Local da manifestação fica próximo ao velório, onde manifestantes foram usar o banheiro e comprar comida. Foto: Jesus Vicente-Repórter Autônomo/Portal Porque
As manifestações bolsonaristas de caráter antidemocrático continuam causando uma série de transtornos em todo o país. Em Sorocaba, nem mesmo velórios foram poupados pelos bolsonaristas.
Na quarta-feira (2), a maior aglomeração golpista em Sorocaba ocorreu na região da Avenida Roberto Simonsen, no Jardim Santa Rosália, defronte a um prédio do Exército. O local fica perto do velório da Ofebas, organização de assistência funerária, que fica na rua Braz Cubas.
Luísa Annunciato, jornalista, foi uma das tantas que não tiveram o direito de se despedir adequadamente de um ente querido. A jornalista teve que lidar não só com a dor da perda de sua tia-avó, mas também com o desrespeito dos ditos “cidadãos de bem” à cerimônia de despedida.
Segundo a Ofebas, quatro velórios foram realizados na quarta-feira, um deles o da tia-avó da jornalista. Luísa disse que percebeu uma movimentação anormal logo pela manhã quando chegou ao local do velório. Porém, segundo ela, o problema se agravou na parte da tarde, quando a aglomeração ganhou mais adeptos.
Luísa relata que não havia condição alguma de ouvir as homenagens feitas a sua tia-avó antes do fechamento do caixão. Isso porque, nas redondezas, a multidão bolsonarista gritava, cantava e soltava rojões. “A gente, simplesmente, não conseguia escutar nada”, diz ela.
O desrespeito com os que estavam velando seus falecidos não parou por aí. Durante toda a cerimônia de despedida, manifestantes entravam e saíam da Ofebas para usar o banheiro, beber água e comprar alimentos nas máquinas self-sevide do local. “Foi horrível. A gente já estava ali num momento difícil, num momento chato e acontece isso” desabafa a jornalista.
Na hora de levar o caixão ao cemitério, novos aborrecimentos. Foi necessário enfrentar congestionamentos e traçar rotas alternativas para conseguir chegar ao local do sepultamento e desviar da multidão golpista.
Como se já não bastasse a dor e o transtorno, o ocorrido contou com a inação da Prefeitura de Sorocaba, que, na opinião de Luísa, poderia ter impedido que a manifestação ocorresse ao lado da Ofebas. “Foi de uma falta de respeito ímpar”, declarou Luísa.
A indignação com a falta de interesse da Prefeitura de Sorocaba tem fundamentos. O prefeito da cidade, Rodrigo Manga (Republicanos), é um bolsonarista reconhecido. Inclusive, participou de ato golpista e manifestou apoio aos manifestantes na segunda-feira (1), na rodovia Raposo Tavares (leia aqui).
