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Desempregada, fã de Mamonas Assassinas volta a colocar acervo à venda

Professora pretende se desfazer das relíquias para custear o tratamento dos filhos autistas; ela também cria uma vaquinha virtual para chegar ao montante necessário

Maíra Fernandes (Portal Porque)

Acervo à venda conta com peças raras como revistas, discos, cartas e até uma bandana comprada no show que o grupo fez em Sorocaba no dia 13 de janeiro de 1996. Foto: Divulgação

Durante 27 anos a professora Soraia Ramos, 39, manteve com dedicação e cuidados uma coleção de objetos, artigos e suvenires da banda Mamonas Assassinas. Para a fã, uma relíquia que seguiria com ela por toda a vida, não fosse a própria vida colocá-la no limite do desespero: mãe de duas crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e desempregada, a necessidade de um carro para a locomoção dos filhos falou mais alto.

Depois de tentar outras alternativas, Soraia voltou a colocar sua coleção à venda e também abriu uma vaquinha virtual para arrecadar verba complementar.

No começo deste ano, ela já havia divulgado que venderia a coleção, à época, para custear o conserto do carro da família. No entanto, ao saber da notícia, a banda cover Mamonas Assassinas Cólica Renal ofereceu um show beneficente para conseguir o dinheiro, sem que a professora precisasse se desfazer de suas memórias.

O show foi realizado no Bar da Garagem, em 25 de fevereiro, mas o montante arrecadado foi insuficiente perante a situação do carro e a ideia, agora, é comprar um automóvel popular.

“Nossa batalha agora não é consertar, pois o mecânico já falou que não duraria quatro meses. Então, estamos tentando juntar para comprar um carro popular para oferecer mais conforto às crianças que, diariamente, precisam ir para a terapia”, explica Soraia.

O acervo à venda, digno de fã de carteirinha, conta com peças raras como a bandana que foi comprada no show que os Mamonas Assassinas fizeram, em 13 de janeiro de 1996, em Sorocaba, além de cartas da família após a morte, uma das relíquias que ela guarda por conta da proximidade com o grupo.

“Ao longo desse tempo, tudo foi guardado em uma pasta com muito amor e carinho. Respeito, inclusive, por conta da história de cada item. A minha história com esse material todo é linda”, defende, sem saber avaliar qual seria o preço justo para a coleção, mas reiterando que só está fazendo isso por desespero.

Vaquinha virtual

Além da venda da coleção, ela também iniciou uma vaquinha virtual. A pretensão é arrecadar R$ 42 mil e, até a tarde desta quarta-feira (23), havia conseguido pouco mais de R$ 5 mil. “Está muito devagar e eu estou numa situação desesperadora. O pai dos meninos também está desempregado e a situação está bem crítica”, desabafa.

Na página da vaquinha virtual, ela conta que o carro não é luxo, mas necessidade para uma mãe que, todos os dias, corre com os dois filhos Sebastian e Lucian para as mais distintas terapias: ocupacional, psicologia, fonoaudiologia, musicoterapia e outras.

Sem o carro, esse trânsito diário com duas crianças fica penoso para os pequenos. “Faço isso, pois acompanho o quanto essas terapias têm surtido efeito no desenvolvimento deles, mas fica, a cada dia, mais difícil continuar com esse tratamento”, conclui.

A banda

Conforme o Wikipédia, Mamonas Assassinas foi uma banda brasileira de rock formada em Guarulhos, em 1995. Ficaram famosos por misturar ao pop rock diversos gêneros musicais populares, como sertanejo, heavy metal, pagode romântico, vira e forró, e também pelas apresentações irreverentes e excêntricas.

O grupo esteve em atividade durante poucos meses, pois, em 1996, devido a um acidente aéreo de comoção nacional, todos os membros – Dinho (vocal), Júlio Rasec (teclado, percussão e vocais), Bento Hinoto (guitarra), Samuel Reoli (baixo) e Sérgio Reoli (bateria) – morreram quando a aeronave na qual voavam com destino a Guarulhos se chocou contra a Serra da Cantareira.

Em seus pouco mais de oito meses de trajetória, eles gravaram um único álbum de estúdio, Mamonas Assassinas, lançado em junho de 1995 e que vendeu mais de 3 milhões de cópias no Brasil. Duas músicas desse disco, “Vira-Vira” e “Pelados em Santos”, foram incluídas entre as dez canções mais ouvidas do país no ano de 1995.

Banda foi uma das pioneiras do gênero de rock cômico no Brasil e continua sendo celebrada e influenciando o cenário nacional da música mesmo muito tempo após seu fim. Foto: Divulgação

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