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Manga deixa postos sem médicos e sem medicamentos e saúde entra em colapso

População reclama que um simples exame de sangue demora meses para ser feito. Para o prefeito, a saúde de Sorocaba "está caminhando bem"

Paulo Andrade (Portal Porque)

Uma das unidades de saúde onde há falta de médicos é a Policlínica, que sofre após o fim dos contratos temporários. Foto: Rafael Baddini/Prefeitura de Sorocaba

Falta de médicos, falta de remédios, três meses de espera por um simples exame de sangue, atraso de pagamento de profissionais de saúde terceirizados. Essas são algumas das denúncias recebidas diariamente pelo Portal Porque e confirmadas pela reportagem.

Nesta terça-feira (12), por exemplo, um funcionário público, que prefere não se identificar, disse que até Dipirona, contra dor e febre, está faltando nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde). O Porque teve acesso a um relatório em que se constada que na maioria das unidades – e até na Prefeitura – o estoque desse medicamento básico é zero (veja no final da matéria).

“Esse e outro absurdo que está acontecendo nas UBS. Não temos Dipirona! O print é claro, estoque zerado na Prefeitura de Sorocaba! Um medicamento que custa R$4,00 o vidro. Muitas vezes, quem precisa e está com febre ou dor, não tem como comprar! Mas o importante [para Manga] é pintar as UBS de azul e branco!”, disse a servidora ao Portal Porque.

Na segunda-feira (11), a reportagem já tinha recebido denúncias de falta de médicos concursados. Alguns especialistas que estavam trabalhando nas unidades tinham contrato temporário, que agora acabou, deixando as UBSs sem esses profissionais.

Policlínica sem especialistas

Uma das unidades onde há falta de especialistas é na Policlínica, segundo outro funcionário público, que também pede para não ter seu nome publicado. “Atualmente não temos mais especialistas na Policlínica, nas áreas de Endocrinologia e Cirurgia Plástica. Os médicos que estavam atendendo eram por contrato temporário e, com o término, estamos sem qualquer profissional nestas duas áreas”, relata.

“Absurdo! Pacientes com diabetes descontrolado ou pacientes com câncer de pele estão sem previsão de quando irão conseguir tratamento! Não chamam médicos do concurso, nem dão seguimento no processo de remoção da saúde”, reclama o servidor.

Demora até em exames de sangue

Já alguns pacientes têm relatado à reportagem a demora de até três meses para a UBS marcar um exame de sangue básico. As denúncias foram confirmadas pela vereadora Iara Bernardi (PT), que desde junho tem pedido na Câmara a presença do secretário da Fazenda, Marcelo Regalado, para explicar porque houve queda nas finanças da Prefeitura.

“O valor de R$ 4,74 bilhões do orçamento foi superestimado? Usaram indicadores errados para elaborar o orçamento? Houve queda na arrecadação? Não sabemos, pois não têm transparência nesse governo municipal”, diz a vereadora.

Iara também compara a falta de verba na saúde com a falta de recursos na educação. “Esses serviços não estão funcionando, escolas estão caindo aos pedaços, com obras abandonas, riscos para as crianças… Unidades de saúde estão sem médicos e sem remédios, há atrasos em repasse de verba para as gestoras de UPA. E a prioridade do prefeito é pintar os prédios de azul”.

Não só Iara, mas vereadores de diversos partidos têm cobrado em público, em sessões abertas da Câmara, para que a Prefeitura resolva a questão da saúde precária. Vereadores afirmar que até as emendas impositivas que eles aprovaram para o orçamento, no final do ano passado, destinadas à saúde, ainda não foram pagas pela Prefeitura.

Em live para a ZNorte nesta segunda-feira (11), Manga disse que a saúde está caminhando bem e que até a questão dos remédios “já estamos resolvendo”, mas não diz quando os medicamentos vão chegar nas unidades de saúde e aos pacientes.

Atraso de salários

Além de falta de remédios, na UPA do Éden, médicos, enfermeiros e pessoal da limpeza vêm sofrendo com atrasos de pagamentos desde junho. A gestora da unidade de saúde, INCS, admitiu ao Conselho de Saúde que houve atrasos em repasses de responsabilidade da Prefeitura.

No final de junho, os médicos chegaram a fazer greve, atendendo apenas casos de urgência e emergência, por falta de pagamento. Nos meses seguintes, o pessoal da enfermagem também teve atrasos em pagamentos de vale-transporte e vale alimentação. Poucos dias atrás, foi a vez do pessoal da limpeza da unidade fazer protesto por atraso nos salários.

Falta de transparência

O Portal Porque já tentou duas vezes entrevistas o secretário de Saúde, Cláudio Pompeo, mas ele diz que não está autorizado pela Secretaria de Comunicação (Secom) a falar com este órgão de imprensa. Rotineiramente, o portal envia perguntas à Secom, mas também não é respondido.

Portal Porque teve acesso a print de estoque atual de Dipirona na rede pública de Sorocaba. Muitas unidades de saúde e até a Prefeitura estão desabastecidas. Foto: Reprodução

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