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Greve de motoristas por aplicativo dura 24 horas e movimento não está encerrado

Paralisação desta segunda-feira (15) teve alcance nacional e a adesão em Sorocaba foi de 70%, segundo um integrante do protesto que reivindica melhorias no pagamento

Paulo Andrade (Portal Porque)

Motoristas pedem reajuste do pagamento por quilômetro rodado e redução dos descontos praticados pelos aplicativos. Foto: Reprodução/Cotia&Cia

A paralisação organizada pelos motoristas por aplicativo, nesta segunda-feira (15), teve adesão de 70% dos trabalhadores da região. É o que afirma um motorista ouvido pelo Portal Porque e que não quis se identificar. Quem precisou de Uber, 99 ou de outras do empresas do setor teve dificuldades para conseguir carro e, quando conseguiu, foi por até o tripo do valor normal da corrida. Nesta terça-feira (16), o serviço já estava normalizado, mas não estão descartados novos protestos.

A paralisação, de caráter nacional, durou 24 horas. Os motoristas pedem reajuste financeiro por quilômetro rodado e redução dos descontos praticados pelos aplicativos.

Nesta terça-feira, o número de motoristas prestando o serviço só não estava totalmente normalizado porque permanecia um boicote, também de alcance nacional, que alguns motoristas estão fazendo às tarifas abaixo de R$ 10. “Começamos o serviço em 2016 com tarifa mínima de R$ 4,50. Hoje, em 2023, ela está em R$ 5,50. Tem viagem que o valor não cobre nem o preço do combustível”, acrescenta um motorista.

O trabalhador explicou ainda que, dependendo do dia e do aplicativo, eles estão recebendo 16 centavos por quilômetro rodado. Já os descontos variam de 40% a 60%, dependendo do aplicativo. Nesta terça, após o dia de greve, a 99, por exemplo, estava pagando R$ 3 por quilômetro. “Aí melhorou, vale a pena”, comemora o motorista.

Organização digital

Ainda sem regulamentação profissional e sem representação sindical, os motoristas estão sendo organizados por influenciadores digitais. Na região de Sorocaba, por exemplo, um desses influenciadores é o canal Falando de Uber, no YouTube.

Em vídeo publicado nesta terça-feira, o responsável pelo canal, conhecido como Samuel, comemorou a adesão à paralisação e disse que a manifestação de “ontem, dia 15, foi só a ponta do iceberg. Nós estamos aguardando resposta da Uber, da 99. E não aquelas respostas prontas, respostas de algoritmos, onde o Uber explica que tem o U-isso, U-aquilo, U-melhoria, implantamos o U-avanço. Nós queremos o U-renda, U-dinheiro, U-valor, U-tostão”, explica Samuel.

O influenciador, inclusive, não descarta outras paralisações e protestos se os motoristas não obtiverem respostas concretas das empresas.

Ainda em vídeo após o protesto, ele pede desculpas e compreensão dos passageiros. “Meus queridos passageiros, me desculpem, mas se a gente não faz desse jeito, não têm outra solução”, justifica o influenciador com quem o Porque está buscando contato direto, mas que até o fechamento desta matéria ainda não tinha obtido retorno.

Segurança contratual

“O problema de não ter representação sindical é que a gente não tem uma bancada de negociações. Faz um protesto como o de ontem [dia 15], hoje aumenta o valor do km rodado mas não sabe se amanhã vai estar assim ou vai diminuir de novo. Não temos nenhuma segurança contratual”, declara outro motorista ao Porque.

Nas capitais onde há sedes físicas da Uber e da 99, como São Paulo e Belo Horizonte, houve carreatas de motoristas por aplicativo e protestos em frente às empresas.

A Uber, a 99, Maxin, inDriver e outras não se classificam como empresas de transporte, mas de tecnologia. Por isso, os profissionais que atuam nessas plataformas não contam com direitos trabalhistas ou segurança contratual coletiva.

“Por se auto definirem como plataformas tecnológicas com pleno direito de selecionar seus parceiros de acordo com seus próprios critérios, as empresas que intermediam as corridas se encontram em posição extremamente vantajosa, obtendo cada dia mais lucro e para isso abrindo mão da consideração e valorização aos motoristas, que são excluídos conforme seu alvitre [arbítrio]”, critica a advogada e consultora jurídica, Cássia Molina, em artigo no site Jusbrasil.

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