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Comunidade escolar pede apoio da sociedade para revogação do Novo Ensino Médio

Em audiência pública, representantes de entidades de classe, alunos e professores explanaram os problemas com a metodologia aprovada pelo ex-presidente Michel Temer

Maíra Fernandes (Portal Porque)

As vereadoras Fernanda Garcia e Iara Bernardi com os estudantes que participaram do encontro na Câmara de Sorocaba. Foto: Divulgação/Câmara de Sorocaba

Professores, alunos e representantes de movimentos da educação discutiram o Novo Ensino Médio em audiência pública realizada, na noite de quarta-feira (12), na Câmara de Sorocaba. Na ocasião, os participantes criticaram as mudanças ocorridas no modelo de ensino e reiteraram a importância da mobilização para que o MEC (Ministério da Educação) revogue a política aprovada em 2017 pelo governo Michel Temer (MDB) e implantada, no ano passado, por Jair Bolsonaro (PL).

Entre as principais críticas ao novo modelo constam a falta ou redução de disciplinas formadoras, a carga horária que impossibilita que o estudante trabalhe, a falta de formação dos professores, o desvio de habilitação, o empobrecimento do conhecimento e a pouca estrutura para que o modelo reflita uma educação de qualidade.

A audiência foi convocada pelas vereadoras Fernanda Garcia (Psol) e Iara Bernardi (PT) e contou com secundaristas, professores, diretores e representantes de entidades como a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Upes (União dos Secundaristas do Estado de São Paulo), UEE (União Estadual dos Estudantes),Sinpro (Sindicato dos Professores da Rede Particular de Ensino de Sorocaba) e militantes de partidos.

Iara Bernardi abriu a audiência enfatizando a necessidade de um debate amplo e profundo na sociedade sobre os rumos da educação a partir da reforma que alterou o ensino médio, modelo que tem sido duramente criticado por docentes, discentes e sociedade.

Ela reiterou, ainda, que o Brasil está em uma nova perspectiva política e que o presidente Lula (PT) pediu para ouvir a sociedade sobre este modelo educacional e todo o desmonte ocorrido a partir do golpe em 2016. “O presidente Lula pediu a nossa mobilização e estamos prontos para isso”, acrescenta Iara.

Fernanda Garcia também falou que o Novo Ensino Médio tem sido prejudicial aos estudantes, que perderam ou diminuíram a carga de disciplinas importantes como filosofia, sociologia, biologia, geografia, falta esta que refletirá também quando os estudantes forem concorrer em vestibulares ou concursos.

Representante da executiva estadual da Apeoesp, Paula Penha reforçou que a luta pela melhoria da educação vai refletir nas próximas gerações, por isso ela é tão necessária “Saímos do obscurantismo para um governo que está à disposição para ouvir e, se possível, atender as demandas dos setores progressistas. Por isso, os debates e as mobilizações são importantes”, defende.

Paula Penha lembra ainda que a discussão da educação tem de ser feita por seu público e não cabe a outras instituições particulares ou institutos ditarem como deve acontecer. “Foram anos de desgoverno e temos muitas coisas para recuperar e avançar”, complementa.

Presidente da Upes, Luiza Martins também cobrou que os estudantes sejam ouvidos para que decisões sejam tomadas. Ela ainda apontou que o Novo Ensino Médio segue na contramão do que é uma educação emancipadora.

Conforme Luiza, é preciso investir em uma educação pública de qualidade para todos e que prepare cidadãos. “Essa mudança foi arbitrária, não ouviram a comunidade escolar, fomos excluídos”, reclama.

Fátima Faria, diretora estadual da Apeoesp; André Josué Fontes do Carmo, vice-presidente estadual da UEE; e a presidente do Sinpro, Mara Kitamura, também se pronunciaram. Logo em seguida, foi a vez de os estudantes presentes contarem suas experiências.

Sobre o novo modelo

A atual política do ensino médio foi aprovada em 2017 com o objetivo de tornar a etapa mais atrativa, implantar o ensino integral e evitar que os estudantes abandonem os estudos.

Com o modelo, parte das aulas deverá ser comum a todos os estudantes do país, direcionada pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Na outra parte da formação, os próprios alunos poderão escolher um itinerário para aprofundar o aprendizado. Entre as opções, estão dar ênfase às áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ao ensino técnico. A oferta de itinerários, entretanto, depende da capacidade das redes de ensino e das escolas.

A implementação ocorre de forma escalonada até 2024. Em 2022, ela começou pelo 1º ano do ensino médio com a ampliação da carga horária para, pelo menos, cinco horas diárias. Pela lei, para que o novo modelo seja possível, as escolas devem ampliar a carga horária para 1,4 mil horas anuais, o que equivale a sete horas diárias. Isso deve ocorrer aos poucos.

Por conta das manifestações e reclamações de professores, alunos e representantes de classe da educação, o MEC abriu, no mês passado, consulta pública para avaliação e reestruturação da política nacional de ensino médio.

***Com informações da Agência Brasil

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