
Terreno particular gera problemas para os moradores devido ao matagal que propicia a aparição de animais peçonhentos; pessoas em situação de rua circulam pelo local e há ainda receio de assaltos. Foto: Renata Rocha (Portal Porque)
Moradores da Rua Major Silvério, na Vila Gabriel, foram obrigados a fazer uma vaquinha para pagar a limpeza de um terreno particular em situação de abandono, o que tem gerado transtornos, principalmente, para quem mora em frente ao local. Devido ao mato alto formado pela falta de manutenção, eles enfrentam problemas como medo de assaltos no período da noite, presença de pessoas em situação de rua e a proliferação de animais peçonhentos, como escorpiões e aranhas, além de baratas e caramujos.
O morador Josué Siqueira conta que os vizinhos já entraram em contato com a Prefeitura de Sorocaba e com a proprietária para informar sobre a situação atual e os transtornos gerados pela falta de limpeza, porém, não obtiveram uma solução, e acabaram tendo de que arcar, por meio de uma vaquinha, com o pagamento de um roçador para dar fim ao problema, temporariamente.
Josué relata que a proprietária costumava fazer uma pequena limpeza no terreno. Contudo, um pouco antes do início da pandemia de covid-19, ela não apareceu mais. O principal problema para ele é o risco de assaltos, principalmente, no período da noite, devido à altura do mato no terreno, que fica em frente a sua casa.
“Para guardar o carro na garagem ao voltar do trabalho e para minha esposa, que chega em casa sozinha à noite, no momento de abrir o portão, é perigoso”, explica.
O roçador contratado pelos moradores começou a fazer a limpeza na tarde desta terça-feira (19) e deve terminar dentro de três ou quatro dias, cobrando o valor de R$ 400. Há ainda a despesa com a caçamba, cujo aluguel custa em torno de R$ 300.
Além de todo o lixo encontrado, como papéis, potes plásticos e embalagens de alimentos, Josué, que estava acompanhando o trabalho do roçador, disse que também encontrou panos e roupas que, possivelmente, eram usados por pessoas em situação de rua que se trocavam e dormiam no local.

Moradores encontram roupas jogadas no terreno durante a limpeza. Foto: Renata Rocha (Portal Porque)
Célia Regina Totta Brunelli, que também mora próximo ao terreno, conta que denuncia a situação para a Prefeitura há anos. As mais recentes foram feitas no meses de janeiro e junho deste ano. A moradora afirma já ter entrado em contato até mesmo com a Ouvidoria, porém, a resposta é sempre a mesma: que foi aplicada uma multa e que a Prefeitura não pode realizar a limpeza do local.
Célia ainda relata que, recentemente, ao jogar o lixo no container, que fica em frente ao terreno, encontrou uma pessoa, aparentemente drogada, defecando em meio ao matagal. Ela afirma que já tentou falar com a proprietária por ligação diversas vezes, mas não obteve sucesso.
Segundo a moradora, na semana passada, ela tentou ir, inclusive, à casa da proprietária e conversou com seu pai. Ele foi até a casa da filha, que mora ao lado, mas disseram que ela não estava. Célia diz que explicou a situação ao pai. “Falamos que ela [proprietária] teria que vir [ao terreno], pois a situação estava grave, com gente se escondendo no mato. O pai disse que iria comunicá-la, mas não tivemos resposta nenhuma”, conta.
Josué relata que o terreno já está há, no mínimo, quatro anos nessa situação, sem um retorno da proprietária ou da Prefeitura, o que indigna o morador. “Pagamos IPTU caro e a Prefeitura não se responsabiliza”, afirma.
Sem resolução da Prefeitura
A última denúncia feita por Célia foi no dia 29 de junho deste ano, por meio da qual ressaltou que a proprietária não atendeu às intimações. Por isso, solicitou que fossem tomadas as penalidades previstas em lei. No dia 5 de julho, a Seplan (Secretaria de Planejamento e Gestão) respondeu que a proprietária havia sido multada e que, caso o auto de infração não fosse atendido, seriam adotadas as penalidades previstas em lei. Porém, salientou que a Prefeitura não realiza a limpeza de terrenos particulares.