
Em 2015, as espumas chegaram a invadir a área urbana da cidade de Pirapora do Bom Jesus: problema é frequente. Foto: Divulgação/Prefeitura de Pirapora do Bom Jesus
Uma espuma branca foi registrada, nesta quinta-feira (6), no trecho de Salto, distante cerca de 50 quilômetros de Sorocaba, do Rio Tietê. Em alguns pontos, é possível observar que a substância cobre todo o rio, não sendo possível ver a correnteza natural das águas.
O fenômeno não é uma completa novidade. Em julho de 2022, foi noticiado a mesma espuma branca cobrindo o rio também na região de Salto. Naquele momento, era a quarta vez que o material era visto considerando os dez meses anteriores.
Frequente na parte do rio que corta Salto, ambientalistas já explicaram que a espuma é vista normalmente depois de uma estiagem prolongada. A formação se dá a partir de resíduos de materiais jogados no Tietê.
Em nota, a Prefeitura de Salto disse que a espuma é causada pela poluição oriunda da Região Metropolitana de São Paulo. “Salto trata quase 100% do esgoto, mas, assim como todas as cidades do médio Tietê, recebe o rio em péssimas condições.”
O município também informou que, nesta época do ano, em que há menos chuva, é mais comum a formação da espuma. Isso faz sentido porque o rio fica menos cheio, fazendo com que poluentes como detergentes estejam mais concentrados na água. “É um problema grave que se arrasta há vários anos”, completa a nota.
Procurada para falar sobre o assunto, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) não retornou até a publicação da matéria. Anteriormente, a entidade já tinha informado que a espuma era mais comum na região de Salto por conta da baixa vazão da água e da presença de esgoto doméstico não tratado.
O problema poderia ser solucionado com a implantação de sistemas adequados de esgotamento sanitário, incluindo a coleta, afastamento, tratamento e disposição final dos esgotos domésticos. Chuvas também poderiam evitar a composição da espuma.
A poluição no Tietê ainda é um problema enfrentado pelo Estado de São Paulo. Desde 1992, foi implementado o Projeto Tietê com investimento de ao menos US$ 3,4 bilhões (cerca de R$ 18 bilhões, na cotação atual) desde então. Embora ainda tenha muitos problemas de poluição, houve alguns avanços.
Um deles foi a mancha de poluição no rio. Na década de 1990, a extensão era de mais de 500 quilômetros. Em 2021, o índice caiu para cerca de 85 quilômetros. Um ano após, em 2022, subiu 43%, chegando a 122 quilômetros de área poluída no corpo d’água do rio.
Com 1.100 quilômetros de extensão, o Tietê corta o Estado de São Paulo – nasce em Salesópolis e, correndo na direção contrária da Serra do Mar, vai até Itapura, onde deságua no Rio Paraná.