
Moradores das ruas João Wagner Wey, Lituânia e Manoel de Castro Afonso participam de audiência pública na Câmara para debater o tema e protestam. Foto: Divulgação
A Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de Sorocaba promete dar uma resposta, até esta sexta-feira (30), aos moradores do Jardim Pagliato e adjacências sobre o parecer técnico que autorizou a construção de um empreendimento de grande porte naquela região e que desrespeita o Plano Diretor Municipal para Zonas Residenciais 1 (ZR1).
A promessa foi feita pelo secretário da pasta, Glauco Fogaça, durante a audiência pública realizada na noite de quarta-feira (28), na Câmara de Vereadores. O encontro contou com a presença dos moradores, que levaram cartazes em protesto contra a construção das torres do Residencial Premium.
Durante a audiência, os moradores puderam manifestar suas preocupações e ressaltaram que, se nada for feito, o bairro receberá um conjunto de prédios composto por três torres que totalizam 210 apartamentos e um edifício garagem de três andares numa área entre as ruas João Wagner Wey, Lituânia e Manoel de Castro Afonso.
O empreendimento desrespeita, segundo os moradores, a condição de ZR1 do bairro por ser uma construção multifamiliar e por poder chegar à altura de, pelo menos, 30 metros. Pela lei, a ZR1 só permite unidades unifamiliares com altura máxima de três pavimentos.
O Portal Porque já havia relatado o desrespeito ao Plano Diretor de Sorocaba e as ações dos moradores para barrar a construção dos prédios em 11 de junho (clique aqui para ler esta matéria na íntegra).
‘Plaquinhas não adiantam nada’
Um dos impactos que preocupa os moradores vai se somar à lentidão do trânsito que já acontece por excesso de veículos que transitam pelo bairro, especialmente nos horários de pico. De acordo com uma moradora, nos últimos anos a Rua João Wagner Wey recebeu outros dois empreendimentos de grande porte, além do Premium Pagliato: o Residencial Salamanca, com 704 apartamentos, e o Residencial Evolution Muraro, com 192 apartamentos. Somados, são 1.106 apartamentos e a expectativa de mais de 3.300 moradores na região, sem investimentos nem na mobilidade urbana, nem em redes de esgoto ou de energia elétrica, por exemplo.
Diante disso, Glauco Fogaça prometeu que levará as demandas referentes ao trânsito da Rua João Wagner Wey ao secretário de Mobilidade Urbana, Carlos Eduardo Paschoini, bem como adiantou que a Rua Augusto Lippel será ligada à Rodovia João Leme dos Santos, a fim de desafogar o trânsito. “Estamos negociando a doação das áreas particulares para que a ligação viária se concretize”, acrescenta.
O Porque questionou os responsáveis pelo empreendimento sobre quais são as obras previstas para reduzir os impactos ambientais. A resposta foi que os empreendedores investem cerca de R$ 2 milhões em melhorias públicas, como o recapeamento do asfalto em cerca de 1.600 metros de extensão na Rua João Wagner Wey, desde o novo viaduto sobre a Rodovia Raposo Tavares até a Avenida Washington Luiz; implantação de conjunto de semáforos na confluência da Rua João Wagner Wey com a Rua Lituânia e sinalização de trânsito vertical e horizontal nas vias da região.
Um morador, no entanto, criticou a proposta da construtora dizendo que “não adiantava instalar plaquinhas de trânsito, se o problema é de escoamento de veículos”.
Os munícipes também citaram que a rede de esgoto do bairro está sobrecarregada e que, em alguns locais há o retorno de esgoto das caixas de contenção, espalhando sujeira pelas ruas e até pelas residências. “É o esgoto a céu aberto que vaza das caixas de contenção. A gente passa com o carro por cima e leva a sujeira para dentro das nossas garagens. Isso é um problema sanitário”, reclama uma moradora.
Glauco Fogaça admitiu que a rede de esgoto foi prejudicada quando a Rodovia Raposo Tavares foi duplicada. Ele prometeu que a Prefeitura fará melhorias. “O Saae já tem o dinheiro para as obras de ligação da rede de esgoto próximo da Leroy Merlin”, afirma.
Empreendedora alega melhorias
Questionada sobre o fato de os moradores do bairro não aprovarem a construção do residencial, os responsáveis pelo empreendimento disseram que, com base na legislação do Poder Público, a construção foi autorizada e que toda mudança, mesmo trazendo melhorias e qualidade de vida, incomoda algumas pessoas.
Disseram ainda que, levando em consideração as milhares de famílias moradoras na região, o grupo de insatisfeitos está em mínima proporção. Por fim, os empreendedores disseram que estão de portas abertas para explicar as vantagens do empreendimento e o que será entregue aos compradores.
Quem participou?
A audiência foi solicitada pelos moradores do Jardim Pagliato ao vereador Ítalo Moreira (PSC) e teve a participação de autoridades e especialistas. Além de Ítalo, que presidiu a audiência, a mesa principal foi formada pelos também vereadores Iara Bernardi (PT), Fernanda Garcia (Psol) e Dylan Dantas (PSC), presidente da Comissão Especial de Revisão do Plano Diretor.
Outros participantes foram o secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, Glauco Fogaça; o advogado dos moradores, Spencer Leite; João Guariglia, da Associação Comercial de Sorocaba; Sérgio Reze Jr. e Sérgio Reze, moradores do bairro.