Busca

Casal sorocabano em Israel pede ajuda ao Governo Manga e recebe marketing de resposta

Um casal de sorocabanos só conseguiu sair de Tel Aviv com ajuda do Itamaraty e com recursos próprios. A Prefeitura de Sorocaba não ajudou e ainda pediu uma entrevista elogiosa ao prefeito

Paulo Andrade (Portal Porque)

Um casal de sorocabanos, que estava em Israel durante os ataques do Hamas, pediu ajuda da comissão humanitária criada pelo prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), mas não conseguiu. Embora a Prefeitura não tenha auxiliado em nada, Priscila e Luiz Donzelli foram surpreendidos com uma ligação da Secretaria de Comunicação do Paço, com um pedido de entrevista para elogiar Manga e sua iniciativa de criar a comissão.

“Vamos ser honestos. Quem está nos ajudando é o consulado e o Itamaraty. Não a Prefeitura”, respondeu Priscila, que se recusou a dar entrevista para a imprensa da Prefeitura. “A Embaixada, sim, ajudou. Até ofereceu abrigo para nós, caso não conseguíssemos sair do país”, contou a sorocabana ao Portal Porque, nesta segunda-feira (9). O casal está seguro, em Veneza, na Itália, de onde deve retornar ao Brasil nesta quarta (11).

Priscila e Luiz Donzelli foram para Israel no final de setembro, para fazer turismo. Acabaram enfrentando bombardeios nos últimos dias e não conseguiam sair do país. Ao saberem da comissão de ajuda humanitária criada e propagandeada por Manga, entraram em contato pelo telefone que o próprio prefeito divulgou, prometendo auxílio para sorocabanos que estivessem nos países em guerra, Israel e Palestina.

O casal, no entanto, apenas recebeu como respostas informações que já tinha. Sem conseguir ajuda, os sorocabanos tentavam fugir dos bombardeios, quando receberam o telefonema da Secretaria de Comunicação da Prefeitura, com pedido de entrevista exclusiva para elogiar o prefeito.

Além de Priscila e o marido, também estavam na viagem de férias uma irmã, um irmão, uma tia e a madrasta. Após dois dias entre corredores de hotéis, bunkers e aeroportos, somente no domingo (8) Priscila e os familiares conseguiram voos para sair de Israel. Quatro dessas seis pessoas conseguiram voo para Dubai e outras duas foram para Roma. De Dubai, Priscila e outros três voaram para Istambul, na Turquia, e agora estão em Veneza.

Relatos do desespero

“Foi uma loucura. Quando os ataques começaram estávamos em Tel Aviv. Era sirene de alarme para todo lado. Em um único dia, estouraram 5 mil mísseis sobre nossas cabeças. No hotel, pediam para a gente sair dos quartos e ficar nas escadas ou no saguão”, conta Priscila.

“Nosso voo foi cancelado duas vezes e tivemos que voltar para o hotel. Em uma dessas vezes, pegamos um taxi e o motorista parou o carro e pediu para que todos deitássemos no chão para se proteger melhor dos ataques”, lembra a sorocabana.

Priscila conta que, após ver um bispo elogiar o resgate municipal de sorocabanos da guerra, ela não aguentou e comentou na postagem do prefeito que ele não estava fazendo nada de concreto a respeito. Automaticamente, uma assistente de Manga disse que era “inadmissível” ela desqualificar o trabalho de “ajuda humanitária” de Sorocaba.

15 que são 3

A representante do prefeito Manga afirmou que a Prefeitura estaria colocando 15 sorocabanos no primeiro voo da FAB (Força Aérea Brasileira) que iria sair em breve de Israel. Uma nota à imprensa do próprio governo municipal desmente essa informação prestada à Priscila.

Na nota, a Prefeitura afirma que está “em contato” com 15 pessoas em Israel para que elas embarquem no voo da FAB. Mas, no texto, consta que apenas três sorocabanos estarão nesse grupo, a maioria pastores. Outros quatro ainda aguardam definição, segundo o próprio governo municipal.

Priscila afirma que a assessora de Manga insinuou ainda que ela e seus familiares não estariam nessa lista “dos 15 do Manga” porque não precisam, “porque têm recursos”.

“Fiquei frustrada. Não sei se a representante do Manga estava de mau humor ou se viram que minha preferência política é pela esquerda. Mas gastamos muito para sair do meio do conflito. Só a passagem para Dubai custou R$ 14 mil para mim e meu marido. Depois, mais milhares de reais até Istambul e Veneza”, relata.

Antes dos bombardeios começarem, a família de Priscila visitou Jerusalém, Belém, Mar Morto. “Estávamos na Jordânia, a 10 quilômetros da Faixa de Gaza quando o conflito começou, mas seguimos até Tel Aviv, onde sirenes, bombas e mísseis também viraram rotina no final de semana”.

mais
sobre
Ajuda federal Israel x palestina Manga Mente sorocabanos em Israel Sorocabanos no conflito
LEIA
+