
Para a entidade, nível maior da Represa de Itupararanga deve ser mantido em 823 metros, para não faltar água em épocas de maior consumo. Foto: Renata Rocha
A represa de Itupararanga encerrou o mês de agosto com 64% de sua capacidade de volume de água. O percentual representa que seu nível está em 820 metros, ou seja, dentro dos padrões normais para essa época do ano e bem acima do denominado “volume morto”, quando atinge somente 20%, ou menos, de sua capacidade de armazenamento. Mesmo com uma quantidade de água considerada normal, há uma preocupação: Itupararanga conseguirá atender a demanda de água da população durante o verão de 2024?
É da represa de Itupararanga que vem 85% da água consumida em Sorocaba e, desde a crise hídrica vivenciada em 2014, é recorrente a preocupação dos órgãos colegiados gestores dos recursos hídricos e da sociedade civil em relação ao nível do reservatório.
A queda do nível do reservatório de Itupararanga, ora devido à operação (vazão defluente) por parte da empresa CBA, ora por escassez de chuva, é um tema que desperta constantemente a atenção da sociedade, que vê com preocupação como o reservatório conseguirá atender a todos estes usos múltiplos, sem comprometer o ecossistema e o uso principal que é o abastecimento.
De acordo com a ong SOS Itupararanga, o nível seguro da represa, que é de 823,83 metros, permite tanto evitar ou minimizar crises de falta de água ao longo do ano, quanto se precaver em casos de chuvas extremas como as decamilenares, que são raríssimas. Com isso, as cidades que ficam a jusante, ou seja, abaixo da represa, não correm riscos de colapso.
A CBA esclareceu à entidade que a regra operativa que está sendo aplicada, desde o dia 10 de janeiro deste ano, foi criada para garantir que o reservatório não alcance mais a cota mínima de 817,50 metros, ou seja, quando a represa entra em seu volume morto para o fornecimento de água.
Atenção ao uso racional
A redução dos volumes de chuvas ao longo dos anos, comprovada pelos dados da série histórica de chuvas da região, evidencia a necessidade de ser melhor calculada e controlada a vazão atual do reservatório para os múltiplos usos de suas águas, conforme alerta a ong SOS Itupararanga, entidade ambientalista e sem fins lucrativos, fundada em 2000, com sede em Ibiúna, que tem por objetivos promover a preservação das águas da represa e auxiliar no processo de desenvolvimento sustentável da região por ela coberta.
De acordo com a SOS Itupararanga, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba consome 1.950 litros de água da represa, por segundo, para atender a população. São usados 6 mil litros de água da represa, por segundo, para a geração de energia e manutenção da fauna do rio Sorocaba. A represa também é usada para a irrigação agrícola nas proximidades.
“O uso racional da água da Itupararanga, que evita desperdícios e vazamentos, é mais do que necessário para a segurança hídrica da cidade”, alerta Viviane Rodrigues de Oliveira, diretora executiva da ong.