
Movimento conta com apoio da sociedade para assegurar acesso de estudantes sem recursos ao ensino superior. Foto: Reprodução
Estudantes pretos, pardos, indígenas e de baixa renda que queiram concorrer ao vestibular da Fuvest, prorrogado para o próximo dia 7, e sem condições para arcar com a taxa do vestibular, podem se inscrever para ser apadrinhados pelo Movimento Amplia, projeto que garante o pagamento da taxa que está em R$ 191. Na próxima segunda-feira, 03, o projeto irá abrir mais vagas para interessados. Até lá, aqueles que queiram doar para o projeto podem repassar qualquer valor via Pix: contato@movimentoamplia.com.br. A meta é alcançar R$ 20 mil para pagar mais 100 inscrições, aproveitando a extensão do prazo.
Vale ressaltar que essa prorrogação se deu por conta do aumento da procura às vagas da Universidade de São Paulo (USP), se comparado ao ano passado e, justamente, por conta da falta de pagamento dos boletos de uma das mais caras taxa de inscrição do País, que chega próximo a R$ 200.
Até o momento, em duas semanas de campanha, o Movimento Amplia USP (campanha do projeto exclusiva para captar para a Fuvest) conseguiu pagar 383 inscrições, para estudantes de todo o Brasil, que só precisam preencher o formulário e enviar documentos comprobatórios. A meta é que, na próxima segunda, quando reabrirem as inscrições para os candidatos à Fuvest, o montante disponível para a quitação da taxa seja de R$ 20 mil, suficiente para beneficiar mais 100 alunos.
Oportunidade
“Segundo Gustavo Monaco, diretor executivo da Fuvest, entre os motivos para a prorrogação dos prazos está um número relevante de inscritos que ainda não pagou a taxa. Esse fato, somado à maior procura na edição deste ano, mostra um cenário de grande interesse mas também de grande dificuldade de acesso ao direito de fazer a prova. A campanha visa apoiar jovens que não conseguiram a isenção da taxa de inscrição”, explicam os idealizadores do projeto
No vestibular da Fuvest do ano passado, a estudante sorocabana Kelly Cristina de Jesus Silva foi uma das contemplados pelo projeto, com o pagamento de sua taxa de inscrição. Aluna de escola pública, oriunda de cursinhos populares e, desde 2017, estudando para acessar uma universidade pública, reconhece a importância do apadrinhamento. “Me ajudou muito, pois eu, realmente, não ia conseguir fazer a prova se não me pagassem. Principalmente porque a prova é muito cara”, conta ela, que conheceu o projeto por meio da rede social Instagram.
Com o pagamento do boleto, Kelly conseguiu fazer a prova para o curso do Direito, mas hoje é aluna de Engenharia Ambiental na Unesp Sorocaba. “Demorei alguns anos para passar, estudei para o vestibular desde 2017 e só o ano passado passei. Meu sonho era estudar numa universidade pública, então estudei até conseguir”, resume ela sobre o caminho percorrido para sua conquista. Alem de Kelly, outras candidatas e candidatos de Sorocaba e região vem recorrendo ao projeto para conseguir a quitação da taxa de inscrição, seja de vestibulares como a Fuvest, ou mesmo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Sobre o projeto
O Movimento Amplia nasceu em meio às manifestações antirracistas de junho de 2020, motivadas pelos assassinatos de George Floyd (EUA) e João Pedro (RJ). Nesse período, receberam uma notícia impactante: 300 mil estudantes não tinham pagado a taxa de inscrição do Enem. “Sabíamos que, no contexto da pandemia, muitos perderiam a oportunidade de tentar ingressar no ensino superior por falta de condições financeiras. Além disso, também não conseguiram a isenção das taxas de inscrição. Muitos destes estudantes eram pretos/as, pardos/as e indígenas, um reflexo do racismo estrutural da sociedade brasileira”, contam
Partindo dessa realidade, um grupo de amigos apaixonados por educação, inspirados pelo projeto Pretxs no Enem, fez uma postagem nas redes sociais, a fim de conectar pessoas dispostas a pagar por inscrições para candidatos que não tinham conseguido pagar a taxa.
Como explicam, a ação tomou proporções inimagináveis e, em apenas três dias, receberam 53 mil padrinhos e madrinhas dispostos a ajudar, conseguindo, assim, pagar as inscrições de 120 candidatos.
Partindo dessa experiência, resolveram expandir e promover equidade social e racial, por meio da educação.
Até o final do ano passado, o projeto havia apoiado mais de dois mil estudantes de baixa renda com o pagamento de inscrições dos vestibulares da USP, ENEM, UEMA (Universidade Estadual do Maranhão), UFRR (Universidade Federal de Roraima), entre outros.
O projeto contempla, ainda, o Amplia Tecs, que promove inclusão digital por meio da doação de dispositivos digitais (tablets, notebooks, celulares) no País.
Como se inscrever
Para participar, estudantes devem cumprir os critérios estabelecidos pelo Amplia: ser de baixa renda e estar concorrendo a um vestibular para uma instituição de ensino superior pública ou sem fins lucrativos; fornecer o boleto da inscrição e um documento com foto. Todas as informações e formulário no endereço: bityli.com/AxLKIjZy
Como apadrinhar
Para apoiar o Amplia e apadrinhar as inscrições, basta acessar o financiamento coletivo (clique aqui) ou doar qualquer valor por meio do PIX (clique aqui) . Para mais informações: Instagram (clique aqui), LinkedIn (clique aqui) ou Twitter (clique aqui).