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Padre Flávio sugere ações para Prefeitura ocupar vagas oncológicas na Santa Casa

Paulo Andrade (Portal Porque)

O padre Flávio apresentou a prestação de contas da Santa Casa ao Conselho Municipal de Saúde na última quarta-feira, 26. Foto: Paulo Andrade

O gestor da Santa Casa de Sorocaba, Padre Flávio Miguel Jorge Júnior, sugeriu, em entrevista ao PORQUE, que o governo municipal contrate uma equipe para cadastrar munícipes na rede estadual de tratamento oncológico e promova uma campanha de orientação sobre exames para detectar a doença em seu estágio inicial. Atualmente, a Santa Casa dispõe de 150 vagas mensais para tratar vários tipos de câncer.

Padre Flávio explica que, durante meses, foi difícil preencher a meta de 150 atendimentos mensais, pois muitos moradores da região [48 municípios] com diagnóstico ou suspeita de câncer não estavam cadastrados na Rede Hebe Camargo. E só mediante esse cadastro a Santa Casa pode atender esses pacientes.

Mesmo hoje, segundo o gestor, depois que a prefeitura autorizou a própria Santa Casa a fazer o cadastro, “em alguns casos”, ainda há dificuldades em atingir a meta. Por isso, o Hospital acaba recebendo pacientes de outras regiões, como Campinas, Grande São Paulo, Caraguatatuba, entre outras.

“Se não atingirmos a meta regularmente, corremos o risco de perder as verbas que nos possibilitam tratar 150 pacientes por mês, fazer 800 cirurgias e 15 mil sessões de quimioterapia”, esclarece. A verba mensal que a Santa Casa recebe para essa finalidade é de R$ 2 milhões, sendo R$ 1,3 milhão do estado R$ 700 mil da União.

Para atingir as metas de exames e consultas e garantir que os recursos fiquem em Sorocaba, o padre sugeriu que o governo municipal contrate uma equipe “de 15 a 20 pessoas para trabalharem na regulação municipal da Secretaria de Saúde”, a fim de ajudar nas consultas das Unidades Básicas de Saúde (UBS), digitalizar dados, cadastrar pacientes, cuidar de agendamento e encaminhar. “Iria desafogar a parte administrativa nas UBSs, porque estão sobrecarregadas”, afirma.

Outra sugestão do padre “é a prefeitura dar uma alerta à população, fazer uma campanha pública recomendando exames e tratamento precoces”. “O câncer tem pressa”, diz o gestor. “Hoje está provado que 90% dos tipos de câncer, quando o tratamento é iniciado logo, são curáveis.”

O gestor esclareceu que essa campanha deve incentivar exames que podem detectar tumores em estágio inicial, como Mamografia, Papanicolau, Colostomia, Endoscopia, entre outros.

Prefeitura

A entrevista foi concedida pelo padre após ele apresentar, na noite de quarta-feira, 26, ao Conselho Municipal de Saúde, uma detalhada prestação de contas da Santa Casa nos dois primeiros quadrimestres deste ano.

O secretário municipal de Saúde, Cláudio Pompeo Chagas Dias, estava presente à reunião do Conselho e o PORQUE tentou ouvir a opinião dele sobre as sugestões do administrador da Santa Casa. O secretário, no entanto, afirmou que a Secom (Secretaria de Comunicação), do governo Marga, não o autoriza a falar com o PORQUE.

A reportagem também tentou contato com a Secom, via e-mail, na tarde do dia 27, mas até às 17h de sexta-feira, 28, não obteve retorno.

Já o padre disse à reportagem que uma de suas sugestões, a da contratação de equipe de agendamento, surgiu após uma pergunta de Izídio de Brito Correia, membro do Conselho de Saúde, sobre o que fazer para facilitar o acesso das pessoas aos serviços oferecidos pela Santa Casa.

Conselho de Saúde

O conselheiro Izídio disse ao PORQUE que considera “ótimas as sugestões do padre”. “Seria muito bom se o prefeito Manga gastasse menos tempo e dinheiro em autopromoção e investisse mais nas informações úteis à população, como é o caso dessa campanha de incentivo ao exame e tratamento contra o câncer sugerida pelo gestor da Santa Casa”, afirmou o conselheiro da Saúde, que também é diretor do Sindicato dos Metalúrgicos (SMetal) e ex-vereador.

Milton Sanches, também conselheiro da Saúde, afirmou que também é favorável às propostas, mas observou que, em sua apresentação, o padre Flávio disse que sempre é bem atendido pelo atual secretário da Saúde.

“Eu não poderia ser contra o aumento de funcionários proposto pelo padre, preferencialmente por concurso. Mas, em caso de urgência como é o cadastro de câncer, podemos compreender a contratação via Organização Social (OS). Com certeza essa equipe daria mais rapidez no serviço de encaminhamento de pacientes”, afirma Milton, que também é diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Saúde da Rede Privada de Sorocaba e Região.

“Sobre a campanha pública de orientação aos munícipes, concordo em gênero, número e grau. Existem algumas campanhas, como o Outubro Rosa, mas é pouco. A Prefeitura deveria investir muito mais na comunicação sobre saúde pública”, conclui Milton.

Parceria com o Gpaci

O padre informou ao Conselho que está fazendo uma parceria com o Gpaci para que, em 2023, equipes dos dois hospitais percorram as cidades da região para esclarecer sobre o tratamento precoce contra o câncer e a necessidade de inserir os pacientes na Rede Hebe Camargo.

A Rede Hebe Camargo de Combate ao Câncer (RHCCC), criada em homenagem à apresentadora de TV vitimada pela doença, é de iniciativa do governo de São Paulo e tem por objetivo organizar o atendimento de pacientes na rede pública de Saúde.

Padre Flávio Miguel Jorge Júnior administra a Santa Casa há cinco anos. Um ano antes, em 2016, ele fez parte do Conselho do Hospital no período de transição, antes da gestão passar definitivamente para a responsabilidade da Irmandade.

O gestor ressaltou ao Conselho de Saúde que a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba faz questão de dar satisfação pública sobre sua administração e que os números e valores estão disponíveis no portal da instituição (leia aqui). 

O administrador, que atendeu prontamente à reportagem, finalizou a entrevista fazendo o seguinte comentário: “Um abraço ao PORQUE. Sempre acompanho. Parabéns pelas reportagens, que vocês fazem com muita transparência e ouvindo sempre os dois lados, o que é muito importante”, afirmou o padre.

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