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Pesquisa do Ministério da Saúde encontra 27 tipos de agrotóxicos na água de Sorocaba

“Efeito coquetel” das substâncias preocupa especialistas e pode, a longo prazo, causar doenças como câncer

Portal Porque

Tratamento da água não consegue retirar pesticidas, que acabam sendo consumidos pela população. Foto: Secom/Prefeitura de Sorocaba

Sorocaba é uma das cidades do Brasil com maior número de agrotóxicos na água consumida pela população. De acordo com pesquisa do Ministério da Saúde, a água consumida pelos moradores da cidade tem 27 tipos de agrotóxicos diferentes. As informações são resultado de um cruzamento de dados realizado pela Repórter Brasil a partir de informações do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), com testes feitos em 2022.

As detecções ocorreram em amostras de água de diferentes redes de abastecimento dos municípios. Por exemplo, na cidade de São Paulo, cinco agrotóxicos foram encontrados na água da Sabesp, responsável por prover a maior parte do município. Na amostra de água de Votorantim, foram encontrados 22 tipos de agrotóxicos. Ibiúna também teve 22 tipos de agrotóxicos detectados. São Roque teve 25 tipos. Todas essas cidades, assim como Sorocaba, são abastecidas pela Represa de Itupararanga, na seguinte proporção: Ibiúna 100%, Votorantim 92%, Sorocaba 74% e São Roque 32%.

Não houve casos de concentração acima do limite permitido para cada agrotóxico analisado. No entanto, a quantidade de agrotóxicos achada em cidades como Sorocaba preocupa especialistas, já que pode provocar o chamado “efeito coquetel”.

Uso excessivo de pesticidas na agricultura

A origem do problema é o uso excessivo e indevido dessas substâncias, que ocorre em maiores quantidades em regiões rurais, mas também no paisagismo nas cidades. As estações de tratamento não conseguem retirar os agrotóxicos da água na concentração encontrada no Brasil. Assim, a melhor solução é evitar a contaminação.

Para Cassiana Montagner, pesquisadora da Unicamp o risco é maior quando o consumo é contínuo, ou seja, quando a presença das substâncias na água persiste ao longo dos meses e anos. Nesses casos, 15 dos pesticidas encontrados estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, disfunções hormonais e reprodutivas. “O ideal seria não detectar, ou seja, não encontrar nada. Mas quando há a detecção, ainda que em concentrações menores que o valor máximo permitido, os governos deveriam tomar ações para evitar que esses agrotóxicos apareçam por longos períodos de tempo”, complementa a pesquisadora.

O Portal Porque enviou questionamentos ao Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Sorocaba e aguarda posicionamento da autarquia para incluí-lo na matéria.

Para ler mais a respeito, acesse: https://reporterbrasil.org.br/2023/10/27-agrotoxicos-sao-detectados-na-agua-consumida-em-sao-paulo-fortaleza-e-campinas/

 

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