Professores da rede municipal afirmaram ao PORQUE que faltaram peças para os kits de robótica nas aulas de capacitação e não tiveram acesso à plataforma on-line, garantida em contrato com a empresa Carthago, que ganhou a licitação para venda dos kits para a Prefeitura.
No contrato assinado em setembro do ano passado entre a Prefeitura e a empresa há a cláusula para fornecimento do acesso a uma plataforma, para todos professores e alunos, em até 15 dias após a ordem de serviço.
Foram dois dias de capacitação (29/3 e 6/4): um para o formador da empresa falar sobre o projeto dos kits do Menino Maluquinho e o segundo para montá-los. “Mas a sugestão é que a gente desenvolva com os alunos na escola em nove etapas”, afirma uma das professoras do primeiro ano do ensino fundamental.
Em depoimento ao PORQUE, a professora afirma que o material pode oferecer riscos às crianças do primeiro ano. “São peças muito pequenas, porcas, parafusos e conectores. Não consideraram que a criança na idade do primeiro ano ainda está com as mãos em desenvolvimento, e tem dificuldade com a coordenação motora fina”, destaca.
Fora isso, ainda ela relatou que o espaço de montagem é muito pequeno para o esquema elétrico. “Até mesmo nós, adultas tivemos dificuldade para montar”, disse.
Outros relatos ouvidos pela reportagem de professores do primeiro e do quinto ano apontam que:
• O material vem contado; se perder algum parafuso, não teria reposição;
• É difícil para encaixar as peças, devido ao corte mal feito das mesmas;
• O caderno de instrução não foi elaborado para crianças. Os textos são complexos e gigantes, com pouco espaçamento entre as linhas, bem difícil de se ler;
• O projeto não terá material diferenciado para estudantes de inclusão.
O Ministério Público está apurando, por meio de inquérito instaurado, a licitação feita pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Educação e que custou R$ 26.289.966,70 ao governo municipal, após representação do então presidente do Conselho Municipal da Educação Alexandre da Silva Simões. (Ver reportagem publicada no dia 25 de março)
No começo deste mês, a vereadora Iara Bernardi (PT) fez uma outra representação direcionada ao Ministério Público de Contas com foco na licitação. Se for acatada pelo MP, poderá ser juntada a representação ao inquérito. Leia aqui.
A Prefeitura de Sorocaba foi contatada pelo PORQUE, por meio da Secretaria de Comunicação (Secom), na manhã de segunda, 11, mas até o final da noite desta terça, 12, não havia dado nenhuma resposta aos problemas apontados pelos professores.