
Terreno no Jardim Itanguá, com toda a infraestrutura, terá parcela de apartamentos “sociais” e o restante será vendido a preço de mercado pela construtora (Reprodução Google Maps)
O segundo empreendimento do programa habitacional Casa Nova Sorocaba, principal promessa de campanha do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), terá apenas quinze apartamentos gratuitos para serem entregues à população. O número consta na proposta da empresa vencedora da licitação encerrada na última quarta 31, a Credlar Empreendimentos Imobiliários. Para construir os apartamentos, que terão menos de 46 metros quadrados, a empreiteira receberá da Prefeitura um terreno público avaliado em R$ 3,9 milhões, no Jardim Itanguá.
De acordo com o projeto apresentado pela empreiteira vencedora, a previsão para conclusão do empreendimento é de três anos a partir da assinatura do contrato, que ainda não foi formalizado. Só a parte inicial do empreendimento, que inclui a elaboração do projeto arquitetônico, os licenciamentos e registro da incorporação imobiliária, levará 210 dias. Assim, caso todo o cronograma previsto seja executado sem atrasos, o empreendimento do Casa Nova no Jardim Itanguá ficará pronto no final de 2025, um ano após o fim do mandato do prefeito.
O PORQUE já demonstrou que, devido à demora das licitações e aos prazos de construção, que Manga não conseguirá entregar nenhum apartamento do Casa Nova (leia aqui).
Além dos quinze apartamentos gratuitos, o projeto do segundo empreendimento prevê mais 32 apartamentos chamados pela Prefeitura de “sociais”. De acordo com a proposta da empreiteira, serão 10 apartamentos para serem vendidos com 75% de desconto, 10 com 50% de desconto e 12 com 25% de desconto para os cadastrados no programa habitacional. Os demais apartamentos poderão ser vendidos pela construtora a preço de mercado. No edital, a Prefeitura estima o valor de cada apartamento em R$ 152 mil.
Baião de dois
Inicialmente, duas empreiteiras se interessaram pela concorrência para a construção do segundo empreendimento do Casa Nova Sorocaba. Além da vencedora Credlar, também disputou a licitação a construtora Multipla Engenharia, que venceu a primeira concorrência, do empreendimento do Jardim Tropical.
Curiosamente, apesar de habilitada e de ter vencido a primeira licitação, a Multipla Engenharia foi eliminada da segunda concorrência pela Prefeitura por não cumprir as exigências do edital. Pela lei, a empresa desclassificada teria até o dia 15 de agosto para entrar com recurso, mas aceitou sua eliminação sem reclamar, deixando a Credlar como única empresa no certame. Também curiosamente, na primeira concorrência, a agora vencedora Credlar foi desclassificada pela Prefeitura por apresentar um índice de endividamento fora dos parâmetros estabelecidos pelo edital.
Sorteio adiado
Embora os primeiros apartamentos do Casa Nova Sorocaba só saiam do papel daqui a três anos, o prefeito Rodrigo Manga já realizou um sorteio no CIC, ao custo estimado de R$ 75 mil, para em que “distribuiu” muito mais unidades habitacionais do que as previstas na primeira licitação. Manga já havia anunciado para agosto mais um sorteio no CIC para os imóveis do segundo empreendimento (leia aqui). O mês terminou, o sorteio não foi realizado e nem mesmo um anúncio do cancelamento foi feito pela Prefeitura.
Segundo o PORQUE apurou, membros do próprio governo e políticos da base aliada do prefeito eram contra o sorteio, que poderia trazer problemas na Justiça, já que os “apartaventos”, como foram apelidados, ainda são apenas um projeto. Além disso, muitas pessoas que foram ao CIC no primeiro evento saíram de lá frustradas por não terem sido sorteadas, transformando a peça de marketing do prefeito num tiro no pé.
Oficialmente, o argumento da Prefeitura para o cancelamento do sorteio é que a lei eleitoral proíbe este tipo de evento às vésperas das eleições. Segundo a Prefeitura, o sorteio está mantido e será realizado em dezembro.