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Piso dos professores deve ser proporcional à jornada de trabalho, afirma Apeoesp

Não aplicação do piso, que teve reajuste no último dia 16, tem gerado questionamentos por parte de professores

Paulo Andrade (Portal Porque)

Piso foi aumentado de R$ 3,8 para R$ 4,4 mil (reajuste de 14,9%) por meio de portaria do ministro da Educação. Foto: Aline Ponce/Pixabay

O piso salarial dos professores é referente à jornada de 40 horas semanais. Em caso de jornada menor, como é o caso de creches e educação infantil, o valor é proporcionalmente menor também.

A proporcionalidade do piso em relação à jornada de trabalho foi confirmada ao PORQUE por dirigentes da Apeoesp (sindicato estadual dos professores), tanto da sede em São Paulo quanto da subsede de Sorocaba.

O novo piso salarial dos professores, de R$ 4.420,55, anunciado pelo Ministério da Educação (MEC) na segunda-feira, 16, tem gerado dúvidas na categoria da região de Sorocaba. O PORQUE recebeu reclamação de professoras do ensino infantil e fundamental de Votorantim, que entendem que a Prefeitura deveria pagar o piso, o que não ocorre.

A Prefeitura de Votorantim, ouvida pelo PORQUE, argumentou a legalidade do salário proporcional a jornada. Em nota ao portal, a Prefeitura informou que “a jornada dos professores do Ensino Fundamental no município é de 35h semanais. Por sua vez, os professores da Educação Infantil trabalham 27h semanais”, o que justificaria o salário menor do que o piso, que é para 40 horas semanais.

Sobre a atualização dos salários do magistério em Votorantim para o novo valor definido pelo MEC, a nota da administração ao portal esclarece que “a secretária da Educação, Suad Aparecida Ribeiro Oliveira, vai se reunir em breve com a prefeita Fabíola Alves para definir os novos valores”.

Em Sorocaba, quem deu informações em nome da Apeoesp foi Paula Penha. Em São Paulo foi Roberto Guido, diretor de comunicação e membro da executiva estadual do sindicato.

Reajuste de 14,9%

O aumento de R$ 3,8 mil para R$ 4,4 mil representa um reajuste de 14,9% no piso. O novo valor foi assinado pelo ministro Camilo Santana dia 16 e já foi publicado dia 17 no Diário Oficial da União (DOU), por meio da portaria nº 17.

De acordo com explicação do MEC ao PORQUE, o respaldo técnico para o reajuste é o indicador Valor Anual Mínimo por Aluno (VVAF-MIN), que é calculado pela Secretaria de Educação Básica (SEB), de acordo com os dois anos anteriores (2022 e 2021).

“Dessa forma, seguindo o ordenamento jurídico pertinente e por entender que a valorização dos professores é fator determinante para o crescimento do País, o MEC homologou a nota técnica elaborada pela SEB, com cálculo do VVAF-MIN para este ano, e elevou o novo Piso do Magistério 2023 para R$4,420,55”, informa o ministério.

Existe uma preocupação dos educadores em relação ao piso pelo fato da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) ter orientado os gestores municipais, pelo segundo ano seguido, a não pagarem os salários determinados pelo governo federal para a categoria.

O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, chegou a dizer à imprensa esta semana que “por mais que entendamos como importante” o piso salarial “inviabiliza a educação no Brasil”.

Inversão de valores

Roberto Guido, da Apeoesp, classifica como “lamentável” a postura do presidente da CNM. “Ele está marcando posição do conservadorismo, pregando o descumprimento da lei. É típico da inversão de valores desse segmento. Estimulam prefeituras a contratarem shows por milhões de reais, mas negam recursos para a educação.”

Ainda segundo o dirigente da Apeoesp, o piso nacional para os professores é uma luta histórica que existe desde a época da constituinte, durante a qual deputados construíram a Constituição de 1988.

“A desvalorização da categoria é mais grave no estado de São Paulo, pois desde 2016 o governo vem trocando reajuste nos salários por subsídios, causando graves perdas para o magistério”, afirma o dirigente do sindicato.

Guido diz que o reajuste de 14,9% confirmado pelo governo Lula para este ano é positivo para a categoria e defende que a jornada de 40 horas por semana deve levar em conta que 1/3 dela é referente ao trabalho fora da sala de aulas, para correções de provas, preparação de aulas, etc”, alerta o dirigente.

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