
Em uma das escolas, há 15 crianças com laudo médico para um único cuidador; em outra, são 11 crianças. Mães já deixam de enviar seus filhos à escola. Foto: Arquivo Secom/PMS
A volta às aulas e a constatação da falta de cuidadoras para os alunos com necessidades especiais na rede municipal de ensino mobilizou um grupo de mães. Elas irão nesta sexta-feira, 10, às 14h, cobrar do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) a contratação urgente desses profissionais, em frente ao Paço Municipal.
De acordo com as mães, a manifestação foi o único meio que encontraram para serem ouvidas, considerando que o problema vem sendo denunciado há tempos.
Em um grupo de WhatsApp formado por mais de 30 mães de alunos matriculados na rede e com direitos de serem acompanhados por cuidadores, são muitas as reclamações relacionadas ao número insuficiente de profissionais para o tanto de crianças com necessidades especiais em diversas escolas.
Algumas mães contam até mesmo que, na falta do profissional, optaram por não mandar os filhos para a escola.
No Centro de Educação Infantil (CEI-65), no Jardim Montreal, por exemplo, estão matriculadas 15 crianças especiais, mas a unidade só dispõe de um profissional. No Cei-20, na Vila Haro, são 11 alunos também para apenas um profissional.
A situação foi denunciada à vereadora Iara Bernardi (PT) que, na manhã desta quinta-feira, 9, foi, pessoalmente até a Cei-20, na Vila Haro, comprovar a denúncia. “Isso não pode acontecer! Não houve a previsão do aumento de número de crianças na escolas, e agora temos 11 crianças especiais e 1 profissional apenas. Esse problema está se espalhando pelas escolas da cidade. Crianças especiais precisam de cuidados especiais”, falou a vereadora, convidando o secretário da pasta, Marcio Bortolli Carrara, a fazer uma visita nas escolas para tomar conhecimento da situação.
Mobilizadas
Criadora do grupo e articuladora da visita de amanhã, Adriane Aparecida Sales Teixeira é auxiliar de educação na CEI-85 e conta que a situação está insustentável. Com 15 laudos de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), cinco deles em uma única sala, a única cuidadora da unidade não dá conta da demanda. No ano passado, eram duas. “Tem uma hoje só porque a diretora cobrou da Sedu. Estamos indo amanhã para cobrar do prefeito Rodrigo Manga mais cuidadores. Já era para ter esses profissionais no início das aulas. Alunos que precisam de cuidadores com exclusividade nem estão indo para a escola”, denunciou.
Mãe de dois alunos com TEA, matriculados na CEI-20, Soraia Ramos classifica a situação como gravíssima. “Saí da escola chorando”, conta, sobre o descumprimento da lei para com os alunos laudados. De acordo com ela, apenas uma cuidadora e uma estagiária por período tentam dar conta de um universo de mais de 10 alunos com casos diferentes. “Em casos que a criança precisa de atenção integral, tem mães ficando na escola para ajudar. Isso é lei, a Prefeitura tem que respeitar!”, cobrou.
Camila Cristina, mãe de uma aluna com TEA em grau moderado, conta que na CEI-03, no Largo do Divino, unidade em que a filha estuda, não há um profissional, apenas estagiários. “Só tem estagiárias e elas já estão sobrecarregadas. Minha filha precisa de uma cuidadora só para ela, mas me disseram que consigo apenas com ordem judicial”, falou.
No Cajuru, na CEI-48, a situação não é diferente. Desempregada para cuidar do filho de dois anos e oito meses, Daiane da Silva Pereira está, desde outubro, cobrando uma cuidadora para a criança, mas sem sucesso. O menino, que não fala, usa fraldas e está começando a andar, tem laudo comprovando a necessidade do acompanhamento de um profissional, mas até agora nada. “Além de não ter cuidadora, Sorocaba também não tem vaga para as terapias. Estou na fila há tempos e não consigo. Ele precisa com urgência”, desabafa Daiane.
O Portal Porque entrou em contato com a Sedu, por meio da Secretaria de Comunicação (Secom), questionando o motivo da falta desses profissionais, se há previsão de contratação e o número total de cuidadores na rede, mas até o momento não obteve resposta.