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Mãe faz apelo para que filho seja atendido com dignidade no transporte especial

Mãe levou cinco anos para conseguir terapia para o filho, e teve que enfrentar outro problema: conseguir o transporte adequado

Fabiana Blazeck Sorrilha (Portal Porque)

A live de Gabriela Pereira chamou a atenção para problemas recorrentes no transporte especial prestado para a Prefeitura de Sorocaba. Foto: reprodução/redes sociais

Impossibilidade de conseguir transporte especial para que seu filho pudesse comparecer ao primeiro dia de terapia, conseguida após cinco anos de luta. Falta de atenção por parte do poder público para atender uma criança que precisa de adaptações necessárias por conta da sua condição genética e de saúde.

Esses foram os motivos que levaram Gabriela Pereira, mãe do Benyamin Luiz Pereira da Silva, de 7 anos, a fazer uma transmissão ao vivo em sua página do Instagram @familia_atipica no fim da tarde do último domingo (29) e apelar para as pessoas lhe darem apoio, marcando nos comentários o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), o presidente da Urbes, Sérgio Barreto e a própria Prefeitura, na esperança que alguém visse o seu apelo.

Usuário do transporte coletivo desde 2017, Beny, como é chamado pelos pais, precisa de atendimento diferenciado no transporte especial para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. A mãe do menino conta com laudo assinado por um neurologista do Hospital Gpaci e todas as recomendações para o atendimento correto do filho.

“Mesmo assim a Mobility, empresa que presta o serviço de transporte especial e é gerenciada pela Urbes, envia um veículo que não atende ao que é solicitado pelo documento médico. Eles não podem alegar desconhecimento das condições do Beny”, protestou Gabriela.

Beny tem hipotonia, que é uma diminuição do tônus muscular e, para ser transportado corretamente e com segurança, precisa de um cadeirão. Beny também é uma criança com deficiência múltiplas (trissomia do 21, surdez e autismo), e cardiopatia. O menino tem recomendação médica de ser transportado do lado direito do veículo, sem o fechamento das cortinas e com o ar-condicionado ligado, condições que o deixam mais calmo e confortável durante o trajeto e contribuem para que as suas comorbidades não se agravem, fazendo com que ele possa ter uma parada cardíaca e ir a óbito.

E como anunciado pela mãe, o transporte especial enviado pela Mobility que atendeu Beny na manhã de segunda-feira (30) não era o adequado para ele. Tratava-se de um micro-ônibus sem cadeirão e ar-condicionado. Também houve atraso na condução: Beny chegou à instituição às 7h53, atrasado para sua primeira sessão de terapia que começava às 7h40.

Trajeto longo e cansativo

Gabriela Pereira denuncia ainda os trajetos mal planejados pelo transporte especial que, segundo ela, “não tem lógica nem cabimento”. Na manhã de segunda-feira (30), Beny embarcou no transporte às 6h40, próximo ao Carandá, e só chegou ao seu destino às 7h53, com atraso.

A planilha que mostra os passageiros, origens e destinos para o micro-ônibus apontava um trajeto começando na zona norte, seguindo para o Jardim Piratininga (na zona leste), para o bairro Itanguá (na zona oeste) e, depois, retornando à zona norte, até a Associação Amigos dos Autistas de Sorocaba, no Jardim Zulmira.

“Desde que entrou em 2020, a empresa Mobility não cumpre os atendimentos de forma correta. O que eu e outros usuários queremos é a retirada dessa empresa. Ela é péssima e não tem atendimento humanizado. Crianças que usam fralda chegam em casa urinadas, com fezes e, muitas vezes, em crise de vômitos por terem ficado tanto tempo no transporte. Os funcionários da empresa não têm culpa, nunca tivemos tanto isso como nos últimos três anos. Queremos que a Urbes e o prefeito tomem providências, pois está prejudicando não só o meu filho, mas todos os atendidos”, assevera a mãe do Beny.

Como gestora do contrato com a Mobility, a Urbes pode advertir a empresa pelo mal atendimento aos usuários, bem como encerrar o serviço prestado por descumprimento das regras estabelecidas em contrato.

Sem prazo para a solução

Uma matéria publicada no site do Portal PORQUE em outubro do ano passado já alertava a Prefeitura que a empresa Mobility não estava dando conta de atender os usuários do transporte coletivo.

Na época, este portal noticiou que, a cada dia, a empresa deixava de atender a duas solicitações de transporte especial para pessoas com deficiência por falta de veículos. A informação foi dada pela Prefeitura em resposta a um requerimento do vereador Ítalo Moreira (PSC).

Em março de 2022, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) e a Secretaria de Comunicação da Prefeitura chegaram a divulgar que não havia mais fila de espera para o transporte especial na cidade, notícia falsa desmentida pela própria Urbes dias depois. A Prefeitura justificou a falta de atendimento “em razão da capacidade operacional do contrato”.

O vereador Ítalo também questionou se a Prefeitura estava trabalhando para resolver o problema da falta de transporte especial. Em resposta, o Governo Manga disse em outubro do ano passado que, “para equacionar essa demanda reprimida, estavam sendo feitos estudos visando a ampliação da frota existente”. Na sequência, a Prefeitura disse que não havia prazos para que esses estudos fossem concluídos.

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