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Recenseadora hostilizada por causa de adesivo do PT conta detalhes da história

Fábio Jammal Makhoul (Portal Porque)

Ainda muito assustada com a violência vivida no dia anterior, a recenseadora do IBGE atacada por ter um adesivo do PT no carro recebeu a reportagem do PORQUE neste sábado, dia 5, em sua casa, e contou os detalhes da história. Apesar do medo que ela sente pelo trauma sofrido, Luana Araújo Viana Milani aceitou gravar entrevista e expor seu rosto na esperança de que sua história evite que outros recenseadores passem pela mesma violência.

Segundo Luana, era quase meio-dia de sexta, dia 4, quando ela chegou num condomínio na zona rural de Araçoiaba da Serra para fazer a pesquisa do Censo 2022. Luana trabalha com seu carro particular, que tinha um pequeno adesivo do PT, do tipo que se cola no peito, grudado no vidro traseiro.

Uma moradora deixou que Luana entrasse no condomínio, mas logo começou a hostilizá-la por causa das diferenças políticas. A recenseadora conta que tentou explicar para a bolsonarista que trabalhava com o próprio carro, mas que estava ali como representante do IBGE e que sua preferência política não influencia no seu trabalho.

Não adiantou. Luana logo se viu cercada por familiares da bolsonarista, que passaram a xingá-la e a hostilizá-la. Ela tentou ir embora, mas o grupo, formado por cerca de sete pessoas, não deixou. Outros moradores se juntaram ao grupo e, embora não tenham participado das agressões, ninguém atendeu aos pedidos de Luana para que abrissem o portão do condomínio para ela ir embora. Àquela altura, ela já tinha desistido de fazer a pesquisa e só queria sair dali.

Os níveis de agressão foram aumentando, com ameaças de chamar autoridades, inclusive um vereador da direita de Sorocaba, para que elas tomassem alguma atitude contra a suposta “irregularidade” do adesivo no carro da recenseadora do IBGE. Por fim, os moradores chamaram a polícia, que compareceu com uma viatura e dois guardas.

Os policiais, no entanto, conforme ela relatou, não liberaram a saída de Luana de imediato. Pelo contrário: foram conversar com os moradores e só depois de cerca de uma hora é que foram ouvir a versão de Luana, segundo ela. Os policiais registraram um boletim de ocorrência no local, mas Luana diz que sequer lhe foi dado conhecimento do conteúdo deste documento.

Depois de mais de três horas de tensão, Luana deixou o condomínio assustada, chegou em casa e sua primeira atitude foi retirar o adesivo do PT do carro. Fechou as cortinas, se trancou em casa e agora digere o trauma que sofreu por causa da intolerância de um grupo de eleitores de extrema-direita.

Confira os principais pontos da entrevista no vídeo.

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