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Frequentadores do Parque dos Espanhóis reclamam de abandono do local

Segundo moradores, faz vários meses que a Prefeitura não executa nenhuma manutenção; há mais de um ano, governo Manga festejou a 'revitalização completa' do espaço

Paulo Andrade (Portal Porque)

Atual acúmulo de lodo, sujeira, cheiro de esgoto e mortandade de peixes já dura mais de 15 dias no parque localizado na Vila Assis, zona leste de Sorocaba. Foto: Colaboração

Lodo nos córregos e no lago do Parque dos Espanhóis, peixes mortos, sujeira, mau cheiro, mato invadindo a pista de caminhada, deterioração de equipamentos metálicos, banheiros sem condições de uso, falta de lixeiras e poças d’água que duram semanas. Esses são apenas alguns sinais de abandono do local público em Sorocaba, segundo denúncias de moradores das imediações que frequentam o espaço.

As reclamações foram constatadas pelo Portal Porque, que conversou com três frequentadores assíduos do parque: um aposentado de 76 anos, que nasceu naquela região da cidade e é integrante do grupo Vizinhança Solidária; um profissional da área de comunicação de 49 anos; e um jovem de 22 anos. Os entrevistados preferem não ter seus nomes publicados.

No fim de fevereiro do ano passado, a Prefeitura deu publicidade comemorativa ao que chamou de “completa revitalização do Parque dos Espanhóis”. No entanto, os três entrevistados são unanimes em dizer que a “revitalização” consistiu em trocar as lâmpadas convencionais por LED e instalar três pequenos chafarizes no lago que quebraram poucas semanas depois e não foram mais consertados.

“Só marketing”, “só publicidade”, “propaganda enganosa”, são alguns comentários de moradores e frequentadores sobre a revitalização de 2022.

O morador de 76 anos observou que mesmo a troca de iluminação não foi bem-feita, pois ainda há pontos de escuridão na pista de caminhada, um deles próximo dos arcos de entrada do parque. “Esse local aqui, por exemplo, aponta, é perigoso. Propício para uma emboscada de bandidos. Ninguém passa por aqui depois das oito horas da noite.”

Problemas acumulados

O morador de 49 anos, que costuma levar os cachorros para passear duas vezes por dia ao parque – uma logo cedo, antes de ir trabalhar, e outra no início da noite, quando retorna para casa – afirma que teve de limitar o tempo de passeio. “Eles [se referindo aos cães] começaram a ficar doentes devido à sujeira acumulada no local e tive que medicá-los.”

O jovem de 22 anos, que costuma usar a academia ao ar livre para se exercitar, afirma que os equipamentos não recebem manutenção faz meses. “Tem barras soltas, sinais claros de falta de manutenção. É perigoso para quem usa a academia.”

O morador mais jovem também relata que, anos atrás, era possível ver peixes nadando no lago. “Hoje só esses peixes mortos que você pode ver aí”, complementa o frequentador de 49 anos.

O mau cheiro das águas também incomoda. O Porque, inclusive, testemunhou famílias tapando o nariz para passar por uma ponte metálica que fica sobre a confluência de dois córregos e o lago, que desemboca no Rio Sorocaba. Segundo os frequentadores, o odor fétido já dura mais de 15 dias.

Vizinhos acreditam que há despejo de esgoto nos córregos que desembocam no parque e vêm de bairros localizados em regiões mais altas que a Vila Assis, pois o odor de fezes também é notado nas águas da área pública.

Criadouro de mosquitos

Um dos moradores afirma que, como a quadra de cimento não tem drenagem, quando chove se acumulam no local enormes poças d’água, que duram 15 dias ou mais e possibilitam o risco de virarem larvários de mosquitos, inclusive da dengue. Também na quadra, as cestas de basquete quebraram e não foram substituídas.

Os três denunciam ainda a falta de lixeiras no local. Isso contribui para o acúmulo de lixo, copos plásticos, recipientes PET e papel nas águas. Como os pedidos de providências para a prefeitura foram muitos, o governo se limitou a pendurar sacos de lixo em árvores e em postes de iluminação.

Os sacos transparentes, inclusive, contêm logos da Prefeitura e da CSA (Consórcio Sorocaba Ambiental). O comunicador de 49 anos afirma que esses “improvisos plásticos oficiais” enchem de água sempre que chove, “o que não deixa de ser mais um possível foco de larvas mosquitos da dengue”.

A falta de manutenção de vários brinquedos do parquinho também é visível. “Além de riscos nos equipamentos da academia, também há riscos para crianças nos brinquedos”, aponta um frequentador que fazia caminhada no local. Ele mostrou partes desniveladas e invadidas por mato na pista.

Moradores ainda mostraram pontos de corrosão, por ferrugem, em estruturas metálicas, inclusive na ponte sobre o lago. Também apontaram locais em que os alambrados que circundam a quadra e o campo estão rompidos ou faltando.

Mais maquiagem

Dois dos frequentadores acreditam que o prefeito Rodrigo Manga vai “maquiar” o parque nos próximos dias, pois o palco foi pintado recentemente. “Ele vai dar alguma mexida superficial por causa da encenação da Paixão de Cristo”, que acontece tradicionalmente no local na Sexta-Feira Santa.

Todos os entrevistados pelo Porque concordam que o espaço público é importante para moradores, frequentadores e para a cidade. Para eles, a questão não é ser oposição ou apoiador do prefeito Manga, mas é fato que o marketing supera – “e muito” – o que de fato foi feito no parque há um ano e que, depois disso, o abandono do local se tornou inquestionável.

“Inclusive o Rio Sorocaba está recebendo a sujeira e o esgoto que vemos aqui nas águas do parque. Considero um descaso público essa situação”, diz indignado um dos moradores das imediações e frequentador assíduo do local.

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