedor do Portal Porque, comprou um novo aparelho para que Reinaldo Galhardo pudesse voltar a exercer seu trabalho (acesse aqui).
Em 2021, o Brasil teve recorde de casos de violência contra jornalistas, com 430 episódios de agressões registrados, segundo relatório lançado pela Fenaj. O resultado demonstra um aumento gradual dos casos de violência: em 2020, foram 428 registros e, no ano anterior, 208 ataques a veículos de comunicação e jornalistas. O SJSP e a Fenaj orientam que qualquer jornalista vítima de agressão deve entrar em contato com a entidade de sua representatividade.