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Padre Júlio Lancellotti participa de debate sobre desigualdade social no SMetal

Retomada do Ciclo de Debates do SMetal contou com representantes de diversos movimentos sociais e sindicais, que discutiram como as instituições podem auxiliar no combate à desigualdade

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Padre Júlio Lancellotti defendeu com veemência o engajamento de todos os movimentos organizados na luta pela “superação da desigualdade”. Foto: Foguinho/Imprensa SMetal

O padre Júlio Lancellotti participou da retomada do Ciclo de Debates do SMetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região), realizado nesta segunda-feira (3). Com o tema “Como as instituições podem auxiliar no combate à desigualdade social?”, a atividade reuniu representantes de diversos movimentos sociais e sindicais, na sede do SMetal.

Além da participação do padre Júlio Lancellotti, o debate contou ainda com a presença do presidente do SMetal, Leandro Soares; do secretário de organização da entidade e ex-vereador Izídio de Brito; da presidente da Cufa Sorocaba, Drika Martim; e do fundador da Soro Invisível, Hugo Bruzi.

Durante a palestra, que ocorreu de forma virtual, o padre defendeu com veemência o engajamento de todos os movimentos organizados na luta pela “superação da desigualdade”, que inclui não somente direitos fundamentais, como moradia e alimentação, mas também acesso à cultura, educação de qualidade, saúde, entre outros.

Júlio Lancellotti enfatizou ainda que o termo “garantir o mínimo de dignidade” não existe e que a luta dos movimentos sociais deve ser por dignidade. “O que é o mínimo de dignidade para quem tem fome? Para quem está sem agasalho, sem roupas, sem vestuário, sem água, sem terra, sem teto, sem condições de vida digna?”, questionou.

Ele criticou que, muitas vezes, as chamadas “políticas públicas” atacam os efeitos e esquecem das causas. “Temos que esquadrinhar bem todo esse sistema e toda essa política, que o Papa Francisco chama de uma política e economia de morte, para uma política e uma economia de vida. Garantindo condições de acesso à Justiça, acesso à educação, acesso à saúde, acesso à alimentação, a tudo aquilo que as pessoas necessitam para ter a alegria de viver e condições de vida.”

E concluiu: “Não é um plano que vai ser a curto prazo, mas há medidas que podemos tomar a curto prazo. É um projeto histórico, de transformação, que deve ser maior do que somente propostas de um governo político, mas propostas da comunidade, da sociedade e que devem permanecer e pautar toda a luta política.”

Retomada do Ciclo de Debates

Segundo Leandro Soares, presidente do SMetal, dar visibilidade e unificar as lutas de instituições locais que defendem políticas em prol da dignidade humana foi um dos objetivos desta edição do Ciclo de Debates, que marca a retomada da atividade.

“Reafirmar o nosso compromisso do combate à fome, à miséria, por um país mais digno e justo, com geração de emprego, distribuição de renda. É isso que nós defendemos e é o que nós iremos dar continuidade, fortalecendo as ações do governo federal, que tem esse compromisso histórico de fazer com que o país novamente saia do mapa da fome, produzindo riquezas e distribuindo renda”, afirmou.

Leandro abordou ainda a condução do SMetal frente ao BAS (Banco de Alimentos) que, há 15 anos, trabalha pelo combate à fome e insegurança alimentar na cidade. E falou também do trabalho do Ceadec (Centro de Estudos e Apoio ao Desenvolvimento, Emprego e Cidadania), responsável, principalmente, pela criação e organização de redes de catadores de materiais recicláveis em diversas cidades do Estado de São Paulo e do país.

Na abertura da atividade, Silvio Ferreira, secretário-geral do SMetal, lembrou ainda das campanhas promovidas pelo Sindicato, como Natal Sem Fome, que teve início em 1994, e de Arrecadação de Agasalhos, que está sendo finalizada neste ano com número significativo de doações.

Ele enfatizou também a importância do trabalho realizado pelas lideranças presentes. “Quando a gente tem ausência do Estado, precisamos de companheiros e companheiras como os presentes para oferecer melhor condição de vida a quem precisa.”

Política higienista sorocabana

Responsáveis por ações que mudam a vida da população em situação de rua e moradores de periferias, Drika Martim, da Cufa Sorocaba, e Hugo Bruzi, da Soro Invisível, criticaram a política higienista implantada em Sorocaba.

“Nós precisamos avaliar a real situação da nossa cidade, que não é exemplo de cidade para ninguém. Quem conhece a periferia, quem conhece a fome de quem vive em Sorocaba, a miséria dessas pessoas que vivem nessa cidade, pode garantir que ela não é exemplo para ninguém”, disse Drika Martim.

Ela contou que, a partir de parceria com algumas entidades, como o SMetal e o Soro Invisível, é possível não só trabalhar o emergencial, como a distribuição de alimentos, mas também realizar o acolhimento às pessoas atendidas pela Cufa. “Levar comida é o primeiro movimento para garantir dignidade a essas pessoas, depois, praticamos a escuta. As nossas ações são longas, precisamos não só atender, mas permanecer, para efetivamente entender o que acontece naquela favela, naquela rua”, contou.

Hugo Bruzi lembrou que, se hoje as entidades têm focado bastante no combate à fome, é porque a miséria voltou a assolar os lares dos brasileiros com o retrocesso que foi o governo Bolsonaro. “Mas, às vezes, esquecemos de todos os outros direitos. Essas pessoas não querem só que a fome seja suprida, elas querem moradia, trabalho, dignidade.”

Ele criticou ainda a falta de dados e informações sobre o suposto programa do governo Manga de combate à desigualdade social, que tem espalhado outdoors pela cidade com uma propaganda de cidade humanizada, o “HumanizAção”.

“Quando você escuta as histórias dos moradores de rua da cidade e vê a política do atual prefeito, é uma política totalmente sórdida, desumana, que interna compulsoriamente as pessoas. E qual a política pública efetiva que temos de moradia para população de rua? Nenhuma”, condenou.

Levantamento de informações

Para suprir a falta de dados, Izídio de Brito propôs que fossem integrados subsídios da saúde e da educação públicas, criando um banco de informações sobre a real situação da população sorocabana. “As informações estão aí e precisam ser utilizadas para, efetivamente, pensarmos políticas públicas em prol da transformação da vida dessas pessoas.”

E completou: “Precisamos aproveitar o momento da reconstrução e da retomada do levantamento de dados a nível nacional, para criar um plano a curto, médio e longo prazo, para que possamos colocar a real necessidade dos sorocabanos no orçamento municipal, interligando com a saúde, educação e a cidadania”.

Ao final da atividade, foi definida a criação de um grupo de trabalho para buscar ações locais concretas para o segundo semestre de 2023 e também para a elaboração de um estudo demográfico sobre a situação da população sorocabana, especialmente as pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social.

*Com informações do SMetal

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