O Governo Manga decidiu afrouxar as leis de trânsito e liberou o tráfego de motos e veículos do transporte escolar nos corredores que, até ontem, eram exclusivos do BRT. Segundo a Prefeitura, a nova Resolução “restringe o que estabelece o Artigo 184 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o qual especifica que transitar na faixa exclusiva regulamentada para transporte público coletivo de passageiros é infração gravíssima e que implica na perda de sete pontos na carteira de habilitação e multa de R$ 293,47”.
A medida anunciada nesta terça (3), sem a apresentação de um estudo que considerasse a segurança dos motoristas e motociclistas, liberou quase 115 mil motos e mais 534 veículos que atuam no transporte escolar para disputar espaço com os ônibus do BRT.
No mesmo dia em que a Prefeitura flexibilizou o Código Brasileiro de Trânsito, um acidente entre uma moto e um carro na faixa do BRT foi registrado pela câmera de segurança de um comércio na rua Comendador Oetterer, na Vila Carvalho (assista ao vídeo). Segundo o Corpo de Bombeiros, o motociclista sofreu ferimentos leves e foi encaminhado ao hospital.
Nem a Urbes e nem a Secretaria da Mobilidade responderam a reportagem sobre quantos acidentes aconteceram nesta terça, nas faixas do BRT. A Secretaria de Comunicação da Prefeitura também se recusa a prestar esclarecimentos ao Portal Porque.
Tragédia anunciada
Ainda para este mês de outubro, o prefeito também prometeu, em suas redes sociais, liberar a faixa para taxis e carros por aplicativo, colocando mais 2,3 mil veículos na faixa do BRT.
“Essa mudança anunciada pelo prefeito é uma tragédia anunciada. Correm riscos motoristas de ônibus, passageiros podem ser atropelados, pode haver desastres entre ônibus, carros e motos. Foge da lógica”, avalia o vereador Francisco França (PT), que também é dirigente do Sindicato dos Rodoviários.
O projeto de implantação do BRT foi inaugurado em setembro de 2020, a um custo de quase R$ 500 milhões na época, com a finalidade de ser uma faixa exclusiva para transporte público rápido, incluindo 125 ônibus articulados e abrigos exclusivos para embarque de passageiros.
O Sindicato dos Rodoviários está discutindo com motoristas que trabalham nas faixas de BRT sobre os riscos que esse desvio de finalidade da faixa pode causar. A entidade também está debatendo uma possível reação à medida.
