Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), realizada no ano passado, o Brasil possui 18,6 milhões de pessoas de 2 anos ou mais com algum tipo de deficiência, o que corresponde a 8,9% da população. Os dados fazem parte do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Do total de pessoas com deficiência (PCDs), mais da metade são mulheres, com 10,7 milhões, o que representa 10% da população feminina com deficiência no país. A controladora de acesso Eliana Antunes Rodrigues, 27 anos, está incluída nesta lista. Ela se tornou uma PCD há três anos e sete meses, depois de um acidente de trânsito sofrido em fevereiro de 2020.
Neste 21 de setembro, Dia Nacional da Pessoa com Deficiência, Eliane concordou em compartilhar um pouco da sua história com o Portal Porque e ainda contar como conseguiu superar um trauma tão grande, que mudou radicalmente a sua vida.
Sua trajetória foi alterada depois que um carro vindo na contramão pegou sua motocicleta de frente, fazendo com que ela tivesse a perna esquerda amputada violentamente, além de sofrer fratura exposta na mão e no braço esquerdo.
O trauma vivido por Eliana foi tão grande que lhe custou dois meses de internação no Conjunto Hospitalar de Sorocaba. “Do local do acidente entrei no hospital direto para a cirurgia e fiquei quatro dias na UTI. Perdi muito sangue e fiquei muito fraca”, conta.
No período em que ficou internada, foi contaminada por uma bactéria que causa meningite e que a fez voltar para a UTI com embolia pulmonar e pneumonia. Como o quadro de saúde só piorava, Eliana precisou ser entubada e passou sete dias em coma, com medicações para que o corpo reagisse.
Guerreira, ela reagiu e voltou para o quarto, mas muito fraca. Com a onda de Covid-19 assolando o mundo, precisou ficar em isolamento, sem receber a visita daqueles que mais amava. O saldo desse tempo todo no hospital é de sete cirurgias.
Amor e força para superar
Ao voltar para casa, a rotina de Eliana passou a incluir sessões constantes de fisioterapia na Rede Lucy Montoro, que reabilita pessoas com deficiências físicas transitórias ou definitivas.
Foi na instituição que recebeu uma prótese que a fez ganhar a liberdade para voltar à sua rotina e incluir coisas novas em sua vida, como as quadras de futebol. Atualmente, Eliana faz parte da equipe da Asfa (Associação Sorocabana de Futebol para Amputados) e ainda pratica a modalidade do vôlei sentado para PCDs
Ela atribui o apoio da família como a grande fonte de amor que a fez superar tudo o que o trauma tinha trazido. Além disso, o nascimento de uma sobrinha, a Lívia, somou mais força ao processo de voltar a viver. “Minha família foi e sempre será o meu tudo. Em meio à tempestade, sempre foram eles que me apoiaram”, reforça.
Hoje, Eliana é uma das atletas do time de futebol feminino para amputadas. “Foi no futebol que recomecei minha vida, encontrei uma motivação para voltar a fazer tudo o que quero. Há dois anos eu achava impossível, diante de tudo que tinha acontecido. Agora, comecei a usar a palavra gratidão”, afirma.
Ela tem como meta pessoal ajudar outras pessoas a voltar a ter fé na vida, a acreditar e que, sim, existe vida após um trauma.
Vôlei adaptado feminino e masculino gratuito
O vôlei sentado é uma modalidade inclusiva destinada às pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida. Em Sorocaba, os treinos são realizados, todos os sábados, das 14h às 16h, na Avenida Ipanema, 5.010, zona norte. Se você conhece alguém que possa e queira participar, entre em contato pelo Instagram da Sorocaba Futebol de Amputados ou pelo telefone (11) 98723-4572