Há cerca de quinze dias, munícipes que precisaram de remédios repassados por meio da Unidade Básica de Saúde do Parque Laranjeiras (UBS-Laranjeiras), encontraram dificuldades para garantir, pelo menos, cerca de 20 medicamentos que eram para estar à disposição da comunidade, gratuitamente. A denúncia foi feita ao PORQUE pelo conselheiro de saúde da unidade, Jorge do Talento Afro, que afirmou que irá notificar o Conselho Municipal de Saúde e os vereadores sobre a situação.
De acordo com Jorge, que foi checar in loco a denúncia dos pacientes, a orientação recebida é para que eles se encaminhem para outras UBS’s, mesmo sem a certeza de que encontrarão o que procuram. “O problema é que muitos são idosos e não têm como ficar fazendo essa busca pelos medicamentos”, conta ele, exemplificando que uma das denunciantes, identificada como Vera, é idosa e mora ao lado da UBS. Porém, quando ela não encontra no Laranjeiras, fica sem a medicação, pois não tem condições de se locomover para outras unidades.
O PORQUE procurou a Secretaria de Saúde (SES), por meio da Secretaria de Comunicação (Secom), para saber a versão da Prefeitura de Sorocaba sobre a denúncia e obter alguma orientação aos munícipes; no entanto, até o momento, e como tem ocorrido há tempos, a comunicação oficial do município não responde aos questionamentos da população, repassadas por meio do PORQUE.
Medicamentos essenciais
Conforme as denúncias dos munícipes ouvidos pelo PORQUE, os medicamentos que constam na lista de faltantes na UBS são considerados essenciais, como, por exemplo, amoxicilina, ibuprofeno, paracetamol, insulina e outros. Mas, quando são muitos, como acontece com o manobrista Alexandre Dantas Mota, 41, a compra dos medicamentos pesa no bolso do paciente. Ele, que teve um quadro de pneumonia recentemente e foi até a unidade, com o receituário em mãos, não conseguiu encontrar amoxicilina e ibuprofeno. Para o seu tratamento, ele precisou investir R$ 110 com a compra dos produtos. “Só encontrei dipirona lá”, contou Dantas, sobre a disponibilidade da UBS quando foi procurar os remédios.
Mota reforçou, ainda, que além do problema em não encontrar medicamentos essenciais, existe o que ele classifica como “descaso” do corpo médico e profissionais, que parecem não se importar com a situação do paciente. “Nem olham na cara da gente; quando passei, nem me examinaram direito”, denunciou.
Josefa Ribeiro da Silva, 57, é cuidadora dos pais idosos e também não conseguiu encontrar os medicamentos deles na UBS do Laranjeiras. Isso, segundo ela, não se trata de um caso isolado, mas vem ocorrendo há tempos. “Diversas vezes fui ao posto e não encontrei o remédio do meu pai e nem a insulina da minha mãe. Esses dias me deram a caneta, mas não tinha a agulha. Vira e mexe não tem o que a gente precisa”, falou ela que, nesses casos, costuma percorrer outras UBSs, do modo que pode, a fim de garantir as medicações. “Mas quando não acho, como tem ocorrido, eu tenho que dar um jeito de comprar.”