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Cemitérios lotados, juras de salvação e morte em cerimônia marcam o Finados

Além de orações e palavras de esperança e consolo, não faltaram reclamações dos visitantes com relação à falta de segurança nos locais onde os mortos são sepultados

João Maurício da Rosa (Portal Porque)
  • Multidão toma conta dos cemitérios municipais nesta quinta-feira (2): dia de render homenagens aos entes queridos. Foto: João Maurício da Rosa/Portal Porque
  • Vasos de crisântemos, cravos, margaridas, gérberas e begônias, as flores da ocasião, colorem o afasto em frente ao Cemitério da Saudade. Foto: João Maurício da Rosa/Portal Porque
  • Gabriele Campos e Cibele Ribeiro distribuem a mensagem ‘a morte vai deixar de existir debaixo do governo de Deus’. Foto: João Maurício da Rosa/Portal Porque
  • No Cemitério Santo Antônio, localizado no Wanel Ville, vândalos derrubam o muro pré-fabricado de concreto. Foto: Divulgação

A Praça Pedro de Toledo, na frente do Cemitério da Saudade, foi transformada em uma feira de flores, velas, alimentos e de proselitismo religioso, nesta quinta-feira (2), Dia de Finados. O asfalto da rua ficou colorido por vasos de crisântemos, cravos, margaridas, gérberas e begônias, as flores da ocasião.

Duplas de missionários apregoavam a ressurreição e o fim da morte, visitantes reclamavam de furtos e de depredações, enquanto um homem passou mal e morreu durante cerimônia religiosa no Memorial Park, no bairro Júlio de Mesquita Filho.

A vítima participava da cerimônia em campo aberto quando, segundo suposição da família, sofreu um infarto. Ele foi atendido por estudantes de enfermagem que participavam de uma campanha de prevenção de diabetes, mas já havia falecido quando uma ambulância do Samu chegou para o socorro.

Em nota, “a direção do Crematório e Necrópole Ecumênica Memorial Park renova suas mais sinceras condolências à família do homem de aproximadamente 40 anos, vítima de um trágico acontecimento nesta manhã”.

Promessas de salvação

Para consolo das famílias enlutadas, na frente do Cemitério da Saudade uma denominação religiosa conhecida pela intensa campanha de divulgação de porta em porta, distribui sua mensagem: “a morte vai deixar de existir debaixo do governo de Deus”, apregoa a missionária Gabriele Campos, citando João, um dos apóstolos de Cristo.

Já Cibele Ribeiro cita Atos dos Apóstolos 24: 15 – “e tenho em Deus a mesma esperança desses homens: de que haverá ressurreição tanto de justos como de injustos”.

Falta de segurança

Além de orações e palavras de esperança e consolo, não faltaram reclamações dos visitantes aos dois maiores cemitérios municipais de Sorocaba. No da Saudade, por exemplo, furtos e depredações continuam a ocorrer mesmo com os muros cobertos por concertinas de aço e suas lâminas afiadas como navalhas. Já no Santo Antônio, localizado no Wanel Ville, vândalos derrubaram o muro pré-fabricado de concreto.

Encostado ao portão principal do Cemitério da Saudade um homem sem uniforme, mas conhecido como coveiro nos arredores, conversa com uma senhora idosa. Ela reclama da segurança, pois furtaram a placa de metal que identificava o jazigo de sua família. “Tem que por vigia armado aqui, aquilo ali não adianta”, reclama a idosa apontando a concertina.

Ela não quis se identificar ao Portal Porque, mas dezenas de leitores encaminharam mensagens se queixando de furtos e depredações em sepulturas de suas famílias. O Porque, inclusive, tentou falar com o homem sem uniforme, mas nenhum servidor municipal tem autorização para dar entrevista.

Na sede da administração do cemitério, um funcionário com uniforme da Secretaria de Serviços Públicos, manda o Porque procurar a Secretaria de Comunicação, pasta que se nega a responder aos questionamentos quando enviados.

De volta ao portão principal, o homem sem uniforme repete a ladainha. “Entrevista só com a Comunicação”.

Dia do Coveiro

Nesta quarta-feira (1º) foi celebrado o Dia do Coveiro. Considerada uma das profissões mais antigas do mundo, o coveiro teve seu dia de homenagem criado por lei estadual, sancionada em 2007, mas, exceto por alguma lembrança nos jornais, a categoria nunca teve reconhecimento em espécie, ou seja, salário e condições de trabalho.

“Aqui nem coveiro tem mais”, comenta o homem sem uniforme, lembrando que o Cemitério da Saudade está totalmente edificado por jazigos perpétuos. “Somos sepultadores. Coveiro só tem no Cemitério Santo Antônio”, informa ele se referindo ao moderno campo funerário que se pode avistar dos quatro cantos do bairro Wanel Ville.

A Necrópole Municipal Santo Antônio, por sua vez, tem mais de 200 mil metros quadrados de área cercada por muro de concreto pré-fabricado oferecendo sepultamentos perpétuos ou por prazo de sete anos.

Apesar dos jazigos subterrâneos à prova de assaltantes, o muro foi arrombado e familiares manifestaram sua revolta encaminhando mensagens à redação do Porque. “Levaram as placas de identificação, não tem como saber quem é quem. Que falta de respeito. Muro tudo quebrado, mato alto nos fundos, está tudo largado”, reclamam.

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