
Manga publicou uma foto sua no Muro das Lamentações em apoio a Israel: evangélicos são fascinados pelo país e o enxergam como símbolo da volta de Jesus. Foto: Reprodução/Facebook do Manga
O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) tentou usar o conflito entre Israel e o Hamas para obter ganhos políticos, mas o tiro acabou saindo pela culatra. Na noite deste sábado (7), o prefeito anunciou em suas redes a criação de uma comissão municipal para promover “ajuda humanitária às vítimas dos ataques terroristas”. O que o prefeito não esperava era a reação negativa da população, expressa nas caixas de comentários dos jornais que repercutiram a ação política de Manga.
“Que hipócrita e oportunista esse prefeito de Sorocaba, cria uma comissão pra ajudar as pessoas que ficam até cinco horas pra ser atendido nos P.A da cidade, comissão pra resolver a falta de médicos, remédios nos postos de saúde”, disparou um leitor nos comentários da reportagem publicada pelo jornal Cruzeiro do Sul.
“Ajudar brasileiros que estão em Israel não é assunto de prefeito. É assunto do governo federal. Por acaso o Manga virou presidente da República??? Resgatar brasileiros da guerra é com a embaixada brasileira e não com a prefeitura de Sorocaba. Não cuida nem da população de Sorocaba e quer cuidar de quem está em outro país??? Aqui as pessoas estão há quatro meses esperando por um simples exame de sangue e não conseguem. Se realmente se preocupasse com as pessoas, a Saúde não estaria largada”, comentou uma leitora do Jornal ZNorte, cuja postagem tem mais de 150 comentários, quase todos negativos para o prefeito.
Apesar da complexidade da crise entre Israel e o Hamas, Manga também não se furtou em tomar um lado. Em suas redes sociais, o prefeito enaltece Israel e diz que seu povo “foi covardemente atacado pelo grupo de terroristas Hamas”. O prefeito, inclusive, usa o site oficial da Prefeitura e a Secretaria de Comunicação para classificar o ato de terrorista, logo no título da matéria.
Embora o Hamas tenha iniciado sua atuação com ações terroristas, o grupo palestino abandonou essa prática e atualmente é uma organização política, que concorreu e ganhou as eleições em Gaza, com observador internacional. Por ser um ator político que está no poder, a ação deste sábado é considerada uma operação militar contra outro país e não um ato terrorista. Do contrário, as ações dos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão, por exemplo, também teriam de ser classificadas como ataques terroristas.
Mas a questão que envolve o prefeito Manga e Israel é outra e tem a ver com os evangélicos. Alguns grupos religiosos, como a Igreja Mundial de Manga, acreditam que Jesus voltará à Terra para comandar o Juízo Final. Para esses evangélicos, a criação do Estado de Israel, após o Holocausto, é o indicativo da volta de Jesus, conforme a leitura que fazem das profecias bíblicas. Por isso a adoração a Israel. Nos últimos anos, a defesa evangélica ao país ganhou contornos políticos, com a eleição do presidente Jair Bolsonaro e sua base religiosa.