
Jefferson Rúbio estava com um amigo em uma praça no Jardim das Flores, quando foi baleado pelas costas. Foto: Reprodução/Facebook
O policial militar Ricardo de Jesus Barbosa, acusado de matar o adolescente Jefferson Rubio de Moura, 17 anos, na zona norte de Sorocaba, foi absolvido pelo Tribunal do Júri, em julgamento realizado nesta quinta-feira (9), no Fórum local. O crime ocorreu em 17 de setembro de 2021.
Ricardo estava detido no Presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo, desde a época do crime, respondendo ao processo por homicídio qualificado. Segundo o advogado do réu disse à imprensa, o alvará de soltura será expedido ainda nesta sexta-feira (10).
O julgamento começou às 9h desta quinta-feira (9) e terminou por volta das 18h. O júri popular foi formado por sete pessoas e o julgamento foi presidido pelo juiz Emerson Tadeu Pires de Camargo.
De acordo com informações do Tribunal de Justiça, o policial foi absolvido por “negativa de autoria”. Ele estava em férias quando o jovem foi baleado em uma praça no Jardim das Flores, zona norte de Sorocaba.
Entenda o caso
Jefferson estava com um amigo na praça quando foi baleado nas costas. Ele foi levado à UPH (Unidade Pré-Hospitalar) da Zona Norte, onde sua morte foi constatada. O laudo apontou como causa do óbito perfurações no coração e no pulmão.
A família afirmou que Jefferson foi vítima de racismo e de violência policial. Um amigo da vítima, inclusive, contou em depoimento que estava com ele na hora dos tiros. Disse ainda que fazia dez minutos que eles tinham chegado na praça e que consumiam bebida alcoólica quando foram abordados pelo policial, que estava à paisana.
Ainda de acordo com a testemunha, Ricardo dirigia um Chevrolet Celta verde e desceu do carro dizendo ser membro da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). O policial, que aparentava estar nervoso ou drogado, teria mandado os jovens se sentarem na calçada e, em seguida, passado a desferir coronhadas nas cabeças dos rapazes.
Os jovens tentaram fugir, mas o acusado teria atirado e acertado Jefferson. Imagens de câmeras de segurança mostram os dois jovens correndo pela rua com a vítima já aparentando estar ferida. O carro do PM aparece nas imagens. Ele chega a parar perto dos dois, mas não presta socorro e vai embora. Segundo uma testemunha, o agressor teria dito, após o disparo que acertou Jefferson pelas costas: “Vocês são todos ladrõezinhos.”
O policial acusado, na verdade, era integrante do 14º Batalhão de Ações Especiais da Polícia, que divulgou, na época, ter desligado o réu do efetivo do Batalhão.
Acusação e defesa
O Ministério Público do Estado de São Paulo, que sustentou a acusação contra Ricardo de Jesus Barbosa, com base em investigações policiais da Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais), alega que o PM teria agido por motivo torpe, por vingança e matou Jefferson porque supôs que ele tinha envolvimento com a criminalidade.
Luan Lima, advogado da família do rapaz assassinado, divulgou nota à imprensa antes do julgamento e afirmou que ele “era um jovem sem antecedentes criminais, sem qualquer tipo de investigação policial contra sua pessoa, bem como, ainda, trabalhava e era cheio de sonhos, como todos os jovens de periferia. A defesa da família lutará até o fim para que a pena seja a máxima possível e que o miliciano continue preso pelos próximos longos anos, pois a defesa acredita que a pena será entre 24 a 32 anos de reclusão.”
Já o advogado de defesa de Ricardo, Mauro Ribas, emitiu nota à imprensa, antes da instalação do Tribunal do Júri, afirmando que “nós iremos sustentar a inocência do policial militar Ricardo, por negativa de autoria [não cometeu o crime]. Apresentaremos em plenário aonde ele estava no momento dos fatos e mostraremos todas as falhas da investigação que, erroneamente, o incriminou.”
Segundo a defesa e o depoimento do réu, ele estava em seu último dia de férias, mora há anos no Jardim das Flores, não conhecia os rapazes e não estava na praça no momento do crime, embora reconheça que o carro indicado pelas testemunhas da acusação seja dele.