
Atualmente, os recenseadores estão fazendo a revisão no bairro Nova Esperança, zona norte. Foto: Reprodução
Até meados de abril, os recenseadores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), contam com a ajuda da Cufa (Central Única das Favelas) de Sorocaba e do Instituto Data Favela para entrevistar moradores de domicílios localizados em bairros periféricos de Sorocaba e Votorantim.
A parceria, que ganhou o nome de Campanha Favela no Mapa, já é realizada desde 23 de março e tem como objetivo facilitar o acesso às pessoas que residem nessas áreas, contando com a ajuda dos próprios moradores.
“O motivo desta parceria é a necessidade de termos um agente facilitador na abordagem dos moradores, já que se trata de uma revisão, de uma nova passagem pelo local para entrevistarmos aqueles que não conseguimos localizar da primeira vez”, explica o coordenador censitário da sub-área Sorocaba, Paulo Rubens Leite.
Atualmente, os recenseadores estão fazendo a revisão no bairro Nova Esperança, zona norte de Sorocaba. No entanto, há possibilidade de a parceria entre IBGE e Cufa também atender a outros bairros nas regiões do Itanguá, Vila Baronesa, Lopes de Oliveira, Jardim Aeroporto, entre outros. “Mas isso depende da disponibilidade de guias ligados à entidade, que serão contatados ao longo dos trabalhos”, acrescenta Paulo Rubens.
Além de Sorocaba, seis bairros de Votorantim também recebem o mutirão para a coleta de dados. A parceria visa facilitar o acesso dos profissionais do IBGE às comunidades. Para tanto, a Cufa mobiliza lideranças do próprio bairro – neste caso, mães solo – que conhecem melhor a dinâmica dos moradores, como hábitos e horários, para servir de guia e apoio na ação de coleta de dados para o Censo Demográfico.
Deste modo, o trabalho da facilitadora é conscientizar a comunidade da seriedade e da importância dos recenseadores, bem como fazer essa ponte, ajudando na localização das pessoas que, por diversos motivos, não atenderam aos recenseadores quando realizaram a primeira visita.
“O trabalho está em marcha e vem dando frutos no rumo esperado pelo IBGE. Mas só o fato de termos as entidades ligadas às comunidades atuando conosco já é um motivador a mais para buscarmos melhorar nossos índices de coleta de entrevistas nesses locais”, comemora Paulo Rubens.
Vale ressaltar que, no momento, o IBGE está fazendo uma revisão, voltando aos endereços que ou não foram atendidos por estarem fechados ou por negativa de entrevista. Ainda não há data definida para a divulgação do resultado final do Censo/2022. A previsão é para o fim de abril.
Dados servem como base
O mutirão nas comunidades ocorre em todo o Brasil, em parceria com a Cufa e o Instituto Data Favela. A necessidade da força-tarefa foi apontada pelo levantamento prévio de dados do Censo Demográfico. O estudo acusou que cerca de 9% dos moradores das favelas em todo o País não haviam respondido o questionário censitário.
O número demostrou um problema a ser sanado, pois os dados do levantamento servem de base para a construção de diversas políticas públicas, principalmente nas áreas de habitação, educação e saúde.
Assim, considerando que esses locais concentram uma parcela mais vulnerável da sociedade e com menos acesso a bens e serviços essenciais, é importante um retrato o mais fidedigno possível dessas realidades, defende Drika Martim, presidente da Cufa Sorocaba.
“Nós precisamos saber da real situação dessas pessoas. Esses dados são importantes para que possamos provocar as políticas públicas afirmativas, provando, infelizmente, que essas pessoas ainda vivem em vulnerabilidade”, diz Drika, reiterando que o propósito da força-tarefa é, como diz a campanha, colocar as favelas no mapa para tentar combater a invisibilidade social desses locais e seus moradores.
Censo 2022
A realização do Censo 2022, cujo objetivo é retratar a população brasileira, suas características socioeconômicas e, ao mesmo tempo, servir de base para todo o planejamento público e privado pelos próximos dez anos passou por entraves até que a coleta de dados fosse iniciada em 1° de agosto de 2022. Inicialmente, o Censo seria realizado em 2020, mas foi adiado em um ano, por conta da pandemia de covid-19.
Em 2021, no entanto, também não foi possível o início do Censo, pois o presidente Jair Bolsonaro (PL), à época, cortou a verba destinada à pesquisa em mais de 90%, impedindo contratações e o desenvolvimento do planejamento do IBGE para a realização dessa política de estado.
Assim, o Censo – que normalmente ocorre de dez em dez anos – foi transferido para 2022, mas encerrou a coleta de dados em fevereiro de 2023. No momento, está sendo feita a revisão dos dados e o retorno aos locais que não responderam ao questionário. A previsão é que o resultado final seja divulgado no fim do próximo mês.