
Uma das reivindicações é que o valor mínimo da corrida seja elevado dos R$ 5,87 atuais para R$ 10. Foto: Jackson David/Pixabay
Motoristas por aplicativos de todo o Brasil estão se organizando para fazer uma paralisação geral por 24 horas a partir da zero hora da próxima segunda-feira, dia 15 de maio. O objetivo é garantir mais direitos trabalhistas, a fim de evitar atitudes abusivas das empresas que gerenciam os aplicativos. Entre as reivindicações, estão melhores condições de trabalho, como aumento nos repasses recebidos pelas corridas, garantias de um seguro de vida e de saúde, além de maior proteção contra assaltos e violência urbana.
Em Sorocaba, prestadores de serviços ouvidos nesta terça-feira pelo Portal Porque disseram que estão inclinados a aderir à paralisação.
De acordo com o divulgado por representantes da categoria em redes sociais, o movimento será silencioso e a orientação é para que os motoristas desliguem os aplicativos, numa forma de chamar a atenção das empresas.
A maioria dos trabalhadores que atuam em plataformas de aplicativos é considerada autônoma, o que significa que eles não têm acesso a benefícios trabalhistas, como férias remuneradas, licença médica remunerada e pensão. Eles também exigem maior transparência nas decisões algorítmicas das empresas em relação à definição de tarifas e à alocação de viagens.
Além disso, esses trabalhadores reivindicam tarifas justas que lhes permitam obter uma renda sustentável. No chamamento para a paralisação, a categoria pede o reajuste do valor mínimo da corrida, hoje em R$ 5,87, para R$ 10. Os motoristas solicitam também que o valor do quilômetro rodado, hoje entre R$ 1,19 e R$ 2, também seja reajustado em R$ 2. Outro ponto é a cobrança de um adicional por cada parada solicitada durante a corrida. Hoje, o motorista não recebe nada a mais pelas paradas.
Protesto e prejuízo
“Todos têm o livre arbítrio. Quem quer parar, pare. Quem quer trabalhar, trabalhe”, comenta Alexandre Andre Magnatti Lopes, motorista por aplicativo de Sorocaba.
Já o motorista Marcelo Simão, também de Sorocaba, diz que já calculou o quanto vai perder num dia parado, mas disse que vai aderir ao movimento grevista. “Nesse dia vou gastar R$100,00 de aluguel do carro que uso e deixar de ganhar, mais ou menos, R$ 250,00. Provavelmente terminarei o dia com um déficit de R$ 350 a R$ 450. Mesmo assim vou parar, sei que haverá milhares que não pararão, mas não posso obrigá-los a aderir à paralisação”, explicou.
“Sempre fui contra paralisação porque os que fazem corridas só para complemento de renda não param, mas, dessa vez, eu paro. A Uber tá fazendo os motoristas de palhaço”, disse o motorista Marcelo Rodrigues.
As empresas Uber e 99 foram procuradas pelo Portal Porque para se manifestarem mas, até o momento, não retornaram as ligações, nem mensagens deixadas. Se assim o fizerem, o Porque acrescentará a posição delas nessa matéria.
Grupo de trabalho no governo federal
Dar melhores condições de trabalho a quem é motorista por aplicativo é uma questão que tem sido discutida com o governo federal, que pretende apresentar uma proposta para regulamentar as relações de trabalho por meio de aplicativos ainda no primeiro semestre, conforme declarado em março pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.
No dia 1º de maio, o presidente Lula instituiu um grupo de trabalho para elaborar uma proposta de regulamentação das atividades de entregadores e motoristas de aplicativo. O decreto foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).