
Pequeno grupo de manifestantes faz barulho, atrapalha aulas e intimida pessoas que passam pela av. Senador Roberto Simonsen, em Santa Rosália. Foto: cortesia/João Bertoletti
]As manifestações golpistas que ocorrem deste o começo desta semana em frente à base regional do Exército em Sorocaba, em Santa Rosália, tem causado transtornos não apenas a quem precisa passar pelo local, como também aos estudantes da escola estadual Prof. Júlio Bierrenbach Lima, que fica próxima ao tumulto.
Conforme o PORQUE noticiou ontem, as manifestações barulhentas estão interferindo até mesmo nos velórios da Ofebas, que fica ali perto (leia aqui).
Em denúncia ao PORQUE, alunos relataram que está impossível ouvir o conteúdo das aulas e mesmo acessar ou sair do prédio, e alguns têm perdido ônibus por conta da confusão nos arredores. Há, ainda, pais que optaram em não mandar os filhos às aulas, temendo por sua segurança. Após as denúncias, a vereadora Iara Bernardi (PT) acionou as forças de segurança para que intervenham na situação.
De acordo com o relato do presidente do grêmio estudantil da escola, João Bertoletti, o bloqueio nas ruas tem evitado a livre passagem da população e muitos estudantes estão faltando às aulas, temendo algum tipo de reação dos manifestantes bolsonaristas que pedem intervenção militar por não terem aceitado o resultado das urnas no último domingo, 30, que deram a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT, como novo Presidente da República.
“Quando passei por eles gritei: fora Bolsonaro!, e eles vieram atrás de mim, mas não houve agressão física; pelo menos não comigo”, contou o estudante.
Conforme Bertoletti, nesta quinta-feira, 3, quando saiu da aula, por volta das 21h, as duas vias estavam bloqueadas com cones e a presença de viaturas.
Além do tumulto nas ruas, o barulho é outra reclamação dos estudantes: “Atrapalha as aulas, não dá para ouvir nada, só eles gritando e buzinando o dia todo. Os alunos estão com medo de ir para a escola e serem agredidos pelos manifestantes extremistas”, resumiu, afirmando que os professores e funcionários estão preocupados e acompanham se os alunos estão chegando bem e seguros à unidade escolar.
“É perceptível que está prejudicando, porque não dá pra uma escola de 830 alunos ter mais de 200 faltas em um dia, por exemplo. É evidente que está ocorrendo faltas e a culpa é dos protestos e bloqueios, que são dentro da cidade também, e estão prejudicando diretamente a população”, criticou.
Para chegar em casa
Outra aluna, 15 anos, que preferiu manter a identidade em sigilo por segurança, considerando que o pai corrobora com os atos golpistas, contou que muitos estudantes foram prejudicados nesta semana por conta da mobilização dos bolsonaristas, principalmente para chegar em segurança até suas casas, além do barulho. “Na sala de aula só dava para ouvir o barulho deles, chegou a atrapalhar não só os estudantes, mas professores também, e ainda estávamos fazendo provas.”
De acordo com ela, na quinta-feira, 3, na hora de ir embora, muitos alunos que pegariam um ônibus até o terminal não conseguiram chegar a tempo, por conta da obstrução das vias. Para dar certo o horário diário que fazem para acessar outros coletivos, muitos desceram de ônibus bloqueados e saíram correndo para tentar pegar outro itinerário, mas sem sucesso. Como já passava das 21h, ela ligou para a mãe ir busca-la, pois não sabia o horário do próximo ônibus e temia que chegasse muito tarde em casa.
“Eu consegui voltar para a casa segura, mas eu penso nos outros alunos que moram longe e que não tiveram a mesma sorte que eu, será que chegaram bem em casa?”, questiona. Para ela, não é mais o momento de discutir resultado das eleições, mas de as pessoas perceberem que estão atrapalhando a vida de muitas pessoas: “Já passaram dos limites!”
Professores reclamam
A denúncia dos transtornos causados pela manifestação dos bolsonaristas chegou ao gabinete da vereadora Iara Bernardi, que entrou em contato com o secretário de Municipal de Segurança e Polícia Militar de Sorocaba, para tomarem providências. De acordo com a parlamentar, professores reclamaram do barulho que estaria atrapalhando as aulas, pois a escola fica em rua próxima à sede da base do Exército. De acordo com a reclamação, o barulho estava vindo dos manifestantes que fecharam a rua, e os professores não estavam conseguindo dar aulas devido ao tumulto.