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Sarau e homenagens marcam o velório de Zé Bocca, em Votorantim

Artista morreu na quinta, por problemas acarretados por uma pneumonia. Velório e enterro contaram com sarau dos amigos, que emocionou o público presente para a despedida

Maíra Fernandes (Portal Porque)

Imagens: Jesus Vicente/Portal Porque

Amigos, familiares e admiradores do ator e contador de histórias Zé Bocca, falecido nesta quinta-feira (7), em decorrência de complicações de um quadro de pneumonia, manifestaram seu pesar e o susto pela morte repentina do artista. Também realizaram homenagens póstumas durante o velório de Bocca, realizado na Ossel de Votorantim nesta sexta-feira (8), antes do sepultamento.

Com um sarau encabeçado pelos amigos, o corpo do artista foi velado ao som de canções que marcaram a vida e trajetória de Zé Bocca. Emocionados, amigos, familiares, representatividades políticas, movimentos sindicais e fãs de Bocca lotaram o velório da Ossel, durante a manhã e tarde dessa sexta. Nos depoimentos, além do choque pela passagem repentina do artista, lembranças e reconhecimento pelo legado do ator e contador de histórias.

Personalidades políticas, como as vereadoras Iara Bernardi (PT) e Fernanda Garcia (Psol), estiveram no local prestando solidariedade. Reconhecidamente um militante político engajado, também recebeu homenagens dos diretórios regionais do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), representado pelo dirigente Izídio de Brito.

Homenagens

A solenidade de despedida foi marcada por muita emoção e depoimentos sobre o legado do artista. Para o diretor teatral, sindicalista e coordenador-geral da regulação e relação de trabalho na saúde, Benedito Augusto de Oliveira, o Benão, Zé Bocca foi um pioneiro local na difusão da arte da contação de histórias. Não que a atividade não existisse, mas quando ele abraçou o ofício, a realidade brasileira somada ao talento do artista levou Bocca para o panteão dos grandes profissionais do País. “Sem contar que sempre foi um grande ator, ele se reinventou no teatro”, falou Benão emocionado.

Outra referência na oralidade em Sorocaba, José Rubens Incao relembrou o legado de Bocca, tanto no teatro performático, passando pelos bonecos, até chegar no momento da luta abraçada por ele, que foi a de valorização da cultura caipira, como Nhô Juca, e de dar voz aos “invisíveis”. “Ele fez a mistura fina da nossa cultura”, reconheceu.

Para o artista Francisco Chanes, que ultimamente recebia Zé Bocca no projeto Espaço Sorocleta para que desenvolvesse uma outra faceta, a de cozinheiro, fica o talento, a generosidade e a resistência, característica das pessoas “especiais”. “Zé era generoso, responsável com a família e extremamente organizado. Fica o respeito e a saudade”.

Amigos e parceiros próximos, os músicos Marcos Boi e Maurício Toco prestaram suas homenagens tocando e cantando, reiterando a importância da existência de Zé Bocca. Ao longo de mais de três décadas de amizade, reiteraram que estavam perdendo a presença do amigo; mas que sua obra e legado permanecerão para as próximas gerações.

Sobre o artista

Zé Bocca foi ator e contador de histórias, e iniciou sua caminhada na cidade de Sorocaba em 1988, com o grupo Olho da Rua. A partir do ano 2000, desenvolveu uma trajetória de contador de história, levando e buscando palavras por todo Brasil, em apresentações, oficinas e outras trocas. Já se apresentou nos principais eventos e encontros de oralidade no Brasil, também em escolas, presídios, hospitais, ruas, ônibus, universidades, no seu escambo de palavras. Em 2019 lançou pela Editora Aletria, o reconto africano: “O bicho mais poderoso do mundo”.

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