
Com os fios de cobre furtados, clínica de saúde teve de arcar com prejuízos de manutenção e de falta de energia. Foto: Cortesia
Comerciantes e moradores do bairro Vergueiro, região do centro expandido de Sorocaba, convivem com a insegurança mesmo depois de inúmeros apelos às forças de Segurança Pública municipais e estaduais e aos vereadores. Furtos e roubos fazem parte do dia a dia e já se tornaram comuns, mas nunca serão aceitos como normalidade por quem vive ou trabalha no bairro. Diante da falta de ação efetiva das autoridades em ajudar a comunidade, eles se revezam na vigilância.
A insegurança na região também tem sido amplamente divulgada pela imprensa, inclusive pelo Portal Porque. Entre janeiro de 2022 e 29 de julho deste ano, foram registrados 196 casos de furtos e roubos de cabos de energia elétrica em imóveis residenciais, prédios públicos, comerciais e industriais de Sorocaba. Os dados foram obtidos pelo Portal Porque junto a uma fonte ligada ao Conselho Municipal de Segurança Pública (Comsep). Foram cerca de 10 casos por mês. Leia a matéria completa aqui.
Os delitos no Vergueiro são cometidos tanto durante o dia quanto à noite. Fios de cobre de caixas de energia elétrica arrancados, arrombamentos em lojas para furtos de equipamentos eletrônicos e até mesmo o roubo de um celular que estava sobre um balcão de uma doceria, na presença de funcionária, estão entre os casos ocorridos. Há uma semana, uma câmera de segurança de um comércio flagrou mais uma ocorrência: um homem furtou fios de cobre de uma clínica de estética na rua Capitão Nascimento Filho, às 5h de um sábado. Dois dias depois, foram furtados fios de cobre, desta vez numa clínica de saúde, na rua José Mesquita Sobrinho.
Além do prejuízo de consertar a fiação e a caixa de força, o comerciante ficou também com o prejuízo de um dia de trabalho perdido por falta de energia. O medo de ser novamente assaltado ou, ainda, de quem será a próxima vítima, cresce.
Sem apoio da GCM e PM
Em grupos de WhatsApp, moradores e comerciantes tentam cuidar uns dos outros e evitar ações criminosas. Eles compartilham os casos de furtos e fotos de suspeitos, propagando as funestas novidades entre eles, como o local em que aconteceu e o horário aproximado. A orientação dentro do grupo é registrar boletins de ocorrência para, quem sabe, conseguir que as autoridades olhem por eles. De acordo com os próprios moradores, as rondas só acontecem quando há ocorrências registradas.
A “ronda” feita pelos próprios moradores acontece mesmo durante a madrugada, com os vizinhos acordados, de olho em câmeras de segurança e atentos a qualquer barulho diferente. Na madrugada de sexta-feira (11), novo susto. Os cachorros de uma casa latiram e chamaram a atenção dos moradores. Sim, havia uma movimentação suspeita de um homem, visto pela câmera de uma das casas. O morador resolveu sair e espiar a rua, ato de coragem que acabou por “espantar” a pessoa suspeita. Isso foi às 3 da madrugada. “Seria o prenúncio de mais um furto?”, comentou a moradora que também estava “de plantão”.
“Qual seria o prejuízo de entrarem em nossas casas e empresas? Ou fazemos alguma coisa ou todo dia teremos um resto desses e ficamos na roleta russa, sem saber quem será o próximo”, comentou uma comerciante.
Eles contam que já tentaram implantar o Programa Vizinhança Solidária no bairro, mas a iniciativa requer a participação da maioria — e nunca conseguem, de fato, que isso aconteça. Então agora a estratégia cogitada é se unirem para pagar “do bolso” uma empresa de segurança particular para fazer rondas pelo bairro, já que, nas conversas no WhatsApp, se manifestam reclamando da ausência de rondas da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal.
A reportagem do Portal Porque entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) solicitando um posicionamento para as queixas dos moradores e aguarda o retorno. Também entrou em contato com a Secretaria de Comunicação (Secom) da Prefeitura de Sorocaba, solicitando um posicionamento da Guarda Civil Municipal (GCM) mas, como de costume, aquela pasta não atende as solicitações da imprensa do Porque.