
Maior parte dos galpões da Ceagesp estava fechada à tarde. Caminhoneiros acusavam prejuízos devido ao bloqueio. Foto: Fabiana Blazeck Sorrilha
A paralisação das rodovias, promovida por manifestantes inconformados com a derrota do presidente Jair Bolsonaro nas urnas, trouxe consequências à vida de todos os cidadãos de Sorocaba e da região. Na tarde desta terça-feira (01), as ruas da cidade tinham mais carros circulando do que o normal, o que causou lentidão em avenidas importantes como a Dom Aguirre, General Carneiro e Antonio Carlos Comitre.
Havia também lentidão na aproximação aos postos de combustíveis, que tinham fila para abastecer, já que grupos de WhatsApp alertavam para a possibilidade de desabastecimento de álcool, gasolina e diesel.
No transporte coletivo municipal, o telefone 118 da Urbes informou haver lentidão nas linhas que precisam desviar da Rodovia Raposo Tavares como a linha 15 – Jardim São Paulo e 44 – Novo Mundo, por exemplo. As outras linhas também sofreram alterações nos horários por conta dos pontos de lentidão por toda a cidade.
Na região central, a maioria das lojas permaneceu aberta, porém as ruas estavam mais vazias que o normal e havia a apreensão entre os comerciários de que novas manifestações ocorressem e prejudicassem o retorno para casa no fim do expediente. Uma cafeteria na rua João Wagner Wey decidiu fechar as portas mais cedo e justificou em redes sociais que a medida era para preservar a integridade de seus funcionários. O shopping da zona sul informou operar normalmente e que acompanhava atentamente as informações de possíveis manifestações e, se necessário, pode avaliar eventuais mudanças em sua operação.
Viagens nas rodovias foram suspensas
O movimento na Rodoviária de Sorocaba estava bem abaixo de um dia normal, já que as viagens para São Paulo, Campinas e interestaduais como Goiás, por exemplo, foram canceladas, sem perspectivas de retorno. No guichê da Cometa, os funcionários só informaram que não poderiam vender passagens para hoje ou amanhã, conforme orientação da empresa.
No guichê da Roderotas, que faz viagens para Minas Gerais, Goiás e Manaus, a funcionária informou que não havia perspectiva do retorno nas vendas de passagens e que o ônibus que faz o trajeto Goiânia/Terminal Tietê, em São Paulo, só havia conseguido chegar a Sorocaba porque optou por fazer desvios das principais rodovias.
Foi justamente o que contou a passageira Neide Alves Souza, que havia saído às 3h de hoje de Goiânia e que só chegou em Sorocaba às 15h30, quando o normal é estar no Terminal Tietê por volta das 11h. “Estou cansada e espero que o restante da viagem até São Paulo seja tranquilo, mas estou com medo”, comentou.
Aulas prejudicadas
As aulas do período da manhã e da noite da Uniso foram suspensas e, em comunicado, a universidade informou alunos e professores que a medida foi tomada por conta do impacto do protesto na mobilidade e na integridade física e emocional de alunos, funcionários e professores. A Fadi também cancelou as aulas. Nas ETECs as aulas presenciais foram substituídas por remotas, também para evitar que alunos se deslocassem pela cidade, assim como a Fatec, que optou por aulas online.
Galpões da Ceagesp fechados
No meio da tarde, a maioria dos galpões da Ceagesp de Sorocaba já estava fechada, pois não havia nenhuma perspectiva da chegada dos caminhões com hortifrútis. Um dos poucos a trabalharem era Gerson de Oliveira Moura, vendedor da Agro 4ª Geração, que comercializa batatas e cebolas, disse que o movimento estava 50% menor e que havia dois caminhões da distribuidora parados em Minas Gerais. Gerson comentou ainda que os pequenos produtores da região nem chegaram a colher seus produtos, já que não havia perspectiva de conseguirem chegar até Sorocaba.
Um funcionário da distribuidora Irmãos Rodrigues disse que a entrega da carga de alho vinda de Minas Gerais já estava prejudicada e que, apesar da paralisação das estradas, iria tentar trabalhar normalmente no feriado de Finados.
O caminhoneiro Mauro Aparecido Macedo também era um dos prejudicados pela paralisação. Trabalhando por conta com caminhão próprio, ele aguardava a liberação das rodovias para seguir viagem até Pirassununga-SP, onde mora, para carregar o caminhão novamente e seguir viagem até Goiás. “Trabalho há 11 anos com meu caminhão e acho que nossa categoria está cada vez mais desunida. Um protesto como esse prejudica muito quem quer trabalhar e quem carrega coisas perecíveis como eu, que transporto melancia e laranja”, desabafou.