
Prefeito Rodrigo Manga e Vitão do Cachorrão, então candidato a deputado estadual, são apresentados para os funcionários no encontro em que pediram votos. (Foto: cortesia/acervo pessoal)
A denúncia de assédio eleitoral envolvendo o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) e uma concessionária de veículos de Sorocaba, publicada com exclusividade pelo PORQUE, encorajou novas denúncias contra o chefe do Executivo sorocabano. A reportagem do portal recebeu na tarde desta quinta, 27, informações de que o prefeito e o vereador Vitão do Cachorrão (Republicanos) praticaram assédio eleitoral contra funcionárias de uma empresa terceirizada da Prefeitura, que presta serviço de limpeza nas escolas municipais.
O fato ocorreu, conforme apurado, no dia 17 de setembro, ainda no primeiro turno das eleições. Segundo as denúncias, confirmadas pelo PORQUE com duas fontes ligadas às profissionais da limpeza, as trabalhadoras foram convocadas para um “treinamento” num sábado à tarde, na sede do Clube União Recreativo, na praça central. Chegando ao local, para surpresa das trabalhadoras, estavam no palco o prefeito Rodrigo Manga e o vereador Vitão, juntos com representantes da empresa.
Segundo as fontes ouvidas pela reportagem, Manga e Vitão distribuíram santinhos no encontro com as funcionárias da limpeza e pediram votos. Como ocorreu outra oportunidade, no bairro Chácara do Lima, Manga teria pedido que os presentes votassem em Jair Bolsonaro (PL) para presidente, Tarcisio de Freitas (Republicanos) para governador, Marcos Pereira (Republicanos) para deputado federal e no próprio Vitão para deputado estadual.
O PORQUE teve acesso a um vídeo do início do encontro no Recreativo. Nele, o representante da empresa apresenta o prefeito Rodrigo Manga para as funcionárias e destaca: “Hoje, ele vem aqui não como prefeito, mas como pessoa.”
Um jurista ouvido pela reportagem diz que, além dos proprietários da empresa, o próprio prefeito pode ser considerado o “chefe” das trabalhadoras da limpeza, já que a Prefeitura é a contratante. Esse fato configura, na visão do jurista, que o próprio prefeito praticou o assédio eleitoral, já que, ao contrário do assédio ocorrido na concessionária, desta vez Manga tem relação direta de chefia com as eventuais vítimas.
Uma das fontes disse à reportagem que as funcionárias da limpeza são pessoas simples e que parte delas ficou com medo de perder o emprego caso não votasse nos candidatos indicados pelo prefeito, pelo vereador Vitão e pela empresa. Houve, ainda, trabalhadoras que reclamaram com uma supervisora sobre a reunião política, anunciada pela empresa como “treinamento”, mas a própria chefia disse que não sabia do teor do encontro.
O PORQUE entrou em contato com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura e com uma das jornalistas que trabalham na pasta. O portal solicitou a versão do prefeito para as denúncias, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem. O PORQUE também tentou entrar em contato com o vereador Vitão por dois números de WhatsApp, mas também não houve retorno. Caso haja respostas por parte da Prefeitura e do vereador, elas serão incluídas nesta reportagem.
Segundo o PORQUE apurou, as denúncias de assédio eleitoral praticadas pelo prefeito, junto com o vereador Vitão, já chegaram à Câmara de Sorocaba, nos gabinetes dos vereadores de oposição.
Virou rotina
O PORQUE publicou ontem, com exclusividade, que o Ministério Público do Trabalho recebeu denúncia de assédio eleitoral, referente a uma visita do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) a uma concessionária de veículos Sorocaba (leia mais). No encontro, o prefeito Manga faz propaganda do candidato à reeleição Jair Bolsonaro e pede o voto dos trabalhadores.
Durante as eleições, Manga tem cruzado constantemente a linha que separa o prefeito do cabo eleitoral de Bolsonaro, personagem que o político sorocabano incorporou com gosto desde o início da campanha. Nas últimas semanas, Manga desafiou a Lei Eleitoral em, pelo menos, outras quatro ocasiões: na motociata de campanha do Bolsonaro (leia mais), na Marcha para Jesus (leia mais), com o pedido de votos durante agenda oficial nos bairros (leia mais) e, mais recentemente, com a publicação de fotos da campanha de Bolsonaro no site oficial da Prefeitura (leia mais).