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Especialistas questionam eficácia de viaduto ‘só de ida’ na Américo Figueiredo

Com 9,4 metros de largura, viaduto comportará apenas duas faixas no mesmo sentido de direção; solução é considerada parcial por especialistas em trânsito

Fabiana Blazeck Sorrilha (Portal Porque)

Viaduto em fase de construção deverá desafogar o trânsito no sentido Centro-bairro, mas o caminho de volta continuará se valendo das vias locais, cujo tráfego é crescente. Foto: Fabiana Blazeck Sorrilha

A quatro meses de ser entregue, o viaduto da avenida Américo Figueiredo já levanta dúvidas sobre a sua funcionalidade, por conta das dimensões em que foi planejado. O viaduto será utilizado apenas no sentido Centro-bairro para quem segue em direção aos bairros Júlio de Mesquita, Itanguá e Ipiranga.

Quem deseja seguir para o Parque Ouro Fino, Esmeralda ou Vila Nova Esperança seguirá pela alça de acesso e marginal do rio Itanguá, chamado de trecho um das obras e que ligou a avenida Adão Pereira de Camargo até o Jardim Aeroporto e outros bairros.

O trânsito no sentido bairro-Centro, mesmo depois de inaugurado o viaduto, continuará fluindo pelas vias locais, ou seja, Rua Benedito Ferreira Telles e Avenida Cecília Meirelles.

A opinião de que uma obra desse porte para a cidade é sempre bem-vinda é quase unânime, mas já está sendo questionada a funcionalidade do empreendimento, que é desafogar o trânsito naquela região.

Essa também é a opinião de técnicos da área de mobilidade urbana, que questionam a real utilidade de uma alteração viária ao custo de R$ 10,9 milhões, e que está sendo viabilizada por meio de empréstimo feito pela Prefeitura de Sorocaba com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).

A expectativa era que o viaduto teria maior capacidade para efetivamente contribuir com a fluidez do tráfego. “Temos acompanhado o ritmo das obras na região do córrego Itanguá desde seu início e imaginávamos um viaduto com dimensões maiores, para comportar o trânsito daquela região da cidade, o qual já possui um volume considerável de veículos e que deve aumentar ainda mais com novos empreendimentos que devem surgir ao longo da avenida às margens do córrego Itanguá”, opina Renato Campestrini, especialista em trânsito.

Para Campestrini, o sistema viário de Sorocaba precisa “descolar” do chão para que algumas interseções hoje semaforizadas deixem de existir, ou tenham os movimentos de abre e fecha de semáforos reduzidos, possibilitando maior fluidez.

Ele cita como exemplos o viaduto da avenida José Joaquim Lacerda, o viaduto Fernando Dini Neto e o da avenida Itavuvu, próximo ao Shopping Cidade.

Vias saturadas em 2028

De acordo com o Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade de Sorocaba, estudo publicado em março de 2014 e que orienta o poder público municipal sobre as melhores decisões a seguir na mobilidade urbana, 42% da população opta por modos individuais para se deslocar na cidade, ou seja, prefere o carro próprio do que o transporte coletivo. Essa opção incha as ruas e avenidas, trazendo lentidão aos deslocamentos.

Se não houver investimentos significativos em mobilidade urbana, até 2028 Sorocaba terá que lidar com um aumento de mais de 100% nos congestionamentos das ruas e avenidas em horário de pico e os deslocamentos terão um aumento de 9% no tempo médio de viagem do transporte coletivo e de 16% dos veículos individuais.

O reflexo é a redução das velocidades médias para ambos os meios de locomoção, de 27,7 km/h para 23,6 km/h.

Para se evitar isso, a solução é adotar medidas efetivas que incentivem viagens por transporte coletivo e não motorizadas e, principalmente, desestimulem o uso do automóvel particular.

Também têm que ser consideradas medidas para melhorar o desempenho do sistema viário. O plano recomenda aos gestores que é importante ter em mente que a cidade evolui de forma dinâmica e que as ferramentas de planejamento devem acompanhar esta evolução.

Medidas do novo viaduto

O novo viaduto terá 290 metros de extensão e 9,40 metros de largura, com duas faixas para o tráfego de veículos no sentido Centro-bairro. A altura mínima do viaduto é 5,50 metros. Será construída calçada para pedestres no viaduto, com acessibilidade e conexão com a via marginal.

A segunda parte das obras nas marginais do córrego Itanguá, em fase de licitação, ligará o primeiro trecho da marginal pela avenida Miguel Patrício de Moraes, acessando a avenida Santa Cruz e seguindo o corredor da marginal do córrego, até chegar à avenida Luís Mendes de Almeida. A previsão é que as obras comecem no segundo semestre deste ano.

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