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Prefeitura corta serviço e obriga caminhões limpa-fossas a despejar dejetos em Salto

Saae suspendeu coleta de efluentes dos caminhões-tanques de empresas privadas, depois da série de denúncias do Porque sobre o despejo ilegal de esgoto nos rios e córregos da cidade

João Maurício da Rosa (Portal Porque)

Com a pressão dos empresários, o Saae recuou e anunciou que vai retomar o serviço de coleta de efluentes das empresas privadas a partir desta quinta-feira. Foto: Canva

A Prefeitura de Sorocaba interrompeu o serviço de recolhimento de dejetos dos caminhões limpa-fossas da cidade e está obrigando as empresas do ramo a despejar os resíduos em Salto. O corte no serviço ocorreu, justamente, depois da série de reportagens publicada pelo Portal Porque, que revelou o despejo irregular de esgoto nos córregos e rios de Sorocaba, praticado pelo próprio Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto).

No caso dos resíduos recolhidos pelos caminhões limpa-fossa, o material era despejado nas Estações de Tratamento de Esgoto da Zona Norte. Em vez de encontrar uma solução menos agressiva ao meio-ambiente, o Saae simplesmente cortou o serviço, deixando as empresas sem opção e obrigando-as a levar os dejetos até Salto.

O corte do serviço revoltou os empresários do setor de limpeza de fossas, que ameaçaram fazer uma carreata de protesto, em visita à Câmara de Sorocaba nesta terça (23). Com a pressão, o Saae recuou e anunciou que vai retomar o serviço de coleta de efluentes das empresas privadas a partir desta quinta-feira (26).

“Com a suspensão da coleta pelo Saae, o custo da limpeza de fossas ficou muito caro e os clientes estão adiando o serviço, causando acúmulo de efluentes e comprometendo todo o ambiente”, argumenta o empresário João Daniel Lopes, há nove anos no ramo.

De acordo com Lopes, o despejo dos dejetos das empresas privadas vinha sendo realizado na Estação Elevatória do Vale da Oxidação no Distrito do Éden. De lá, o esgoto era transportado até as Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) Pitico e Itanguá, localizadas na Zona Norte de Sorocaba.

Sem a opção do Vale da Oxidação, os caminhões estão sendo obrigados a transportar os efluentes até Salto, onde descartam os resíduos na empresa privada Sanetrat Saneamento, especializada no tratamento e destinação de efluentes residenciais e industriais.

“Então, além de aumentar o custo do transporte, também tem o custo do descarte, encarecendo bastante o serviço para o cliente”, comenta Lopes. Segundo ele, a maioria dos clientes é composta por condomínios residenciais e empresas de Sorocaba que fazem uso de fossas sanitárias.

O encarecimento do custo do descarte também pode motivar as empresas a dar uma destinação criminosa aos efluentes. “Não é o caso da maioria das empresas regulares, mas sabemos que existe descarte ilegal em córregos prejudicando todo o serviço de despoluição do rio Sorocaba”, reflete Lopes.

O Portal Porque vem denunciando o descarte ilegal de esgoto nos córregos que deságuam no rio Sorocaba ou diretamente no leito do rio desde junho passado quando funcionários do Saae filmaram um flagrante de um caminhão privado despejando esgoto no córrego Itanguá, na Zona Oeste.

Mas, o próprio Saae também está despejando esgoto nos rios através de extravasores instalados pela autarquia para eliminar o excesso de efluentes quando a tubulação não suporta o volume produzido pelas residências.

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